domingo, 26 de junho de 2016

Com ciência

Nos últimos meses, a exposição ComCiência do CCBB tem chamado muita atenção pela web com fotos das criaturas que Patricia Piccinini produziu com maestria. O resultado é incrível e o efeito visual é realmente impressionante. Suas estátuas parecem ter congelado um momento em um tempo mágico. Mas tem mais ali.

O tão esperado.

Enquanto os visitantes só se preocupam com selfies e fotos que já estão em toda internet, poucos lêem os textos que instigam a reflexão e - literalmente - fazem criar alguma consciência do que estamos vendo.

Esfinge
Instalação da Flor Bota.

Manipulação genética é a base da discussão, no entanto, Patricia também questiona a todos quando perdemos nossa capacidade de aceitar o diferente e o que é realmente belo através de obras que transitam do lúdico infantil ao erótico implícito. Quando crianças, somos mais aptos a gostar dos monstros, sejam eles imaginários ou não. Uma mãe aceita seu filho como ele é.

De bruços

A artista ainda avança essa discussão quando mescla a manipulação genética com tecnologia. Apesar de estarmos acostumados com ficção científica de robôs e inteligências artificiais, as criaturas e imagens tecnológicas acabam ganhando uma expressão biológica por estarem inseridos nessa exposição.

Os amantes.

Instigante, nojento, fofo, curioso... arte faz isso.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Arte ao Lado: Clementino Jr.

O Cinema é a Sétima Arte desde 1912, quando o teórico italiano Ricciotto Canudo escreveu o Manifesto das Sete Artes e estabeleceu uma lista de seis artes que estavam combinadas em qualquer produção cinematográfica. Mas, desde o fim do século XIX, o Cinema nos encanta. No caso de Clementino Jr., esse encantamento é de berço, uma vez que aprendeu a escrever e desenhar nas folhas de roteiros de novelas que seus pais trabalharam (ele é filho dos incríveis Clementino Kelé e Chica Xavier).

Sua primeira paixão foram os quadrinhos (a Nona Arte), já que sempre gostou de criar histórias, mas o Cinema e a TV rodeavam sua vida. Mesmo formado em Programação Visual na Escola de Belas Artes da UFRJ, não conseguiu se distanciar do audiovisual. Inspirado no “Cinema de Cavação”, começou a fazer seus filmes. Como ele mesmo diz:
“A realização do sonho de fazer o melhor filme a cada obra, o melhor filme possível dentro de cada tema, é o que me move”.

Clementino encontrou no universo educacional o espaço do ensino-aprendizagem que não só o leva a uma atualização constante como lhe oferece o retorno financeiro para se equipar. Com ajuda e permuta de grandes profissionais aos quais se aliou nos últimos anos dá vazão às suas ideias e histórias mais urgentes. Atualmente comanda o Cineclube Atlântico Negro, cujo programa foca o cinema da diáspora africana e foi presidente regional da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas e vice-presidente da ABD Nacional.


Conheci Clementino no Instituto de Tecnologia ORT, ambos professores do Curso Técnico em Comunicação Social. Em sua resposta à pergunta “o que você faz”, ele escreveu que “faz E ajuda a fazer filmes”. É essa generosidade que se percebe em sua fala doce e no brilho dos olhos quando o cinema está em discussão.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Todos contra todos, sem vitoriosos (só nós!)

Não. Não é uma postagem sobre a situação caótica do país (se bem que o nome Guerra Civil está me parecendo mais próximo do que se imagina...). Essa postagem é para falar sobre o terceiro filme do Capitão América, Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016), que também abre a terceira fase do Universo Cinematográfico da Marvel.

Primeiro, é difícil um viciado em quadrinhos como eu não se empolgar com um filme que tem Capitão América, Homem de Ferro, Máquina de Combate, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Pantera Negra, Homem-Aranha, Homem-Formiga, Soldado InvernalFalcão, Visão e Feiticeira Escarlate! Cara... é de quase chorar!!! Por isso, precisei de um tempo para escrever. Queria um certo distanciamento. Fui até buscar o significado de "guerra civil", que – resumindo – é o conflito armado entre grupos organizados dentro de um mesmo Estado. Faz sentido se pensarmos que o filme coloca herois contra herois.

