segunda-feira, 27 de junho de 2022

A MORAL AMORAL

Para os dias atuais...



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

2020


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Desequilíbrio estável

Em parceria com o Zentrum Paul Klee, de Berna, na Suíça, o Centro Cultural do Banco do Brasil trouxe pela primeira vez na América Latina mais de 100 obras do suíço Paul Klee (1879-1940), dentre elas pinturas, gravuras, fantoches e, em sua maioria, desenhos. A exposição está na filial do Rio de Janeiro, após temporada de sucesso em São Paulo, e ainda irá passar por Belo Horizonte e Brasília. Klee transitou por diversos movimentos de vanguarda e fica até difícil encaixá-lo em um estilo definitivo, porém, é indiscutível sua importância na Arte Moderna e Contemporânea. Por essa razão, receber essas obras é algo a se comemorar, pois o público brasileiro carece da presença de grandes artistas internacionais.


Dito isso, é preciso que tenhamos uma avaliação mais criteriosa sobre as exposições e as obras que chegam no Brasil. Das 123 obras, talvez 5% tenha alguma relevância artística. A partir desse dado já é possível ter duas formas de reflexão: na primeira, celebramos o contato com tantos trabalhos inéditos que amplia os conhecimentos sobre o artista; e, na segunda, entendemos que são obras, em sua maioria, de menor valor ou importância que precisavam sair dos acervos para elevar o valor de mercado e “levar cultura” para os brasileiros. O interessante de ambas reflexões é que elas não são excludentes, mas sim potencializadoras de um questionamento maior sobre a disponibilização de cultura em nosso país. Entretanto, a segunda reflexão se torna mais vigente quando nos atentamos para o projeto expográfico realizado no Rio de Janeiro, marcado por três pontos bem simples.

A primeira sala da exposição trata dos desenhos iniciais de Paul Klee, mostrando como ele saiu de um desenho academicista – inclusive com uma belíssima marina — para suas experimentações visuais. No entanto, ficamos sem saber a idade que Klee desenvolveu os desenhos, porque o texto de introdução do artista foi preterido em nome dos textos curatoriais. Mesmo que a ideia da exposição fosse quebrar com a ideia de cronologia (o que não foi) ou exposição didática, a informação fica perdida e tanto a sala quanto as obras ficam mal aproveitadas. Detalhe: o texto de introdução ficou na terceira sala.

Ao passar para a segunda sala (uma espécie de antessala) somos apresentados aos alardeados (e muito interessantes) fantoches de Klee... mas em forma de vídeo, porque eles mesmo foram colocados no fim da terceira sala, totalmente deslocados. Se tinha alguma contextualização, ela não apareceu.

Por fim, um facsímile de péssima reprodução do “Angelus Novus”, de Klee, encerra com a certeza de que o material é realmente de deixar dúvidas. Ficam as perguntas: para que o facsímile? Só para mostrar o que Walter Benjamim falou sobre ele, validando-o como se ele precisasse disso? Seria para dizer que tinha alguma coisa importante do artista? Bom, a exposição, ao menos, oferece ao visitante a oportunidade de ver a última obra de Klee, “A última natureza morta”, de 1940, ainda inacabada. Só não sei a razão de estar completamente perdida na penúltima sala sem qualquer destaque.

Sem título (Última natureza morta), óleo sobre tela de Klee (1940).

Uma exposição que possui uma logística gigantesca – por exemplo, a temperatura do local não pode ser superior a 20° para evitar danos aos quadros e impedir que a tinta derreta – de um artista tão importante merecia um olhar curatorial mais cuidadoso. Isso seria capaz de nos levar àquela primeira reflexão (e quem sabe, nem chegarmos à segunda), onde celebramos e curtimos a vinda dessa arte seminal.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Falo

Há muito não escrevo por aqui por exclusiva falta de tempo. Além de trabalho, estou envolvido numa pós-graduação para ampliar meus conhecimentos. No entanto, o que realmente está me tirando o tempo é algo que me deixa muito feliz: em março de 2018, criei e lancei a revista FALO MAGAZINE, uma publicação gratuita online que busca discutir a nudez masculina na Arte.

Sim, a marca lembra um pênis.

Não sei se você se lembra, mas em 2017 tivemos três eventos complicados no mundo da Arte:
  1. O performer Maikon K foi preso ao realizar sua performance onde estava nu, sendo que estava dentro de uma instituição que aprovou e autorizou sua expressão artística.
  2. A exposição Queermuseu foi cancelada em Porto Alegre após censura popular e privada.
  3. O performer Wagner Schwarz foi perseguido nas redes sociais (com ameaças de morte) após um vídeo de sua performance nu dentro de um espaço museológico que autorizou a expressão ser viralizado com a presença de uma criança.
É mais do que sabido que existe uma perseguição (imbecil) às questões de gênero, porém, nesses casos, a nudez masculina foi o ponto de maior incômodo. Esse foi o gatilho para uma rápida pesquisa na História da Arte sobre o assunto que me revelou inúmeros conhecimentos que parecem ficar deliberadamente escondidos como uma forma de controle. Afinal, onde estão os homens nus na Arte? Ficaram somente nas estátuas da antiguidade clássica greco-romana? Não. E é por isso que a revista está aí, chegando à sua oitava edição.


A revista tem periodicidade bimestral porque eu faço tudo sozinho: edição, redação, reportagem, design, marketing, sirvo cafezinho e faço a faxina. Não é nada fácil, mas é prazeroso... mesmo sendo CUSTO ZERO. É... isso mesmo... além de ser gratuita, eu não ganho absolutamente nada com ela. Minha vocação como professor se sobressaiu aqui, sendo adepto do conhecimento livre.

Então vá lá no site e faça o download. Ou, então, siga no Facebook e no Instagram. Além de conhecer novos artistas que trabalham com a nudez masculina em diversos meios (pintura, desenho, escultura, fotografia etc), você ainda vai saber mais sobre História da Arte, sobre livros e sobre o FALO... afinal, a revista é sobre ele.

PS.: Feliz Dia do Homem! (é... 15 de julho é esse dia aí)

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Parte da jornada é o fim

EU DETESTO VIAGEM NO TEMPO!

