quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quirkyalone e a tribo urbana

Sempre tive vontade de dar mais divulgação a esse texto de Helga D'Ottaviano. Agora é a oportunidade. Mesmo longo, vale a pena ler e entender ainda mais o mundo em que vivemos.

A editora da revista To-Do List Magazine, Sasha Cagen, cunhou o termo quirkyalone (QA = quirky: especial, diferente, único// alone: sozinho, só) para todo um grupo de pessoas, no qual ela também se inclui. Os QA adoram celebrar a condição de solteiros, preferem estar sozinhos do que num mau relacionamento ou numa busca frenética pela tão proclamada alma gêmea. Após constatar que era uma solteira irremediável, e muito feliz com sua vida, independência, trabalho e grupo de amigos, escreveu um artigo sobre o tema. Logo recebeu grande volume de correspondências de pessoas que se identificavam com ela, e assim transformou-o num livro de sucesso, chamado “Quirkyalone: a manifest for uncompromising romantics".

Sasha explica que os QA não são contra relacionamentos, desde que aconteçam de forma natural, sem procura sistematizada ou até desesperada, e são valorizados por terem respeito mútuo, comprometimento e confiança. Ou seja, esse grupo de pessoas, no fundo, é romântico e acredita num amor verdadeiro que os ligue profundamente sem nenhum tipo de anulação de suas personalidades, preservando assim a criatividade de cada individuo. Por isso, não gostam de casos fugazes e "ficadas" de final de semana, preferem a masturbação, chocolate e um bom filme do que uma saída com um pretendente desinteressante. (...) Gay ou hétero, a cobrança pelo par perfeito existe e, num mundo onde a palavra casamento define a ordem social, nós somos todos rebeldes.

A escritora também lembra que ser um QA é um estado de espírito, e mesmo depois de casadas, dificilmente essas pessoas abandonarão seus hábitos e rituais adquiridos ao longo dos anos passados sozinhos. Os amigos funcionam como uma espécie de família, apoiando e dando força uns aos outros. A amizade é o sustentáculo do grupo que luta diariamente contra os estereótipos da nossa sociedade, sempre tão crítica, a respeito dos solteiros. Na TV, apesar dos vários programas para se arranjar namorado, os solteiros se vêem cada dia mais representados por ótimos programas como Will & Grace, Sex and The City, Ally McBeal, Friends e Seinfeld. Nessas séries, os núcleos são compostos por bons amigos que adoram sair juntos e se divertir, mostrando de forma positiva suas vidas.

Outro livro que demonstra as vantagens de se criar uma "tribo" de solteiros é o "Urban Tribes: a generation redefines friendship, family and commitment" de Ethan Watters. Ethan também escreveu baseando-se em suas próprias experiências. Em seu livro é demonstrado que nas grandes cidades, as pessoas com mais de vinte e cinco anos postergam o casamento ao máximo, ou às vezes ele nem acontece. A família tradicional foi trocada por um sólido grupo de bons amigos que podem ou não trabalhar juntos, em que todos tem hábitos em comum como, por exemplo, futebol às quintas ou massagem às terças. Além, de óbvio, viverem plenamente felizes com suas escolhas de vida.

Outra razão para não se casar cedo é a grande taxa de divórcios nas gerações anteriores, ou seja, divórcios entre os pais e avós desses solteiros. Ethan cita que a porcentagem de divórcios entre pessoas que se casam após os vinte cinco anos é menor do que daqueles que se unem muito jovens.

Do tamanho das embalagens individuais de comida aos novos serviços oferecidos na linha personal, passando por cafés e lounges que valorizam o conforto aliado à sofisticação, vemos surgir à força desse novo grupo de consumidores que, pouco a pouco, muda o cenário urbano.

A mensagem que fica é bem simples: Aprecie a vida, os amigos e os bons relacionamentos. Seja feliz!

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