Agora... vamos entender uma coisa: esse deveria ser o terceiro filme do Capitão América, mas acabou se tornando praticamente o terceiro filme dos Vingadores... um filme de vingança! De perseguição e vingança. Dizem por aí que a culpa foi do HORROROSO Batman vs. Superman, que colocou um certo medo na Marvel de lançar um filme solo do Capitão América resgatando Bucky. Que pena... o segundo filme dele foi MUITO bom e não havia necessidade de temer as boçalidades que a Distinta Concorrência anda fazendo. Com isso, a primeira coisa que fizeram foi colocar o Homem de Ferro como co-protagonista, já que Robert Downey Jr. é o cara na Marvel. Como são muitas estrelas com vários contratos milionários, acabaram resolvendo trazer a Guerra Civil dos quadrinhos para a telona.

Nos quadrinhos, um vilão mata centenas de inocentes após uma ação equivocada de jovens herois e isso gera uma comoção nacional em busca de um registro de todos aqueles que se acham no direito de impor justiça. Isso divide a comunidade heroica com Capitão América e Homem de Ferro comandando lados opostos e o bandeiroso levando a pior: "morre" no final e altera toda a estrutura do Universo Marvel (que sorte hein, Chris Evans!).

Esse filme começa quase onde o segundo filme do Capitão acabou: continuam os mistérios em torno do Soldado Invernal e Ossos Cruzados é logo o primeiro vilão (sim, ele sobreviveu). No entanto, as ligações com o segundo filme dos Vingadores também estão lá: o treinamento dos Novos Vingadores coloca a Feiticeira Escarlate fazendo besteira e matando pessoas de Wakanda (!!!). Juntando isso a confusão anterior em Sokovia, forma-se um acordo de controle dos heróis pela ONU que divide o grupo.

Enquanto o Homem de Ferro defende o controle da equipe por um comitê da ONU, Capitão América acha que a parcialidade da ONU pode causar mais danos do que se imagina. Mescla-se ainda toda a história do Soldado Invernal que se liga ao passado do Homem de Ferro e dá mais peso emocional às disputas. No fim, quem se dá mal é (spoilers) o Máquina de Combate, mas também temos uma alteração no status quo do Universo Cinematográfico da Marvel, com o Capitão deixando de ser o Capitão e se escondendo em Wakanda.


Tony e Steve sempre pareceram irmãos que se amam e vivem às turras. Todos os filmes onde eles aparecem juntos é possível ver essa relação. Isso chega ao limite aqui. Percebemos a mudança individual de paradigma entre os dois: os arcos do Homem de Ferro mostram um Tony que faz o que quer e se coloca acima dos governos, mas aos poucos vai pensando no coletivo, no bem maior, e nesse filme ele se coloca a mercê da lei; enquanto os arcos de Steve o colocam como um soldado que sempre obedece ordens, mas vai se dando conta que os líderes estão sempre tomando decisões erradas, o que o estabelece em Guerra Civil como um fora-da-lei.

A loira ao lado do Capitão é a Agente 13, Sharon Carter, filha da Peggy. Ela
aparece aqui no lugar da Feiticeira Escarlate. Homem-Formiga e Homem-Aranha
não aparecem na imagem.

TIME CAPITÃO AMÉRICA
  1. Falcão
  2. Soldado Invernal
  3. Gavião Arqueiro
  4. Feiticeira Escarlate
  5. Homem-Formiga
TIME HOMEM DE FERRO
  1. Máquina de Combate
  2. Viúva Negra
  3. Visão
  4. Pantera Negra
  5. Homem-Aranha
Bom... nessa listagem aí em cima vocês perceberam que o time do Homem de Ferro trouxe novidades. Mas vamos por partes... A Marvel tem contratado roteiristas que conseguem amarrar muito bem as histórias e, no meio disso, ainda conseguem colocar a quantidade de ação e humor suficientes. Isso faz com que (praticamente) todo milésimo de segundo de filme seja importante e não se torne arrastado.