Agora que isso está bem claro, posso dizer o quanto tive problemas para gostar de Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, 2019), mesmo tendo visto duas vezes. Não posso negar que o filme é apoteótico, com cenas feitas para os fãs e um passeio pela história do MCU, fechando pontas (e abrindo outras). Porém, o filme começa moroso, num luto necessário, porém, chato com uma lentidão extrema. São quase 2h30 na primeira marcha para os últimos 15 minutos serem em quinta. Compare com Guerra Infinita: no primeiro minuto Thanos já está explodindo a nave asgardiana e daí é ação quase ininterrupta.

Bom, vou tentar destrinchar o filme através dos personagens COM MUITO SPOILER, como fiz com o primeiro Vingadores (pra mim, ainda o melhor de todos). Sugiro ler o que falei sobre Guerra Infinita, porque já estava falando de muita coisa que vou repetir agora.


HOMEM DE FERRO
“Eu sou o Homem de Ferro”. A frase final do primeiro filme do herói em 2008 – que deu o pontapé inicial para o MCU – é repetida em seu momento de vitória e sacrifício. Robert Downey Jr. é tão (ou mais) importante que o personagem em si. Há tempos já falo que ele se tornou o centro dos filmes, seja como figura paterna ou aquele que une a todos (une ou conquista com seus argumentos charmosos?). Seu carisma é inegável e todos aqueles que gravitaram a seu redor (como a Pepper, o Rhodes, o Happy, o garotinho da garagem no terceiro filme e até mesmo sua filha em Ultimato) receberam um carinho a mais dos espectadores (e dos roteiristas). Tony é também o grande cientista do MCU... até a segunda fase. Com a chegada da equipe Pym e Shuri de Wakanda – ambos na fase 3 –, sua função de grande criador tecnológico se dispersou. Foi necessário, então, dar a ele o papel de responsável por solucionar o mistério do tempo. E, assim, os roteiristas mostraram um trabalho preguiçoso: usar o tempo como saída é a solução mais óbvia. E, para fugir de eventuais problemas, usaram dois discursos ao longo do filme (um entre o Hulk, Barton, Lang e Rhodes e outro entre Banner e a Anciã) que acabaram se tornando exatamente a pedra no sapato.

Bom... Quem acompanha os filmes, já deveria ter percebido que Tony tem uma tendência suicida que foi alimentada por uma provocação feita pelo Capitão América e acionada pela morte de Coulson no primeiro filme da equipe. Tirando o filme do Homem-Aranha, onde ele faz uma participação, Tony sempre se coloca em situações de sacrifício mortal: a bomba nuclear de Nova York, a queda de Symkaria e o confronto mano a mano com Thanos em Titã, por exemplo. Então, seu sacrifício final não era surpresa (foi pra mim, pela importância do ator: eu apostei na morte do Capitão e errei), ainda mais quando paparazzi já haviam fotografado um enterro antes de Guerra Infinita sair.

Aliás, sua relação de irmão com o Capitão América também é bem importante ao longo do MCU. Não só pela tal provocação, mas porque eles são quase opostos. No filme Guerra Civil, mesmo que a gente quisesse torcer para o Team Ironman, as razões do Team Cap eram mais nobres. O Capitão estava querendo corrigir um erro, enquanto Tony queria uma vingança birrenta. Essa oposição – que é construída na Era de Ultron – se torna uma separação que facilita a vitória de Thanos em Guerra Infinita. Assim que os dois se encontram em Ultimato, Tony joga na cara de todos (principalmente do Capitão) que ele estava certo. Mas alguém prestou atenção nesse discurso? Tony falando que preferia abdicar da liberdade para enclausurar a Terra? Esse é o herói para quem devemos torcer? Aquele que foi orgulhoso e não ligou para Steve no início de Guerra Infinita (lembrando que Steve foi até Tony assim que surgiu uma ponta de esperança)? Aquele que, em vez de voltar no tempo e consertar TUDO, prefere só trazer as pessoas de volta cinco anos depois por causa de um ato egoísta (sim, a vida de sua filha é um ato egoísta porque, se voltasse no tempo e consertasse TUDO, ele teria a chance de tê-la novamente e, ainda por cima, acertar qualquer coisa errada que tivesse feito com ela)?

Lamento, mas não. Essa construção do herói falho é para aproximar o SUPER do NORMAL, ou seja, de nós. Mas caráter não é um superpoder. E isso NUNCA faltou ao Capitão América, por mais que não goste do personagem.
OBS.: Não duvide que a imagem (ou a voz) de Robert Downey Jr. continue assombrando os filmes como a inteligência artificial das armaduras. Isso já ocorreu nos quadrinhos e o holograma-testamento que ele deixou é uma boa ideia de que isso é possível.

CAPITÃO AMÉRICA
Por mais certinho e chato que o personagem possa ser, ele é o epítome da Bondade, da Ética e da Verdade. Sempre fez tudo pelos outros e ainda podemos colocá-lo em situações muito mais sacrificantes, como por exemplo, sua origem congelante ou segurar a luva do Thanos em Guerra Infinita. Enquanto seu primeiro filme de origem deixou dúvidas quanto à expansão do universo (porque não foi tão bem recebido), ao mesmo tempo, começava a criar os caminhos com a aparição do Tesseract, a joia infinita do Espaço. Suas sequências – Soldado Invernal e Guerra Civil – são talvez dois dos melhores filmes de todo o MCU, onde se estabelece não só a solidez e retidão de sua personalidade como também são introduzidos outros heróis, como o Soldado Invernal, o Falcão, o Pantera Negra e o Homem-Aranha, em roteiros dinâmicos e complexos.

Sua relação de irmão com Tony é uma das bases do MCU, mas é possível perceber que suas relações com a Viúva Negra, com o Soldado Invernal e com o Falcão seguem a mesma linha. Ele é o amigo que todos querem. O que ele fala e faz se torna verdade absoluta, confiável, esperançoso. Essa ideia até vira piada com o Homem-Formiga e o Rocket em Ultimato.

O importante aqui é a gente entender que Steve sabe que é humano, sabe que erra, mas NUNCA se dá por derrotado. Mesmo quando começa o último filme e vemos a reunião de superação dos desaparecimentos, sabemos em seu discurso das baleias no Hudson que ele não consegue fazê-lo, que mantém sua cabeça no “copo cheio”. É isso que o torna digno... Digno de uma das melhores cenas de todo o MCU: o uso do Mjolnir para dar uma (rápida) surra em Thanos. Ele já havia tido a fodástica cena do elevador em seu segundo filme que mereceu até uma lembrança em Ultimato (mesmo que completamente fora da cronologia). Também teve algumas cenas no primeiro Vingadores, onde, por exemplo, junto com o Homem de Ferro, mostra as possibilidades da comunhão de poderes e habilidades desses herois. Mas ele com o Mjolnir é de tirar o fôlego...



