terça-feira, 6 de março de 2012

Tão perto e tão longe...

Cerveja grátis?

Clique na imagem para aumentar e ver que uma diagramação tipográfica por mudar tudo...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deus escreve certo por Histórias Cruzadas

Tive um carnaval cinematográfico, tentando ver os filmes concorrentes ao Oscar para ter um preferido antes dos resultados de ontem. Nada me animava - nem mesmo o vencedor e o grande favorito -, mas eu de alguma forma sabia que Histórias Cruzadas (The Help, 2011) ia mudar essa sensação. E não deu outra. Saí do filme com a certeza que tinha visto um novo A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985). Resolvi até rever o filme para poder compará-los melhor.

O filme da magistral Whoopi Goldberg é mais visceral tanto para a violência quanto para os sentimentos mais doces. É quase impossível não ter um nó na garganta ou lágrimas escorrendo em liberdade nas cenas finais. Tudo é sentido com muita força. Também... dirigido por Steven Spielberg, produzido por Quincy Jones, com Danny Glover e Oprah no elenco... podia se esperar menos? Fora isso, A Cor Púrpura é um filme negro que fala da violência entre eles mesmos a partir da imposição social/racial da época.

Então, me lembrei de outro filme, Uma história americana (The long walk home, 1990) - também com Whoopi -, que fala da violência do preconceito racial na década de 1950 e do boicote aos transportes públicos pela comunidade negra. Neste filme, empregada e patroa se unem como forma de resistência.

É aí que vem as Históras Cruzadas. Skeeter (Emma Stone) é uma garota branca da elite de Jackson, Mississipi (em 1962), que retorna determinada a se tornar escritora. Por questões pessoais, ela decide entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos das jovens madames. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões, como a da indomável Minny (Octavia Spencer), empregada cheia de atitude de Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), a megera manda-chuva.


Este novo filme não é tão duro quanto os outros que mostram cenas de violência explícita. A violência aqui está implícita nas tramas preconceituosas, nas atitudes verbais. É mais intimista ao apresentar a luta racial por causa do uso do banheiro. É o ciclo paradoxal construído na permissão dada aos negros para criar os filhos brancos que crescem e passam a desrespeitá-los (ressalva: nem sempre existe o desrespeito). Mas isso não diminui em nada a força de seus questionamentos. Pelo contrário...é exatamente onde encontra sua grandeza.

Com belíssimas atuações (destaque total e absoluto para as coadjuvantes: a oscarizada Octavia Spencer e a indicada Jessica Chastain), o filme também aborda o sexismo da época: mulheres eram doutrinadas ao casamento e à família, independente de seus sonhos de ser alguém na vida.


É previsível e estereotipado? Até é. Falar de racismo no século XXI pode parecer antiquado quando o presidente dos EUA é negro. Mas, para mim, o objetivo do filme é mostrar a sutileza do racismo, que ele ainda está entranhado na sociedade sem precisar de estouros de violência. Que ele está nas palavras, nos gestos. O filme veio para nos fazer refletir sobre um passado que teima em não ficar distante. Alíás, a cena final de Viola Davis andando pela rua é uma bela metáfora para o longo caminho (long walk) que ainda temos que percorrer.

PS.: Em inglês, o filme se chama The Help. No filme, o livro escrito também se chama assim, mas é traduzido como A Resposta - o que seria um bom título para a película. Mas durante o filme ficamos sabendo que o significado de The Help é literal, ou seja, A Ajuda, que são os ajudantes, as empregadas domésticas.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Gols rubro-negros pela história!

Apesar da dificuldade em fazer gols que o Flamengo vem passando ultimamente (sem comentários para o lance do Deivid), não foi sempre assim para quem já teve Leônidas, Zico, Nunes, Júnior, Bebeto, Romário, Adriano, Petkovic e por aí vai. Se você está com saudade de ver esses gols, vá até o blog Fla Museu que possui uma invejável videoteca de gols do Flamengo em toda sua história!


Flamengo 2 x 1 Fluminense, pelo 1º turno do Campeonato Carioca (02/06/1940), em São Januário. Gols rubro-negros de Leônidas e Sá.

O blog é administrado pelo carioca saudosista e entusiasta Marcelo Espíndola.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Metalinguagens cinematográficas

Seja de forma quase ingênua e documental ou de forma fantasiosa e infantil, os filmes O Artista (The Artist, 2011) e A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011) abordam nostalgicamente a história do cinema.