TIME CAPITÃO AMÉRICA
O filme era pra ser dele, mas não é. Ele passa o tempo inteiro tentando ser o "melhor amigo do Bucky" e acaba perdendo espaço para todo mundo. Ele perde espaço até para o Falcão! Assim como o Capitão ficou mais ágil ao longo dos filmes, o uso que o Falcão faz de suas asas como escudo e arma de ataque é incrível! Acrescentou muito ao personagem, mais até do que nos quadrinhos. E ele ainda tem tem um Asa Vermelha drone ao invés de um falcão de verdade (que sempre me pareceu inútil e sem propósito).

Já o Gavião Arqueiro é talvez o personagem que me parece mais perdido e alterado. Dão a ele uma família! Colocam ele de babá/tutor! Não sei... achei um grande erro o que fizeram com um personagem que já era questionado. No fim, me pareceu que queriam encerrar a participação efetiva dele.

A Feiticeira deveria ser um personagem principal. Afinal, ela perdeu o irmão e é responsável pela explosão em Wakanda que gerou o controle da ONU. Logo no início sabemos o quanto ela está ficando poderosa (nos quadrinhos ele chega a ser um grande temor para heróis e vilões), mas, de repente, ela cai num drama romântico com o Visão. Mas deve ter funcionado porque tem gente querendo realmente fazer uma comédia romântico com os dois...

Ao lado do Falcão, o Homem-Formiga é talvez a melhor adição ao time! Ele realmente deixou o quinto escalão do cinema para mostrar o que pode fazer... afinal... (spoiler) ele vira o Gigante!!! Ele voa na flecha do Gavião!!! Que venha seu segundo filme solo com a Vespa!

TIME HOMEM DE FERRO
Já disse que Robert Downey Jr. é o embaixador da Marvel. Então, tinha que ser ele a trazer as novidades da Fase 3: Visão, Pantera Negra e Homem-Aranha. Ok... o Pantera Negra não foi ele bem que trouxe, mas eu chego lá. O grande problema é que o Homem de Ferro escolhe seu lado de forma muito rasa. Tony Stark já havia se estabelecido em três filmes solos, dois dos Vingadores e várias cenas pós-créditos como o personagem mais importante e decidido da Marvel. Ele jamais falaria um sim tão rápido para a proposta da ONU (é isso mesmo: eu sou #TeamCap), mesmo com a morte de um garoto ou problemas conjugais com a Pepper.

A Viúva Negra é a grande amiga do Capitão, mas, desde o primeiro Vingadores, é possível enxergá-la como nós mesmos. É ela que tem as dúvidas e se coloca pequena diante das situações “cósmicas”. Ela também é talvez um dos maiores furos da Marvel no que diz respeito ao MCU. A espiã russa meio que se tornou uma fraca bússola moral e melhor amiga mulherzinha do Capitão. Deixou de ser a badass. Todos pediram um filme solo dela desde que apareceu em Homem de Ferro 2. Porém, a indústria de quadrinhos no cinema sempre teve medo de lançar um filme protagonizado por uma heroína porque os brinquedos e merchandisings com mulheres eram os menos vendidos. Digamos que a gente até entenda esse mundo machista que vivemos... mas aí veio a concorrente DC e resolveu que vai fazer a Mulher-Maravilha! E agora?

Visão é J.A.R.V.I.S. Visão carrega uma Joia do Infinito na testa. Visão se considera filho do Stark, depois da Era de Ultron. Ele parece responder à lógica e à lealdade, mas percebe que sentimentos e intuições podem ser bem mais importantes. É nesse paradoxo que também está sua relação com Wanda. Ela vai sendo construída aos poucos, com ambos tentando se adaptar a suas novas realidades, mesmo que em lados opostos. Afinal, são ciência e “magia”, um dos casais mais poderosos da Marvel.