Ao mesmo tempo, o Capitão América se torna um dos grandes erros do filme. Entendam: Steve volta no tempo no fim do filme para devolver as joias (e o Mjolnir), porém, decide ficar no passado para finalmente ter a dança e a vida que merece (e sinceramente todos nós queríamos) com Peggy... mas ISSO NÃO PODERIA ACONTECER! Ficando no passado ele altera TUDO! Ele não teria nem como aparecer no final do Ultimato, porque não haveria Ultimato! Vejam: se ele volta e se casa com a Peggy, isso significa que, em certo momento, tem DOIS CAPITÃES AMÉRICAS, um que está casado com a Peggy (e provavelmente escondido do mundo porque ninguém pode saber de sua existência) e um que será descongelado para dar prosseguimento a todos os filmes que levaram ao Ultimato e fariam o Capitão voltar no tempo, criando um loop infinto!

Já falei que odeio viagem no tempo?

E vocês acreditam mesmo que a Shield, maior agência de espionagem do MCU, criada pela Peggy, corrompida pela Hidra e tal, não saberia que tinham dois Steve Rogers? E se eles tiveram filhos? E o tão altruísta Capitão América não faria nada para ajudar quando Nova York foi invadida pelos Chitauris? Ou pela Guarda Negra de Thanos? Ah tá... E o escudo? COMO ELE PODE TER UM ESCUDO INTACTO? IMPOSSÍVEL? Se ele tirou o escudo de algum lugar em algum momento, ELE FERROU COM TODO O TEMPO! Os diretores foram perguntados sobre isso após o filme e saíram pela tangente. Ou seja... viram a MERDA que fizeram.
OBS.: Existem rumores da criação dos Jovens Vingadores, que seriam filhos ou pessoas ligadas a alguns dos seis Vingadores originais. A armadura do Homem de Ferro passaria para aquele garoto do terceiro filme, enquanto um(a) filho(a) do Steve com a Peggy pode estar perdido por aí. Outro rumor vem de uma fala de Peggy no passado, quando Steve a revê: ela fala no desaparecimento do Agente Braddock e isso poderia ser uma indicação de Brian Braddock, o Capitão Britânia.

THOR
Olha... pra mim é complicado falar de um dos meus personagens preferidos nos quadrinhos, até porque eu preferi os dois primeiros filmes dele que foram um fracasso, do que o Ragnarok imbeciloide que foi um sucesso.

Em seus filmes, Thor perdeu o pai, a mãe, a namorada, todos os amigos, sua casa, um olho e seu martelo, símbolo de seu poder e masculinidade. Em Guerra Infinita, ele transforma a perda de seu irmão e de todo o seu povo em combustível para criar o machado Rompe-Tormentas e se tornar um mega-power-ultra-vulcan personagem, capaz de sobreviver no espaço e aguentar a energia de uma estrela. Um exagero necessário, pois o fez retornar ao início: quando seu orgulho o levou ao exílio na Terra. Ao não matar Thanos só para vê-lo sofrer, ele propiciou a derrota de todos e a morte de 50% de toda a galáxia. Isso o levou a uma depressão caracterizada de forma humorística no filme, porém, bem presente nos dias de hoje: o escape no videogame, os excessos de bebida, os choros involuntários, a postura inerte.

Entendi e respeitei, mas, particularmente, não curti o “falar com a mamãe” para tudo ficar bem. Se nem mesmo decapitar Thanos resolveu a depressão, quem dirá falar com a mamãe, né? Pegar o Mjolnir de novo (fazendo eu e todo mundo vibrar) também não é a solução, pois fez a gente pensar “ih, lá vem mega-power-soberba mais uma vez”... e é exatamente o que acontece. Quando ele pega Mjolnir e Rompe-Tormentas ao mesmo tempo, fãs verteram lágrimas e passaram a ter certeza que tudo estava resolvido. Mas aí vem o “problema Thanos” (que descrevo mais abaixo) e Thor fica num misto de depressão e soberba, como se não estivesse dando tudo de si porque não sabia mais do que era capaz. Perceba isso em sua alegria ao ver o Capitão América levantar Mjolnir e quando ele prefere o Rompe-Tormentas ao antigo martelo que depende de sua dignidade para ser levantado: Thor não se sentia mais digno (mesmo que fosse) e – é claro – precisou fazer uma brincadeira com o tamanho do martelo para mostrar virilidade.


OBS.: Já entendi que Chris Hemsworth prefere fazer filmes de comédia e, por isso, foi associado no final aos Guardiões (Asgardianos) da Galáxia. Nos quadrinhos, tem algo semelhante. Então, não se assustem se, mesmo o ator tendo falado que se aposentou do personagem, Thor aparecer no filme final da trilogia dos Guardiões E no próximo da Capitã Marvel (outro filme de temática espacial).

HULK / BANNER
Já falei que o que estão fazendo com o Hulk desde Ragnarok é ridículo. Ficar de birra em Guerra Infinita foi um recurso péssimo. Me dá a impressão que o personagem é poderoso demais e eles precisavam tirá-lo da equação para dificultar as coisas. Hulk humilhou Loki, destruiu naves Chitauri com um soco, derrotou o lobo Garm, enfrentou o gigante de fogo Surtur... aí vem o Ultimato que “fazem as pazes” entre Banner e o Hulk, colocando-o na posição de protagonismo zen.

A fusão Banner/Hulk realmente aconteceu nos quadrinhos. Foi a fase em que o personagem realmente se tornou imbatível, indestrutível, mega inteligente etc etc. Mas no filme tem duas cosias que precisam ser avaliadas: primeiro, o excesso de humor sobre o herói desde Ragnarok; e segundo, sua personalidade pacificadora e sacrificadora (mais uma).

