quarta-feira, 23 de abril de 2014

Perfeccionismo monumental

As obras do artista australiano Ron Mueck são impressionantes. Dedos, unhas, barba, cabelos nas pernas, dobras, rugas... a riqueza de detalhes causa muita estranheza, porque achamos que as estátuas vão sair andando! Michelangelo com certeza teria medo de repetir o seu famoso Parla! porque seriam grandes as chances de alguma delas realmente falar! O Facebook, por exemplo, reconhece as estátuas como gente e pergunta se você quer marcá-las!

Couple under an umbrella

Mueck começou a carreira trabalhando com cenários e marionetes de TV e propaganda e agora faz do hiperrealismo sua forma de expressão e de entendimento da vida. Relembra os escultores clássicos que buscavam o perfeccionismo em seus mármores (veja as mãos de Hades na cintura de Perséfone na escultura O rapto de Proserpina, de Bernini) e está causando inveja em muito carnavalesco!

Mask II
Woman with shopping
Young couple

Nesta mostra - que fica até 1º de junho no MAM-Rio - temos nove obras, sendo que três delas são bem recentes e pouco vistas no mundo: o casal de idosos na praia, o casal de adolescentes e a mulher voltando das compras com seu bebê (todos ilustram essa postagem em fotos de Andréa Azpilicueta). Claro que se realmente pensarmos nas obras clássicas iremos diminuir um pouco a arte de Mueck: afinal trabalhar mármore sem erro é bem mais complicado do que trabalhar com resina. Mas é preciso sair do computador cheio de imagens das obras para ver a exposição ao vivo, porque o tamanho - seja enorme ou miniaturizado - interfere na sua percepção e na qualidade do resultado.

Sobre a exposição, fiquei pensando que a iluminação poderia ter sido melhor. Em alguns pontos, o brilho nas obras tira a sensação hiperrealista e nos coloca novamente no plano do objeto.

Fora isso, gostaria de ressaltar a situação paradoxal das filas intermináveis. Paradoxal porque, ao mesmo tempo que acho o máximo e louvo essa busca pela cultura, fico impressionado com a falta de educação e de respeito. Às vezes, me dava a impressão que ninguém estava lá para ver a obra em si e conhecer mais sobre o artista: querem mesmo é fazer selfies! A quantidade de cara feia que recebi porque estava apreciando uma obra e atrapalhando uma foto foi incontável! E dá pra ver pela cara dos monitores que está sendo difícil controlar essa multidão mau educada e egocêntrica.

Um comentário:

Graça disse...

Ir visitar uma exposição é sempre uma coisa positiva não importando que um certo número de pessoas não saiba bem o que está fazendo ali.
Agora, a falta de educação me incomoda sim e fico bastante aborrecida quando não consigo acompanhar uma explicação dos monitores devido à gritaria e não é só de adolescente não.