Wakanda já havia aparecido em Era de Ultron com Ulisses Klaw e roubo de Vibranium. Nesse filme, ficamos conhecendo mais com a presença do Rei T'Chaka e seu filho T'Chala em uma reunião da ONU que acaba na morte do rei após os atos dos Novos Vingadores. O príncipe parte para a vingança como o Pantera Negra em cenas de ação de tirar o fôlego que fazem a gente querer mais e mais. Por considerar que o Soldado Invernal é o responsável pela explosão, T'Chala se "une" ao Homem de Ferro, mas, no fim, também utiliza de furtividade, espionagem e da sua realeza para identificar o responsável.

Esse heroi merece destaque não por sua rápida construção ou por ser simplesmente foda, mas pela sua representação como heroi negro. Mas aí você vai perguntar: "E o Falcão? E o Máquina de Combate?" Sim, ambos são negros e estão excelentes em seus papéis, porém, são personagens sempre secundários. O Pantera Negra é um coadjuvante nesse filme, porém é o rei de uma poderosíssima nação africana e terá um filme solo para contar sua história. Isso é inovador e significativo!

Agora chegamos ao Homem-Aranha... Trazer o teioso para esse filme foi outra "guerra civil". As negociações com a Sony (dono dos direitos cinematográficos do herói) foram beeeeeem complicadas e cada vez mais sabemos dos bastidores difíceis (nem tem peças promocionais!). E aí que foi o problema: a entrada do Homem-Aranha deveria ter sido pontual. (Spoilers) Era pra ele ter aparecido somente na grande batalha heroica, de repente, de surpresa, com suas piadinhas clássicas (o que aliás ficou ótimo! O uso da teia incrível!). Toda cena de recrutamento e conexão com Robert Down... oops... o Homem de Ferro pareceu fora do tom. Sim, é engraçadinha e tal, mas nunca... NUNCA! Peter Parker seria um baba-ovo que entra numa batalha sem pensar! Me lembrou um certo heroi que foi descaracterizado e acabou perdido... E o interessante que essa cena de recrutamento acabou fazendo o Robert Downey Jr. ser contratado para o novo filme do Aranha!!! Sério, Marvel? O Homem-Aranha não se sustenta sozinho? E a Tia May precisa ser uma Tonyzete? Sério, Marvel? O que importa é que ele chegou renovado. O humor de sempre veio com ele e mais uma vez temos um personagem que queremos ver mais porque agora ele voltou pra casa!

TEM VILÃO?
Já disse que os vilões da Marvel nunca foram bem trabalhados. Então, a Marvel preferiu colocar heróis contra heróis mesmo. Mas tem vilão sim: é o Barão Zemo! Um vilão clássico do Capitão América da Segunda Guerra nos quadrinhos que no filme é só um articulador para ativar Bucky (o Soldado Invernal), que está num vai-e-vem mental e se torna o "vilão" a ser salvo pelo Capitão. Apesar dessa redução de importância em relação aos quadrinhos, seu papel foi fundamental para a desestruturação da equipe. Isso mostra o quanto Loki ainda é o grande vilão da Marvel no Cinema (virou até heroi nos quadrinhos!).


CONCLUSÃO
O filme é MUITO BOM, um filme de ação muito bom com a luta do aeroporto entrando para a história do cinema dos super-heróis. Não há o desejo de profundidade ou evolução de personagens. O objetivo é entreter mostrando os personagens já queridos caindo na porrada, enquanto novas maravilhas são introduzidas. E é melhor do que Era de Ultron e – definitivamente – Homem de Ferro 3. Aliás... esse filme também poderia ter sido o terceiro filme do ferroso já que ele é bem dividido com o bandeiroso.

domingo, 1 de maio de 2016

Arte ao Lado: Ricardo Ferreira

Ricardo Ferreira foi o estopim do retorno deste projeto. Foi ele que mandou o texto muitos meses depois do prazo e acabou reativando a chama. Mas logo no início ele explica a razão da demora:
“Entrei em crise [risos]. Não sei porque faço. Eu não escolhi. Fui escolhido. A arte faz parte da minha vida, do meu ser, do meu dia-a-dia. não consigo encontrar um dia em que eu não tenha exercitado. E como ator, eu posso ser o que quiser ou o que precisar que eu seja. Vivo vidas diferentes, histórias interessantes. Tenho acesso a pessoas, seres, situações que eu não teria em outra profissão.”
Seu ídolo Charles Chaplin o guiou para o caminho do riso. Há 5 anos formou o Impromédia, um grupo que trabalha técnicas de humor/comédia com jogos de improviso. Temas, ideias e sugestões surgem da plateia, que se tornam co-autores da alegria, da diversão nas cenas que os conectam. A possibilidade do “tudo novo, de novo” o faz leve, livre, apaixonado.