A Marvel vinha primando pela dose exata de humor... até Ragnarok, onde se perde o controle: o “Hulk esmaga” ganha falas e se torna um bobalhão birrento. A primeira cena Banner/Hulk é constrangedora... até o Homem-Formiga é mais divertido. Depois, ele vira o cientista de referência e usa óculos... tipo... Hulk de ÓCULOS? As piadas sobre seus erros temporais são boas e justificáveis (o que acontece com o Lang é hilário). A vergonha que sente ao voltar no tempo e ver a si mesmo esmagando tudo em Nova York é engraçada e gera uma reação muito divertida, porém, se pensarmos bem, era o Hulk esmagador que deveria sentir vergonha. Digo isso, porque o Hulk é uma peça chave do filme. Veja:
  • Ele é responsável pelos primeiros estudos temporais e por todos os papos sobre o assunto que tentam argumentar as loucuras dos roteiristas.
  • Ele é responsável por um erro significativo na viagem do tempo da equipe Tony/Steve/Lang/Banner: afinal, o Hulk esmagador atrapalha os heróis na hora de pegarem o Tesseract, o que os obriga a viajar novamente no tempo (tudo para que Tony visse o pai e Steve visse Peggy para tomar sua decisão final).
  • Ele é responsável pelo retorno do 50% desaparecido do universo ao ser o primeiro heroi a segurar a manopla e estalar os dedos (mesmo que tenha seguido erradamente a “regra dos cinco anos”).

É exatamente no estalar de dedos que vemos que não só Tony e Steve são os heróis suicidas. Banner também é. Nós já sabemos disso desde o primeiro Vingadores, quando a Viúva Negra tenta recrutá-lo ou quando ele se coloca na frente da nave-lagarto Chitauri. Ele deixa bem claro que o Hulk nunca o deixará morrer e, por isso, em Ultimato, ele sabe que é o único que tem a capacidade de segurar as joias. Isso acaba explicando a fusão Banner/Hulk porque só haveria uma possibilidade do Hulk esmagador colocar a luva e estalar os dedos: se Thor apostasse com ele quem era o mais forte e capaz de fazer isso.
OBS.: O futuro do Hulk é retornar ao limbo cinematográfico. Acho difícil alguma ponta em outro filme, porque o personagem não conseguiu a independência após um primeiro filme (fora do MCU) absolutamente TENEBROSO e um segundo filme (dentro do MCU) com problemas internos. Detalhe: se a Marvel colocar o Hulk em algum filme com o braço ruim, vai ser outro erro, pois o personagem tem um dos fatores curativos mais impressionantes dos quadrinhos. Sinceramente, ele deveria até estar com o braço bom no enterro. Só que gostaria de fazer um acréscimo aqui: lembra que o Hulk esmagador atrapalha os heróis de pegarem o Tesseract? Pois é... nessa cena, vemos que LOKI DESPARECE USANDO O TESSERACT. Isso MUDARIA automaticamente o segundo filme do Thor e, consequentemente, tudo em relação à Joia da Realidade, e, consequentemente e ABSOLUTAMENTE, TUDO. Aí você vai dizer: “mas o Capitão América voltou no tempo e devolveu as joias”. E eu vou retrucar, mas ele devolveu o Tesseract da época da Peggy e não do Loki. Não à toa, a Marvel está preparando uma série do Loki, além de inúmeras argumentações sobre realidades paralelas.

VIÚVA NEGRA
Talvez a maior surpresa do filme tenha sido a morte da Viúva Negra. Por essa acho que ninguém esperava por causa das notícias de um vindouro filme da personagem. Agora se fala que será sobre o passado dela, mas eu tenho dúvidas. Vamos lá...

Logo no início, Natasha é a única que mantém as esperanças e se torna uma “central única dos Vingadores”. Em seu papo com Steve, ela deixa bem claro que fazer parte dos Vingadores a transformou para melhor, porém, a forma como ela fala é com um pouco de amargura e tristeza, quase arrependida.

Para se obter a Joia da Alma é preciso um sacrifício, é preciso perder o que se ama, uma alma por outra alma. Em Guerra Infinita, Thanos mata Gamora. Em Ultimato, Natasha e Barton ficam disputando quem se suicidará (opa! Mais herois suicidas!), até que ela resolve a situação. Mas aí eu pergunto... Nebulosa não avisou a ninguém que alguém morreria em Vormir? Afinal, ela já sabia que Gamora morreu ao ir com Thanos buscar a pedra. E se Thanos tivesse ido sozinho a Vormir em Guerra Infinita, como ele obteria a joia? Ao matar alguém que "amava", Thanos perdeu a sua própria alma... e quando alguém se suicida, quem perde o quê? Por mais dark que fosse, já que era pra morrer alguém, acho que o Gavião deveria ter jogado a Viúva.
Durante a queda, teria um close nela perdoando ele, mas ele nunca mais se perdoaria e continuaria como o violento Ronin. Muitas questões que, se eu pensei agora, vários roteiristas que ganham milhões deveriam ter pensado antes.

Bom... mas aí vem o Hulk com a manopla, para ser mais uma vez o porta-voz dos roteiristas, dizendo que tentou salvar Natasha no estalar do dedos, mas não conseguiu, como se sacrifício da alma fosse irreversível. Os diretores até confirmaram isso... só que Tony, o grande heroi do MCU, estalou os dedos uma segunda vez! Será que ele conseguiu? Mesmo que ele não tenha conseguido, tem um outro ponto: o Capitão América DEVOLVEU AS JOIAS ANTES DELA TEREM SIDO RETIRADAS! Ou seja... A VIÚVA NÃO SE SACRIFICOU!
OBS.: Não duvide, então, se Natasha voltou (depois de duas estaladas e a joia em seu lugar), mas irá permanecer escondida para não voltar à equipe e se tornar “mole” novamente. Ela continuará como a espiã assassina que sempre foi, permitindo que seu filme seja atual e não sobre seu passado. Veremos.

GAVIÃO ARQUEIRO / RONIN
Sacaneado por muitos no início por ser somente um homem com um arco, o Gavião Arqueiro foi a ausência mais sentida em Guerra Infinita e, por isso, talvez ele tenha sido o personagem mais bem escrito em Ultimato. Já começar com o desaparecimento de sua família, justificou não somente a sua aposentadoria anterior como também a sua transformação em Ronin. Seu trajeto em todo o MCU é linear. Talvez minha única crítica seja ele ter aceitado a “regra dos cinco anos” do Tony. Claro que um pai que sofre profundamente a perda de sua família aceitará qualquer coisa para tê-los de volta, mas ele tinha a possibilidade de apagar todo o sofrimento, como se nada tivesse acontecido.
OBS.: Essa “ausência sentida” capitaneou a criação de uma série de TV para o Gavião, com a ideia de passar o manto de arqueiro para sua filha, Lilla, alimentando ainda mais os rumores dos Jovens Vingadores. Duas coisas: essa relação de Barton com jovens já tinha sido trabalhada em Era de Ultron com Wanda e Pietro; e Lilla, nos quadrinhos, não existe. A Gaviã-Arqueira se chama Kate Bishop.

