Fernando Gonçalves é fotógrafo e professor, graduado e pós-graduado em Comunicação. Em uma era onde a quantidade e a velocidade da informação de certa forma anestesiam nossa capacidade de percepção e de apreensão das coisas, ele gosta de discutir os limites do conhecimento e da representação do mundo e as possibilidades de sua transformação através da imagem. Seu trabalho fotográfico, então, propõe desconstruir nossa percepção do cotidiano, explorando a capacidade que linhas, volumes e texturas têm de produzir outra coisa. Lugares e coisas reais - e ao mesmo tempo inventados - se tornam formas inusitadas com forte carga pictórica que nos convidam a criar e recriar nossas próprias imagens do mundo.
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Zebra, 2011. |
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Snow steps, 2008. |
Procura ser fiel à cena que se apresenta pelo acaso independente do equipamento, ou seja, nunca sai com objetivo de apenas fotografar (“É a coisa que me acha”). Por não ter formação em fotografia não realiza intervenções digitais no computador. Como ele mesmo diz:
“O que importa pra mim não é o registro em si, mas construir uma imagem a partir daquilo que vejo, por meio da regulagem da luz e dos pontos de vista e de enquadramentos que favoreçam e valorizem esse ou aquele aspecto da cena que eu crio no meu olho e com a ajuda do olho da câmera. Procuro mostrar que às vezes mesmo na coisa mais banal e mais improvável pode haver beleza, mas que para isso é preciso estar atento.”
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A rocha, 2011. |
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Masp, 2013. |
Conheci Fernando como coordenador do Escritório Modelo de Relações Públicas da UERJ (pra sempre ERP, nada de LCI - piada interna), onde trabalhei como designer por quatro importantíssimos anos da minha vida. Sempre aparentemente calmo e de discursos precisos, trazia resoluções quando estávamos empacados e também questionamentos quando ficávamos no cliché e precisávamos de um empurrão. Me lembro de ter procurado por seus conselhos quando pensava em fazer mestrado. E agora enxergo que seu trabalho fotográfico segue o reflexo de quem ele é. Me parece que a busca pela desconstrução para construir e propor novos diálogos entre as imagens e o olhar se manifestaram de inúmeras formas em seu trabalho como educador e profissional de comunicação.
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Ponto de Fuga, 2004. |
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Vítreo, 2012. |
Fico feliz de saber que concordamos com a necessidade de criar beleza no mundo, “belezas que também sirvam para fazer pensar e causar um certo estranhamento, mas sem perder a poesia”.
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