A jornada de Ricardo já tem mais de 20 anos. Começou a cursar teatro ainda na escola e foi montando peças, viajando, participando de festivais. Graduou-se em Cinema, fez mais teatro, comerciais, novelas (Dona Xepa e Vitória, na Record), filmes e se preparou para ser professor, sabendo que viver da sua arte no Brasil é uma luta constante. E foi aí que cruzamos nossos caminhos.

Ricardo foi Galeto em Dona Xepa e Virgulino em Vitória

Despojado e sempre em busca da alegria, era impossível não ser atraído pela personalidade do Barrão numa sala de aula. Num instante virei Tupã! [piada interna]. Mas sua humildade é tão magnética quanto seu riso. Ricardo agradece sempre que pode às pessoas que cruzaram sua estrada, pois são elas que o ensinam e o levam a continuar: “Eu vivo de histórias. Vivo de pessoas. Para elas e por elas. Se não tenho alguém, eu sou ninguém. Preciso de alguém para me ouvir ou para ser ouvido. Se existe uma pessoa falando e outra ouvindo, já temos teatro. E se tenho alguém rindo para mim, por mim, de mim ou comigo, minha missão foi cumprida.”

Eu é que agradeço, Ricardo. E fecho esse texto com sua citação preferida:
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you’ll just smile.
Charles Spencer Chaplin

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Oh Céus!

Como se eu já não tivesse nada pra fazer na minha vida, apresento a vocês um (não tão) novo projeto: o Oh Céus!

Há algum tempo sou encantado pelo céu. Suas cores e formas sempre me fascinaram e deram uma guinada em 2010, quando fui pra Fernando de Noronha e realmente comecei a viajar (lembra?). Comecei a registrar ainda mais o céu (e o sol, meu astro-rei), mas nunca fiz nada com elas, até que duas coisas aconteceram...

A primeira foi ter me mudado em 2013 para um apartamento em Laranjeiras que tem esse amanhecer:

Foto que tirei no dia do meu aniversário em 2015.

A segunda foi ter feito uma conta no Instagram (@fichagas), que me deu uma plataforma.

Mas, como minha conta é privada, resolvi mostrar as imagens no Instagram (destaque especial pelo #minhajanela, ou seja, fotos tipo esse amanhecer aí em cima da minha janela - obviamente). Mas lá também tem outras, de outros lugares e pontos de vista.

Sinceramente, sou apegado à beleza das imagens que a Natureza nos dá e também à sensação de finitude e pequeneza que me deixa humilde e agradecido. Divirtam-se e olhem pra cima de vez em quando.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Arte ao Lado: Victor Haim

A fotografia é considerada por muitos a arte quadrimensional da imagem estática, aquela que captura um momento único no tempo a partir de um determinado ângulo da visão do artista. Victor Haim segue esse pensamento. Para ele a fotografia cria “mundos efêmeros que só existem sob determinados pontos de visão e que se perderão se não forem congelados”.

Impressionices: Caminhando e Pensando.

E seu envolvimento com esses mundos é bem particular, pois ele penetra em um silêncio criativo que o agrada, o tranquiliza e se transforma em voz. Na fotografia, ele encontrou uma forma de exprimir emoções que não consegue botar em palavras. Costuma vagar até que uma imagem chame sua atenção e interrompa seus devaneios. Em alguns casos, só é capaz de entender o que de fato o emocionou posteriormente.

CCBB.

Mesmo permitindo o acaso, determinados resultados se tornam o repertório de Victor, como sombras e reflexos, a abstração do concreto. Ao olhar mais do mesmo, muitas vezes se sente perseguido, enquanto os assuntos vão se adensando e se transformando… o transformando.
“Nestas me concentro.
Nestas encontro paz.
Através destas me expresso.”
Ferrari
NY.
Verão.