Agora que já falei dos seis Vingadores originais e a tendência da Marvel de dizer que para ser heroi você precisa se sacrificar, vamos aos outros:

HOMEM-FORMIGA E OS PYM
Vou começar logo com o que me fez não curtir o filme logo de cara: UM RATO É O RESPONSÁVEL PELO FILME EXISTIR. Isso mesmo que você leu. Os roteiristas resolveram usar um rato para tirar Lang do Reino Quântico. Ou seja, se esse rato não tivesse “acidentalmente” acionado o EXATO botão para fazer Lang retornar, não teria filme, porque Lang não traria a ideia de viagem no tempo e tal.

Sério, roteiristas? Um rato?

Só isso já deveria terminar minha análise de como os roteiristas mandaram mal nesse filme.

Bom... tentando continuar... Tanto o Homem-Formiga quanto a família Pym ganharam um poderoso papel no MCU: o de novos protagonistas centrais. Os filmes do Homem-Formiga tem o humor idiota na medida certa, são “filmes de família” e ainda tem os novos mega-cientistas do MCU, com direito a Michelle Pfeiffer e Michael Douglas, criando um infinito de possibilidades a partir do Reino Quântico. No entanto, ninguém acredita que exista força para um terceiro filme dos Lang/Pym. O segundo filme trouxe a Vespa e todo o conceito de Reino Quântico, mas o personagem principal não tem muito mais a acrescentar. Mas...
OBS.: A passagem de bastão para Cassie, a filha de Lang, é quase certa. Nos quadrinhos, ela se torna a heroína Estatura. Isso bota ainda mais lenha na fogueira dos Jovens Vingadores. Se houver um terceiro filme, os Pym estarão lá, mas não acreditem em pontas em outros filmes para os medalhões.

MÁQUINA DE COMBATE E RESGATE (PEPPER)
Ver Rhodes recusar a armadura no primeiro Homem de Ferro arrepiou. Vê-lo assumir a Máquina de Combate no Homem de Ferro 2 levou a galera ao delírio. Desde então, Rhodes tem tido um papel consistente no MCU como soldado que segue as regras, mas sabe a hora de quebrá-las. Em Guerra Infinita e Ultimato, Rhodes entende seu papel no jogo e se assusta com as dimensões galácticas e quânticas, mas ao mesmo tempo, matem o foco e a determinação (semelhante à Viúva e o Gavião no primeiro filme dos Vingadores). Ele tem aquele espírito americano de “vamos explodir tudo com minha armadura poderosa” e costuma aparecer em cenas desse tipo, mas é como Rhodes que ele fica mais interessante, com direito até a cenas de humor em Ultimato. Infelizmente ele protagoniza um erro de continuidade nesse filme: depois que a base dos Vingadores é destruída, ele precisa largar a armadura destruída para sobreviver ao afogamento, mas, do nada, ele reaparece com a armadura em pleno funcionamento para o combate épico final.

Como havia dito, os personagens ao redor de Stark ganham o carinho do público. E não seria diferente com Pepper, que tem um carinho e uma compreensão pelo gênio de Stark que a eleva à categoria de santa e nos faz BEM MAIS tristes quando ela se despede de seu amor. Precisamos dizer que seu aparecimento como a heroína Resgate (esse é o nome dela nos quadrinhos quando usa armadura) em Ultimato foi incrível... MAS... quem viu o terceiro HORROROSO filme do Homem de Ferro, sabe que Pepper não precisaria de armadura. Na verdade, ela ficou meio imortal, então... por que ela não segurou as joias? Parecia que o fim da trilogia Stark havia sido apagada do MCU de tão ruim que ficou... MAS... trouxeram o garoto do filme para o enterro.
OBS.: Acho que podemos dar adeus à esses personagens com a morte do Stark. Pepper com certeza deu tchau e vejo com muita dificuldade o uso de Rhodes em alguma série de TV. A possibilidade do garoto ser o novo Homem de Ferro existe, mas sem Tony fica difícil um filme. Por isso, especulei a volta de Robert Downey Jr. como I.A.

FALCÃO E SOLDADO INVERNAL
Considerando o segundo e o terceiro filme do Capitão América, podemos dizer que o Soldado Invernal era um co-protagonista: no segundo, ele foi tanto o foco quanto o “vilão”; e, no terceiro, foi o responsável (de certa forma) pelo combate entre os heróis. Aí... ele cai no ostracismo. Ganha umas cenas pós-créditos que deixam todo mundo empolgado e, no combate de Wakanda em Guerra Infinita, tem uma cena ótima com o Rocket. E só. Sumiu sem deixar falta. Só para o Capitão.

Já o Falcão foi sempre coadjuvante, parceiro, ajudante do Capitão América, tanto nos quadrinhos quanto no cinema. Suas cenas de combate eram sempre bem trabalhadas, mas, como Sam, poucas são as cenas interessantes. Isso comprova o que falei sobre a importância de se gravitar Robert Downey Jr.: Rhodes e melhor que Sam.

Saiba que nos quadrinhos ambos já foram o Capitão América: Bucky assumiu o escudo após uma suposta morte de Steve e Sam assumiu após Steve perder o soro do supersoldado. Foram fases e Steve voltou ao lugar de origem, mas ambos tiveram sucesso. Bucky sempre foi mais ousado que Steve, além de ter sido um assassino, e isso tornou suas histórias bem mais interessantes. Sam foi um Capitão América NEGRO como consequência da presidência de Obama e suas histórias levaram questionamentos raciais fundamentais. No fim de Ultimato, quando o Steve (ERRADO) entrega o escudo (ERRADO) para Sam, temos um posicionamento político claro e bem interessante, justificável por Sam ter uma direcionamento ético semelhante ao de Steve, enquanto Bucky é um personagem danificado. Pena que isso se deu de forma ERRADA.
OBS.: Apesar do ostracismo de Bucky, os dois personagens vão ganhar uma série de TV. A série terá o nome do Falcão, mas ele tem o escudo. Então, veremos como se dará essa dinâmica.

