quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ética da prisão: uma inveja à celebridade

Mais uma tragédia sendo explorada pela mídia. Isabellas, João Hélios, Eloás... tudo para informar o público. Será? Por que não fazem matérias com pessoas e empresas que fazem o bem? Não vou ficar debatendo esse assunto porque me tornaria mais um a dar pano pra essa manga.

Mas me fiz uma pergunta hoje... li que o assassino de Eloá está sendo ameaçado pelos detentos da prisão que ele deverá morar por muito tempo... Hã? Como assim? Os presos não cometeram atrocidades também? Vai me dizer que eles se sensibilizaram com o "caso Eloá" e agora querem fazer justiça? Será que a prisão consegue realmente mudar alguém? Então, qual é a diferença deles para esse novo criminoso?

Minha resposta? Inveja. Esse novo criminoso apareceu na TV. Deu até entrevista exclusiva durante o seqüestro. Matou por amor. Quem está na prisão não teve TV, exclusividade ou amor. O assassino de Eloá é agora uma celebridade. Matar uma celebridade dá mídia... ou seja, quem matá-lo irá se tornar uma celebridade.

Sei lá... essa ética me assuta.

3 comentários:

fichagas disse...

Vendo o programa "Saia Justa" no GNT, ouvi três coisas importantes:

1- Quando um repórter vai ao vivo entrevistar o bandido, ele está ultrapassando o limite da ética humana. Ele está dando voz a um criminoso. Está colocando-o num patamar superior do que ele realmente poderia/deveria estar. Esse repórter deveria ter se recusado a fazer a matéria, mas preferiu a fama. Preferiu se tornar uma celebridade ao lado do criminoso.

2- Quando se encontra o cativeiro de um seqüestro, normalmente, a polícia deve cortar a água, a luz, a comida e a entrada de qualquer pessoa a não ser o negociador. Tudo para tentar enfraquecer a situação. Então me respondam: por que as pessoas ficavam indo e vindo da casa? E o pior: como pode o cara dar uma entrevista E SE VER NA TV?

3- Após isso tudo, tenho cada vez mais certeza que a inveja é a mãe das ameaças dos criminosos.

Anônimo disse...

A sociedade está gerando cada vez mais desequilibrados, cada vez mais pessoas que não estão no mundo,mas sim SE PERDEM NO MUNDO.
Acho que o grande mal da crise global que estamos vivendo foi originado da ganância e do individualismo exacerbado dessa tão falada pós-modernidade (se é que alguém sabe efetivamente o que isso significa.

Anônimo disse...

Em comentário recente a amigos perguntei como ninguém havia percebido a personalidade BORDER do Lindemberg já que todos testemunhavam ser ele uma pessoa "legal".
Agora me deparo com a fotografia no Globo de um aluno meu, autuado por tentativa de homicídio em função de uma agressão na saída de uma boate da zona sul.
Nem eu nem a escola temos nada a dizer dele; aliás, comigo ele é muito amável e carinhoso.
LOGO: EU TAMBÉM NÃO VI A PERSONALIDADE DISTORCIDA DEPOIS DE TANTOS ANOS DE CONVÍVIO COM ADOLESCENTES.
O que está havendo? Eu estou perdendo a capacidade de "enxergar" ou as patologias estão tão sofisticadas que enganam a qualquer pessoa por mais que ela ache que tem alguma experiência no assunto?