Autorretrato.
Conheci o Victor em um evento da Petrobras, onde eu era estagiário de uma produtora e ele responsável pela cenografia. Nossos humores e capacidades criativas se transformaram em uma conexão. Com um semblante calmo (pelo menos, aparentemente), Victor vinha com uma incrível solução para qualquer problema, de um jeito experiente, vivido, que irradiava coisas positivas. É incrível como isso passa através de sua arte.

Parabéns, Victor. Por sua arte, sua tranquilidade e seu aniversário (que é hoje, gente!)

domingo, 27 de março de 2016

Agora nem o Batman me representa...

Antes que você leia o que vou escrever aqui, por favor faça duas coisas: (1) veja o filme porque contarei algumas coisas; e (2) leia o que escrevi quando saiu o filme do Superman porque tudo que vou falar aqui é um sequência do que está lá.

Então... eu comecei na outra postagem falando para vocês esquecerem qualquer filme que viesse na sequência daquele Superman porque a essência dos personagens foi alterada de forma inadequada. E isso se comprovou nesse. Cheguei até a escrever que o Batman também não mata... mas o que acontece nesse filme? Não interessa se ele está amargurado pela morte do Robin. Não interessa se ele é um Batman mais velho e cansado de crimes. Não interessa se os filmes devem ser mais adultos. NÃO. O BATMAN NÃO MATA ASSIM COMO O SUPERMAN!! Detalhe: a Mulher-Maravilha MATA, mas eles dois NÃO!

Mas vamos ao filme em si... ele deveria ser o "Superman 2", mas resolveram que seria a porta de entrada do novo Batman e da Liga da Justiça. Com isso toda a discussão (até bem interessante) ao redor dos poderes do Superman se misturou à origem e problemas do Batman e às rasas motivações de Lex Luthor. Isso fez com que o filme se arrastasse por 1 hora com a necessidade de não só contar essas três histórias como dar espaço para todos os atores que foram contratados: Amy Adams, Laurence Fishburne, Diane Lane, Jeremy Irons, Holy Hunter, Jeffrey Dean Morgan... até o Kevin Costner trouxeram de volta numa cena totalmente desnecessária! Só faltou o Russel Crowe, o Marlon Brando...

Algumas escolhas de edição e direção de Zack Snyder realmente foram péssimas. A cena do Bruce caindo no buraco de cara no chão era pra ter sido fatal, mas ele acaba voando com morcegos. Oi? Tá... era sonho. Um sonho desnecessário. Toda a origem do Batman é mais do que conhecida e deveria ter ficado em rápidos flashbacks (como no momento Martha, no fim do combate entre os heróis).

E o roteiro... bom... vá ver o filme e você perceberá que a luta entre os heróis que dá título é TOTALMENTE INÚTIL. O Superman acabaria com a luta em milésimos de segundo, mesmo enfraquecido: não estou falando de porrada, estou falando de conversa!!! Era só falar porque ele estava ali!!! E digo mais: ele também teria salvo a mãe em milésimos de segundo!!! Mesmo assim fica a pergunta: por que... POR QUE Luthor queria que eles brigassem??? POR QUÊ, GENTE??? Porque o Batman roubou a kryptonita? Foi por birra, então?

E aí... abro um mínimo espaço para o HORRÍVEL Lex Luthor de Jesse Eisenberg, o PIOR DE TODOS! Avisem pra ele que Lex NÃO É O CORINGA!!! É visível que houve uma tentativa de trazer o Heath Ledger à tona: a forma de andar, as risadinhas entre falas... NÃO!!! Lex é sociopata, mas não psicopata louco! Mais um erro crasso!

Como apreciador de quadrinhos, é claro que a chegada da Mulher-Maravilha é realmente de arrepiar. Sua entrada no filme engole os outros dois... até porque o Batman só foge e o Superman só toma porrada do Apocalipse (bem retratado), enquanto ela ataca. Gal Gadot segurou bem essa batata quente, porém, mesmo assim, fiquei com duas pulgas atrás da orelha: (1) fisicamente ela é muito modelo, ou seja, bela e muito magra (ah Lucy "Xena" Lawless...); e (2) será que a personagem aguenta o filme solo que vem em 2017? Ela mais do que merece, mas, do jeito que a DC/Warner anda tratando seus heróis, temo por ela.