FEITICEIRA ESCARLATE vs. CAPITÃ MARVEL
Todos saíram do cinema endeusando a Capitã Marvel depois de seu próprio filme como a personagem empoderada e poderosa... mas se você viu Guerra Infinita e Ultimato sabe quem é realmente a mais poderosa do MCU: Wanda, a Feiticeira Escarlate. Ela não só tem o poder de destruir uma joia como foi A ÚNICA QUE REALMENTE DERROTOU THANOS. Quando ela usa seus poderes, só resta ao vilão mandar sacrificar suas tropas porque ele SABE QUE VAI MORRER. Mas lembre-se: os roteiristas precisam tirar os super fortes da equação. Então, Wanda desaparece em Guerra Infinita e aparece praticamente nessa única cena de quase vitória. Mas não poderiam dar a vitória para alguém diferente de Tony, né? (ou poderiam, né, Arya?).

A Capitã também foi deslocada para os confins do universo, ajudando outros planetas que também perderam 50% de suas populações. Ela chega de forma apoteótica, destrói a nave inimiga, enfrenta de igual para igual o todo-poderoso Thanos... MAS... é mais lenta do que um arremesso de espada. Oi? Pois é... a empoderada poderosa foi mais lenta do que um espada lançada por Thanos.

Sério, roteiristas? Bom... a explicação dada é que eles gravaram a Capitã Marvel em Ultimato ANTES do filme da heroína estar completo.
OBS.: Wanda já tem uma série de TV garantida. E COM O VISÃO. Ou seja, minhas teorias sobre o retorno do Visão pelas mãos da Shuri ainda podem se concretizar. Já a Capitã fez um grande sucesso de bilheteria e já tem o seu segundo filme garantido. Vamos ver se eles acertam o tom, porque de filmes espaciais, já se tem os Guardiões.

GUARDIÕES DA GALÁXIA
Ah... os Guardiões. De um primeiro filme espetacular, para um segundo filme mais ou menos e uma participação questionável entre os Vingadores. Dentro de seus próprios filmes, o humor e as trapalhadas dos heróis funcionam, mas, no cômputo geral, isso se perdeu entre tantos personagens. Drax e Mantis são imbecis demais (provado em Luganenhum de Guerra Infinita). Groot é poderoso demais e – claro – precisava ser tirado. Talvez por isso, só o Rocket tenha sido mantido, já que ele SEMPRE está no tom certo (até em sua melancolia em Ultimato).

Já a relação Quill e Gamora é fundamental em Guerra Infinita, mas quase esquecida em Ultimato. Para muitos, a derrota no fim de Guerra Infinita é culpa de Quill e não de Thor. Se ele não tivesse acordado Thanos na batalha de Titã, os heróis teriam conseguido arrancar a manopla dele antes de conseguir a última joia. Em Ultimato, Quill só tem duas cenas: quando vê a Gamora do passado e fica feliz, mas toma um chute no saco porque ela não é a "sua" Gamora, e, no fim, quando está à procura dela e tem que lidar com a presença de Thor entre eles.
OBS.: Parece que o terceiro filme dos Guardiões vai finalmente acontecer depois de um probleminha com o diretor e agora o enredo parece ter sido explanado: a busca por Gamora. Ela está na Terra? Ela fugiu para o espaço? Como se não tinha nave pra isso? 
Então, ela desapareceu com todos os inimigos do exército de Thanos? Provavelmente não, pois Nebulosa ficou. Só saberemos daqui a uns dois anos.

NEBULOSA
Acredite: chegamos ao personagem chave do filme. E de forma acridoce.

Vamos lá: criamos empatia com a Nebulosa desde Guardiões 2, quando finalmente fez as pazes com sua irmã Gamora. Aí Ultimato começa com ela gravitando ao redor de Tony, ou seja, Nebulosa rápida e obviamente passa a ser amada pelos espectadores. Ela também sabe onde está o Thanos-pós estalar de dedos (que, aliás, eu errei... achei que ele estivesse em Wakanda), o que leva os herois a encontrar e matar o vilão.

No entanto, quando os heróis voltam no tempo, ela se torna o Cavalo de Troia. Por ser um ciborgue, sua interface se mescla com a da Nebulosa do passado, fazendo com que o Thanos do passado descubra tudo que aconteceu entre os filmes dos Guardiões 1 até a Guerra Infinita. A Nebulosa má se infiltra entre os Vingadores e traz o Thanos do passado ao planeta Terra de agora, pós estalar de dedos do Thanos decapitado. Entendeu? Ok. A relação da Nebulosa de agora com sua irmã Gamora do passado é rapidamente resolvida em 5 segundos e ela consegue se safar matando a si mesma, a Nebulosa do passado. Entendeu? Ok. Nesse momento, todo mundo ama Nebulosa. Essa é a parte doce. Só que azeda...

Já falei aqui que detesto viagem no tempo? Então...

A partir do momento que houve o cruzamento de redes entre a Nebulosa do passado e a Nebulosa de hoje, O FILME DEVERIA ACABAR. Simples assim. Afinal, a partir daquele momento – localizado no filme dos Guardiões 1, pois Nebulosa e Rhodes estavam pegando o orbe do Senhor das Estrelas – tudo que aconteceu deixou de existir. Por exemplo, Thanos não foi mais atrás das joias, então, não mandou Ronan atrás do orbe, então, a Tropa Nova não foi destruída, então, a nave asgardiana não foi destruída, etc etc etc, então, não há Guerra Infinita e não há Ultimato. Mas peraí? Se não tem Guerra Infinita, não tem como o Thanos do passado ter visto o que aconteceu com ele e... AAAAAAARRRRRGGGHHHH!!! EU ODEIO VIAGEM NO TEMPO!!!

Isso sem contar que a presença de Gamora no passado também está cronologicamente errada dentro do MCU, mas nem vou entrar nesse assunto...
OBS.: Nebulosa agora está livre de seu pai e da relação doentia com sua irmã. Ela pode ser o que quiser e parece que se tornou uma guardiã da galáxia. Deve ser importante tanto na busca por sua irmã, a Gamora do passado quanto em sua reconexão com o mundo de agora, no fechamento da trilogia dos Guardiões.

DR. ESTRANHO (E A ANCIÃ)
Já deixei claro que esse é o personagem que tinha tudo para mudar os rumos da Guerra Infinita, mas os roteiristas esqueceram tudo sobre ele. Numa tentativa de reduzir o potencial do personagem, sua participação no Ultimato acabou sendo a de teleportador do “exército do Bem” (mas não sozinho), de "represa" e de profeta de araque (sendo que ele se tornou tão óbvio, que eu acertei a trama do Ultimato, assim como o nome do filme, logo que saí do cinema de Guerra Infinita).