O Artista é ousado por natureza: um filme MUDO em preto e branco nos dias de hoje! Como fazer os espectadores do século XXI com seus filmes 3D e épicos intergalácticos pararem para ver um simples filme sem diálogos falados e sem cores?

O filme começa em 1927, exatamente quando o primeiro filme sonoro (O Cantor de Jazz) chegava aos cinemas (este tema já rendeu clássicos como Crepúsculo dos Deuses e Cantando na Chuva). Acompanhamos, então, a jornada de George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo aproveitando seu último sucesso antes de Hollywood se deslumbrar com o som. O orgulhoso ator confia em seu trabalho e se recusa a entrar na nova onda. Em paralelo à sua desgraça, vemos a garota anônima que ele ajudou a ingressar no showbiz voar alto na indústria e se tornar Peppy Miller (Bérénice Bejo), a queridinha do cinema falado.


O filme é simples... BEM simples. E com roteiro previsível. Lembre-se também que é um filme mudo feito com a tecnologia e os recursos de hoje. A edição sonora da cena que o protagonista tem pesadelos com a chegada do som merece um grande destaque. A força das atuações é o que realmente vale. Não considere as caretas exageradas nos momentos metalinguísticos do filme (ou o cachorrinho fofinho), mas a capacidade dos protagonistas em somente com os músculos do rosto expressar toda e qualquer emoção (percebam James Cromwell, o motorista).



Hugo é um filme família infanto-juvenil que nos conta a aventura de um órfão (Asa Butterfield) em busca de uma mensagem de seu falecido pai (Jude Law). Na verdade, ele precisa é encontrar seu lugar no mundo. Para isso, ele tem que consertar o robô deixado por seu pai com ajuda de uma menina bem sabida (Chloë Grace Moretz). De repente estamos no meio de um mistério: quem é realmente o dono da loja de brinquedos (Ben Kingsley)? Qual sua relação com o robô? Porque ele odeia tanto o cinema?

O problema é esse "de repente". O filme parece começar de um jeito e do nada termina previsivelmente. São inúmeros personagens descartáveis em um filme 3D que transforma Paris numa belíssima engrenagem de um relógio. A idéia de colocar o órfão como um diretor de cinema usando os relógios como suas lentes do mundo/estação de trem é uma boa sacada de Scorcese (diretor). Colocar atores que participaram da franquia de Harry Potter também (Narcisa Malfoy / Helen McCrory, Tio Dursley / Richard Griffiths e Madame Maxime / Frances de la Tour). Mas, apesar das ótimas relações com os sonhos e com as mágicas ilusionistas, conhecer a história do cinema nesta fábula é mais interessante, porém menos emocionante.



Diz muito sobre o Oscar o fato de ambos os filmes serem os campeões de indicações em 2012, respectivamente em 10 e 11 categorias, em um momento em que os grandes estúdios pensam em como evitar a evasão das salas e o poder da pirataria. Entre eles, não sei quem ganha. Um é "mais arte" enquanto o outro tem Martin Scorcese. Mas confesso que já vi disputas melhores.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Dama de todos os metais

Ninguém decide ir ao cinema ver Dama de Ferro (The iron lady, 2012) para saber mais sobre Margareth Tatcher ou sobre a história recente da Inglaterra. Todos querem ver Meryl Streep. E vale qualquer centavo.

O filme retrata a ex-primeira ministra inglesa (hoje com 86 anos) como uma senhora semi-senil, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada (difícil não se sentir penalizado diante da interpretação de Streep) tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, discutindo com o fantasma de seu marido Denis (Jim Broadbent). O foco do enredo, então, está na humanização dessa polêmica personagem, que governou a Inglaterra entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo e entrando em guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas/Falklands.



Maggie pode ter sido a Dama de Ferro do mundo na década de 1980, mas Meryl Streep é a Dama de Ouro, Platina, Chumbo, Aço... quaquer metal que você pensar, ela é capaz de transformar em nobreza. Ela é foda como Julia Child, como Irmã Aloyisis, como tudo que faz. Ela é PHODA e ponto final. Com PH mesmo.


PS.: Vale o destaque para a maquiagem. Não só a dentadura e o cabelo, mas a personagem em idade avançada está perfeita. O movimento do rosto, das rugas... soberbo.