Não tenho muito mais a acrescentar sobre o Superman de Henry Cavill do que já falei até aqui. Do Ben Affleck como Batman/Bruce Wayne... posso dizer que a retratação está muito boa visualmente e eles consertaram a péssima voz criada por Christian Bale da melhor forma possível. Mas não gostei da transformação atormentada. O personagem é considerado o grande detetive dos quadrinhos e, de repente, passa a agir sem pensar, a bater antes de perguntar... ruim.

Ainda temos um rápido vislumbre do Flash (nem vou comentar o cabelinho), do Aquaman (o ator é fraco, mas pode dar liga! piadinha infame...) e do Cyborg (que cubo é aquele? A caixa-materna?). Robin aparece num sonho dentro de um sonho... que também mostra um grande ômega que representa a chegada de Darkseid na Terra, o vilão do vindouro filme da Liga da Justiça.

Filme raso. Mal editado. Muito escuro. Péssimo em 3D... sério... realmente não sei o que acontece com a DC/Warner, que tem nas mãos os super-heróis mais conhecidos do mundo e não conseguem fazer algo decente com eles para o cinema.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Arte ao Lado 2 - A missão

De agosto a outubro do ano passado, postei semanalmente um texto que criei a partir de três perguntas (o quê? como? por quê?) feitas para amigos, familiares e conhecidos envolvidos de alguma forma com a Arte. Fiquei louco e maravilhado com as respostas que recebi, mas percebi que não era fácil de conseguir. Eu estava, na verdade, pedindo que os artistas penetrassem em si mesmos e encontrassem a essência de suas artes. E essa dificuldade acabou por encerrar o projeto antes do tempo que eu tinha planejado.

Só que de repente... um texto que pedi em julho de 2015 aparece para mim em fevereiro deste ano. Imediatamente toda a energia e empolgação voltaram! Comecei a disparar as perguntas, buscando os novos artistas da segunda fase do projeto Arte ao Lado, e... novamente os obstáculos apareceram.

Então, vou fazer uma mudança: ao invés de semanal, farei mensal. Acho que vou ter que encher alguns sacos, mas tentarei colocar um artista novo todo dia 1º; Essa é a missão: apresentar um processo criativo e uma visão artística de alguém próximo a mim pra estimulá-los a procurar ao lado de vocês.

sábado, 19 de março de 2016

Salvadores da night

Nunca uma propaganda de bebida alcoólica me representou tão bem.


Claro que não sou mais o dançarino de antes, mas achei incrível e corajosa essa mudança de paradigma da Heineken. Parabéns.

sábado, 12 de março de 2016

Mais do que Frida

A mostra Frida Khalo - Conexões entre mulheres surrealistas no México é mais uma daquelas exposições que tem um grande artista chamando as pessoas, mas apresenta outros artistas (como a do Kandinsky, por exemplo). A diferença é que dessa vez a grande artista engole tudo. E isso é Frida.

É difícil não falar de feminismo porque sua luta foi constante. Primeiro, Frida enfrentou toda dor física que a pólio e o acidente lhe trouxeram e a transformou em arte. Tentou suícidio, tinha uma relacionamento complexo com o muralista Diego Rivera, teve vários abortos... e manteve as cores e a força em sua obra. Contra o machismo enraizado em todos os cantos, criou uma persona para ser respeitada: sobrancelhas grossas e buço foi uma masculinização política; suas roupas coloridas foram sua identidade visual marcante que mexia com a cultura mexicana. Até mesmo a insistência em autorretratos era uma postura política.

Um dos primeiros autorretratos de Frida.
Perceba que não há sobrancelhas grossas ou buço, muito menos cores coloridas em suas roupas.
Este é um dos quadros que Frida assina seu sobrenome Khalo e define, por fim, sua persona masculinizada.
Mais do que vestimentas coloridas, Frida criou uma marca, uma identidade visual para si.