Mas o problema com esse personagem se estendeu à Anciã. Ao voltar no tempo, Hulk/Banner encontra a Anciã e pede a Joia do Tempo emprestada. Rola aí um discurso sobre o tempo para argumentar as teorias rasas dos roteiristas que traz uma fala fundamental para questionar mais uma vez tudo o que fizeram com o universo mágico no filme dos Vingadores: a Anciã sabia que cinco anos depois Stephen Strange se tornaria o melhor dos Magos Supremos.

Espera. Volta. Ela já sabia? Opa... Espera. Ela tem a Joia do Tempo! A mesma que o Dr. Estranho usou para descobrir a única forma de vencer Thanos (que eu já tinha reclamado), ou seja, a Anciã PODERIA SABER DE TUDO E IMPEDIR TUDO! E não venha me dizer que isso seria errado vindo de uma mulher que usava a joia para não envelhecer. Portanto, ao dizer que ela sabia de Stephen Strange, ela não só transformou o filme do mago numa palhaçada, como provou que VIAGEM NO TEMPO É UMA MERDA DE ROTEIRO.
OBS.: O segundo filme do Dr. Estranho já está planejado... supostamente, sem o Olho de Agamotto, quer dizer, a Joia do Tempo. Na cena pós-crédito do primeiro filme do mago, tivemos também a transformação de Mordo em um “caçador de magia”. Como a joia era o que permitia a proteção da nossa realidade contra as dimensões sombrias, aguardemos como isso será trabalhado.

HOMEM-ARANHA
Para muitos a morte do Homem-Aranha ao fim de Guerra Infinita foi um choque. Robert Downey Jr. chegou a dizer que foi uma das cenas mais dramáticas que fez no MCU por causa da relação paternal que os personagens criaram. No entanto, todos sabiam que a morte dele não era real, já que o segundo filme do herói estava em andamento. Mesmo assim, quando o Aranha retorna em Ultimato e rola um abraço com Tony, muita... MAS MUITA gente começa a chorar no cinema.

O personagem é melhor como ponta do que em seu próprio filme. Em Guerra Civil, Guerra Infinita e Ultimato, o Homem-Aranha é divertido na medida certa, é herói na medida certa. No filme próprio, é arrastado e adolescente demais. Em Ultimato, ao tentar levar a luva com as joias para o Reino Quântico, ele acaba fazendo uma coisa que todo fã estava torcendo (e as atrizes reivindicando): uma cena só com as heroínas do MCU (nos quadrinhos, a A-Force), mostrando que elas são do nível (ou mais) do que o universo masculino de heróis da Marvel. Afinal, dos seis originais, tínhamos somente a Viúva Negra (e ela se suicidou).


OBS.: Eu achava que Ultimato fecharia a Fase 3 do MCU, mas quem fará isso é o segundo filme do Homem-Aranha. Parece que nele veremos algumas consequências do retorno de 50% da população do planeta 5 anos depois de terem desaparecido. E isso é o ponto que precisamos ficar atentos: numa cena final, vemos Peter Parker de volta a escola. Como será essa escola já que seus colegas de turma que ficaram estão 5 anos mais velhos? A gente vê Peter falando com seu grande amigo Ned. Se eles estão da mesma idade é porque Ned TEM QUE ter desaparecido também (o que já foi confirmado pelos diretores, mas vamos ver, né?). Assim como Tia May que está com a mesma cara de antes no enterro e não 5 anos mais envelhecida.

PANTERA NEGRA E WAKANDA
Depois do sucesso do filme do Pantera Negra, ninguém acreditou que ele seria um dos desaparecidos no final de Guerra Infinita. Até porque, assim como o Homem-Aranha, já se sabia que um novo filme estava sendo feito. O que nos leva a pensar: o que aconteceu em Wakanda durante 5 anos sem T’Challa após aquela mega batalha contra alienígenas?

Eu não sabia que a Shuri também havia desaparecido, então, cheguei a especular que ela se tornaria a Pantera Negra. Mas depois saiu cartazes e trailers dizendo que ela sumiu. Mesmo assim, acabei me recordando que, no filme wakandano, todas as flores do Pantera foram queimadas, ou seja, supostamente, não é mais possível existir um Pantera Negra.
OBS.: Ainda fica a pergunta: o que aconteceu com Wakanda em 5 anos sem T’Challa e Shuri, que PRECISA ser respondida no próximo filme. Okoye, general das Dora Milaje, aparece rapidamente numa cena inicial dizendo que estão tentando manter o controle, mas não temos um panorama geral... MAS... Okoye pode ter indicado o tema principal do próximo filme e a introdução de todo um universo no MCU. Exatamente nessa conversa holográfica com a Viúva Negra, Okoye fala sobre um terremoto submarino. Esse terremoto pode ser ATLÂNTIDA e, consequentemente, NAMOR! Considerando que o Pantera Negra surgiu nos quadrinhos do QUARTETO FANTÁSTICO e o Namor teve seu retorno às revistas TAMBÉM através do Quarteto, creio que a Marvel achou um caminho para tentar encaixar os primeiros heróis vindos da Fox em seu panteão.

VALQUÍRIA E OS ASGARDIANOS
Valquíria viva? Asgardianos vivos? Korg e Miek vivos? Uai... mas não morreu todo mundo no início de Guerra Infinita? Thanos e a Guarda Negra não mataram a todos e ainda explodiram a nave? Todos eles sobreviveram ao espaço como Thor? Como pode existir uma cidade na Noruega chamada Nova Asgard cheia de Asgardianos? Nem preciso dizer como isso É UM GRANDE FURO, né?

E Miek, aquele inseto de Ragnarok que morre, mas Korg carrega sua larva... No início vemos os dois no casebre de Thor, sendo que Miek ainda é uma larva. Então, me explica como que ele pode aparecer totalmente adulto com espadas na batalha final? Nem vem me dizer que ele é alienígena e seu crescimento é diferente... ERRO.
OBS.: Isso tudo é tão errado que fico feliz do Thor não ter outro filme. Mesmo assim, tenho que ficar imaginando que existe uma cidade na Noruega com um monte de asgardiano que deveria estar morto, um homem de pedra, um alien inseto e o cavalo alado da Valquíria. Bom... essa observação, na verdade, é só pra gente não se esquecer que Loki sumiu com a ajuda do Tesseract e vai ter uma série de TV.

