Museu de Artes Aplicadas e Design (Munique, Alemanha, 1984)
Ainda estou comemorando o Dia do designer! hehehehe! Na verdade, eu demorei para escrever esse post porque estava com um dilema ético-profissional. Faço ou não faço uma crítica praticamente herege aos designers brasileiros? Bom... se eu não fosse fazer, eu nem começaria esse post, certo?
No dia 6 de novembro, ou seja, há cinco dias atrás, eu estive numa palestra de Alexandre Wollner no Rio de Janeiro. Eu queria ter a oportunidade de ver um expoente do design brasileiro falando e passando suas experiências. Wollner é responsável pela fundação do primeiro escritório brasileiro de design (o FormInform em 1958). Estudou em Ulm e desenvolveu trabalhos por toda a cultura brasileira. Além disso, esteve presente na fundação da ESDI, a Escola Superior de Desenho Industrial, que – por alguma razão cósmica (rsrs) – assinou o meu certificado.
Só por esses mínimas razões acima dentro de um vastíssimo currículo, eu deveria ficar de boca fechada. Mas não dá. Sou estudante de mestrado da ESDI e desde a minha graduação na instituição, eu venho percebendo que o ensino do design está engessado no binômio Bauhaus/Ulm. Acontece que que esse binômio aconteceu há 40 anos! O mundo mudou, pelo amor dos meus filhinhos! Não dá para ficar com discursos antigos, dizendo que o computador estragou o design. Que coisa ultrapassada. Que coisa não evoluída. E o pior foi sentar ao lado de outros nomes do design brasileiro e ver que todos concordavam com esse blá-blá-blá!
Outro discurso chato é o da "busca pelo design brasileiro"... cansatiiiiivo! No P&D que estive, apresentei um trabalho que gerou essa mesma discussão. E no meio dos questionamentos acalorados, uma aluna calou a boca de todos quando perguntou: "quem disse que a gente tem que ter um design nacional todo regulamentado?" E eu pergunto: quem disse? Nossa nação é composta por inúmeras culturas e a gente vai perder nosso tempo buscando uma que signifique tudo para um profissão tão plural como essa?
Não sei... só sei que isso precisa mudar. Uma vez ouvi no mestrado que "muita gente precisa morrer para o design brasileiro aparecer no cenário mundial". Essa é a minha heresia: concordar com isso.
Pelo menos o evento (que trouxe o Wollner) era muito bem intencionado: discutir o cartaz no mundo moderno. Não pude ver as palestras de Rico Lins, mas sei que Wollner não respondeu à questão. Bom... só sei que a exposição de Pierre Mendell que puxou o evento era MUUUUUITO boa. Cartazes simples, diretos e lindos. É difícil ver isso hoje... é difícil acreditar que um cliente compraria suas idéias, mas eu adoraria ter pensado neles porque eu adoro cartazes. E, apesar das minhas críticas, achei a iniciativa excelente! Que venham mais eventos, exposições e discussões sobre design. Precisamos demais disso.