André Breton - teórico do Surrealismo - a levou para a fama ao lado de Picasso e Duchamp. Se resumirmos esse movimento à pintura de sonhos e representações oníricas, Frida não se encaixa, uma vez que ela mesma dizia que estava pintando sua realidade. Precisamos entender o Surrealismo como um movimento que idealiza a realidade através do inconsciente e subverte a realidade. Aí sim Frida reina.

As outras artistas que permeiam a mostra possuem obras interessantes e algumas bem bonitas (como Bridget Tichenor e Alice Rahon), porém, longe do impacto da mexicana. Fisicamente, Frida morreu cedo demais. Espiritualmente, acho que não morrerá jamais.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Deuses do Egito

Vi Deuses do Egito (Gods of Egypt, 2016) nesse fim de semana e posso afirmar: não gaste tempo ou dinheiro. Talvez... se passar na Temperatura Máxima, Sessão da Tarde ou Supercine...

Mitologicamente tem erros e acertos, mas o ruim do filme em si mascara o que tem de bom nos deuses. Bom... crítica mais desenvolvida no meu blog Mito+Graphos.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Memória olfativa


Eu sou super alérgico. Na verdade, sou muito alérgico mesmo. Mas utilizei a hipérbole do super, porque sou tão fã de super-heróis que, por um tempo, me senti um mutante, um X-Man, com olfato tão aguçado que ficou hipersensível. Achava que eu tinha genes de cachorro porque eu sentia cheiros que as pessoas não sentiam, reconhecia pessoas pelo perfume e lembrava de lugares pelo aroma.

O ser humano é capaz de perceber mais de 10 mil diferentes odores, cada qual definido por uma estrutura química diferente. Isso é tão forte que é capaz de alterar nosso paladar. A neurociência diz que os aromas são percebidos por várias áreas do cérebro, fazendo com que seus processamentos envolvam tanto cognição quanto emoção.

Toda essa introdução é pra contar um gatilho olfativo que aconteceu comigo. Há pouco mais de um mês, passei por uma senhora na rua que cheirava à alfazema. Se fosse um filme, era hora de dar um fade e mudar a colorização para um flashback porque, na mesma hora, me lembrei da minha vó.

Alfazema é, pra mim, cheiro de limpeza, de pós-banho, de uma infância despreocupada, carinhosa e feliz. O banho tomado na casa dela era sempre divertido (com xampu Palmolive de jojoba). Ou minha vó ou uma das duas tias-avós que moravam com ela estavam sempre do lado de fora da cortina mandando a gente lavar tudo, principalmente atrás da orelha. No fim, já secos, vinha a alfazema e a certeza que tudo estava certo, limpo, bem cuidado.

Claro que depois de passar pela senhora na rua, entrei numa farmácia e comprei um vidro de alfazema. E me desculpem os perfumes franceses... alfazema é amor.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Mondo Marvel

Em dezembro do ano passado, o sempre incrível estúdio Mondo realizou a exposição Snikt. Bamf. Thwip. A Celebration of Marvel Comics em Austin, Texas (EUA), só com serigrafias sobre os personagens da Marvel. Veja alguns aí embaixo e clique para aumentar:

O Espetacular Homem-Aranha por Chris Skinner.
Homem-Aranha por Gianmarco Magnani.
Spider-Gwen por Phantom City Creative.
Asgard por Emily Tetri.
Thor e Loki por Matt Taylor.
Capitã Marvel por Glen Brogan.
Planeta Hulk por Boneface.
Demolidor por Matthew Woodson.
Manto e Adaga por Craig Drake.
Fênix Negra por Becky Cloonan.
Noturno por Florian Bertmer.
Noturno por Sam Wolfe Connelly.
Wolverine por Tom Whalen.
Eternidade por We Buy Your Kids.
Hypno-Creature por Francesco Francavilla.
Thanos por Mike Mitchell.
Thanos por We Buy Your Kids.

O Mondo é um estúdio que começou com ilustrações para camisetas e hoje faz vários produtos e já possui um reconhecimento mundial.