FURY E SHIELD
Achei que Coulson e os Agentes da SHIELD (série de TV) iriam finalmente aparecer na telona. Vou ter que ver a próxima temporada da série para saber qual a justificativa dada para a não participação deles. Mas vem cá... e o Fury? No meio daquele mega “exército do Bem” tinha alguma coisa da SHIELD? Ou do exército? Nada? Ruim, hein?




THANOS (E A GUARDA NEGRA)
Quando Guerra Infinita terminou, eu pensei: "Como será fazer outro filme de 3 horas sem vilão?" Afinal, Thanos venceu. A solução encontrada? Voltar no tempo e trazer todos os vilões de volta... Cara... isso é MUITA preguiça. Até porque a Guarda Negra, por exemplo, praticamente não aparece. Os Chitauri são bucha de canhão. As naves-lagarto talvez sejam a coisa mais acertada visualmente. Mas... peraí... como o exército Chitauri chegou na Terra do presente??? A Nebulosa má trouxe através do Reino Quântico somente a nave de Thanos!!!

A desculpa dos diretores: Fauce de Ébano é mágico e fez engenharia reversa nas partículas Pym. PQP! Ele fez isso quando e como? Em segundos ele descobriu o Reino Quântico e trouxe todo mundo no tempo? Se descobriu o tempo, porque não voltou com o Thanos e destruiu a parada toda antes? RUIM! MUITO RUIM!


E ainda tem o “problema Thanos” que falei anteriormente. Em Guerra Infinita, nós o vemos desde sempre com a manopla, então é difícil de mensurar suas reais capacidades de combate. Tem uma cena em Titã que o Homem de Ferro consegue feri-lo e ele fala “tudo isso por uma gota de sangue” antes de tacar uma lua inteira no herói. Aí você chega no Ultimato e o vê com uma espada enfrentando TODOS OS HEROIS, SEM TER A MANOPLA, E DANDO UMA COÇA EM TODOS (menos uma)!!! Pode ter dois martelos, Thor, que não adianta... Capitã Marvel, Pantera Negra, Homem de Ferro... não importa: Thanos é virtualmente invencível. Somente a Feiticeira Escarlate é capaz de derrotá-lo.

Será?

Ou os roteiristas reduziram o poder de TODO mundo (inclusive tirando o Hulk da equação) para que isso fosse possível. Convenhamos... Tudo bem que ele queria matar 50% da população universal, mas sendo imbatível assim, ele nem precisa de joias. Com isso, pelo menos, a Marvel criou seu primeiro vilão de verdade.

Ah... e antes que eu me esqueça: todos os planetas do universo tem oxigênio, né? Porra... tu faz um filme cheio de ficção científica e cagação de regra quântica, mas esquece que tem q usar capacete em Morag, Vormir, Titã e sei lá mais aonde? Erro primário...


E AGORA?
A Marvel elevou demais o nível de seus filmes e gerou expectativas imensas em torno do que faz. Sua fórmula parece ter se esgotado, então, fica realmente difícil de saber o que vem por aí. A compra da Fox que detinha os direitos das franquias do Quarteto Fantástico e dos X-Men (Deadpool incluído) somado à criação do seu canal de streaming (Disney+) deve dar uma boa chacoalhada nos planos vindouros, com mais interação entre cinema, TV e internet. São inúmeros os informes de séries de super-heróis em pré-produção.

Sabemos que Homem-Aranha, Dr. Estranho e Pantera Negra terão suas sequências; Guardiões terá sua trilogia terminada; e Viúva Negra terá (finalmente) seu filme. Já está em pré-produção um filme dos Eternos, seres considerados divinos que são uma evolução celestial do homem e acabou gerando os nossos deuses mitológicos. Parece que teremos Hércules no filme e Angelina Jolie já foi contratada para ser uma deusa. Esse filme deve envolver Thanos de alguma forma porque existe uma ligação entre os Eternos e o povo de Titã. Teorias apontam também que essa pegada espacial meio divina é para trazer Galactus e o Surfista Prateado para o MCU e, mais uma vez, abrir os caminhos para o Quarteto Fantástico.

Ao mesmo tempo, surgem rumores de um filme do Shang-Chi, um mestre chinês das artes marciais. Pode ser uma estratégia de mercado OU o MCU abrindo caminhos para os heróis mais “terrenos”, ou seja, Demolidor, Punho de Ferro, Cavaleiro da Lua... os chamados Marvel Knights.

Mas Tony disse: “parte da jornada é o fim”. Mas não o fim total. O fim de um ciclo, de uma era, de uma fase. Aguardemos o que vem por aí... lembrando que tudo que vier agora tem que estar CINCO ANOS A FRENTE DE NÓS, ou seja, os próximos filmes acontecem a partir de 2023, ou precisam ser colocados na linha do tempo corretamente logo de início.

Ou... com o sumiço de Loki (que ganhou uma série de TV), a Marvel abre as portas para as realidades paralelas. Esse tema é constante nos quadrinhos através da série “O que aconteceria se...” (What if...), onde histórias fechadas alteram pequenas coisas no passado e interferem no que conhecemos, como, por exemplo, imaginem se, ao invés de Steve Rogers, Howard Stark, pai do Tony, se tornasse o Capitão América. Como seria isso?

Essas realidades paralelas também abrem a possibilidade para a Viúva Negra estar viva (como falei acima) e da entrada do gene X no MCU, agora que a franquia X-Men é da Disney/Marvel.


CONCLUSÃO
“Tu não gostou do filme, né?” Não. Não gostei. Passei até a gostar mais de Guerra Infinita, mesmo achando errada a condução do filme. Minha ideia de Gamora estar viva (e todos) dentro da Joia da Alma era MUITO MAIS quadrinística e com menos chances de dar essa cagada toda. Foi um excesso de erros primários.

Lembro que sou fã colecionador, então, tenho uma visão diferente do MCU em si. O fato de ter esse monte de herói na tela me deixa esfuziante do mesmo jeito que me deixa crítico. Esses personagens e atores farão sempre parte do imaginário, já temendo inclusive a moda dos reboots (já que tem realidade paralela, tudo pode ser refeito ou ignorado, como as séries de TV dos Inumanos, dos Fugitivos e do Manto & Adaga, ou as da Netflix dos Defensores).

Mas eu quero é mais. Coloca na telona (ou na telinha) e eu vou ver. Sempre crítico, mas sempre empolgado.