segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Arte contra o tédio

Em um final de semana tomado pela preguiça (e pela alergia), só a arte poderia me salvar...

ISLÃ
A exposição Islã no CCBB precisa ser visitada, principalmente para reduzir preconceitos e apresentar uma cultura riquíssima de rara beleza. São mais de 300 obras em uma cenografia bem trabalhada (destaque para as vitrines em estrela, os painéis inclinados e as cores e adesivos nas paredes) que contam a história, a religião e a arte da cultura islâmica em 14 séculos! O CCBB botou uma fonte no pátio de sua clarabóia e a entrada do auditório ganhou cenografia árabe também. Atentem para as filigranas, os detalhes que aparecem em TUDO! A área de caligrafia é um show a parte com destaque para a brincadeira no título da exposição, assim como o estudo geométrico que mostra a intencionalidade dos desenhos (meu lado designer explica esse comentário).

"O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos". (Texto de Moafak Dib Helaihel em estilo diwani jali. Séc. XXI, Líbano. Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul-Países Árabes / BibliASPA). Bonito, não?

É um exposição grande, quase didática, densa de informações no início. As ressalvas vão para as legendas em adesivo metalizado que refletem a luz e dificultam MUITO a leitura, o aproveitamento de alguns espaços em nome da cenografia e o som ambiente da última sala que deveria estar em toda a exposição. A mostra vai até 25 de dezembro e é GRATUITA, portanto, não tem porquê não ir.

KEITH HARING - SELECTION WORKS
Desde que soube que essa exposição viria para cá, eu me agendei. A mostra traz mais de 90 obras para celebrar a vida desse artista engajado com as causas sociais. Keith buscou uma arte verdadeiramente coletiva, inspirada no graffiti para criar obras de linhas grossas, cores vibrantes e figuras características que se tornaram uma linguagem visual do século XX. Pop Art pura!

Muito interessante a última sala da exposição, do Arquivo Pessoal. Além de dois vídeos, vemos fotos e produtos de Keith, com destaque para sua relação com o Brasil em polaróides e uma divertidíssima carta. Fica até 28 de novembro na Caixa Cultural e também é GRATUITA!


Faço um comentário aqui: ao lado de Keith, a Caixa Cultural colocou uma mostra de xilogravuras de Márcio Pannunzio. O contraste é absurdo! Keith tem uma obra vibrante, colorida, aberta. Márcio faz um trabalho monocromático de preto, pesado, erótico, confuso. Por isso, sugiro que você veja as xilogravuras primeiro. Você vai se sentir outra pessoa ao entrar no mundo de Keith.

ARQUIVO GERAL
A mostra Arquivo Geral foi criada para aproveitar a ferveção artística gerada pela Bienal Internacional de Artes em São Paulo. Onze galerias liberaram obras de mais de 70 artistas para várias mostras no Centro do Rio de Janeiro - capitaneado pelo Centro Cultural da Justiça Federal -, com o objetivo de colocar a cidade no circuito mundial das artes.

Fui em dois lugares que não conhecia: o Centro Municipal de Artes Helio Oiticica e (pasmem!) o Centro Carioca de Design, ambos nos arredores da Praça Tiradentes. Gostei bastante dos espaços e vi muita coisa interessante na difícil arte contemporânea:

Holothuria, de Alessandra Vaghi (2010).

Caixa Árvore e Caixa Escada, de José Bento (2009).

Uns trocados, de Rodrigo Torres (2010)

Repito, então: só a arte salva!

sábado, 16 de outubro de 2010

Que assim seja!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aos mestres com humor

Nada como o humor do Dr. Pepper pra comemorar o dia de hoje:


Parabenizo, então, aqueles que transmitem conhecimento como forma de vida.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Procure o visível invisível

Vi esse post do designer João Faraco, no blog Caligraffiti, em 29 de agosto, e achei fundamental colocar aqui:

Estação de metrô de Washington (EUA) em uma manhã fria de janeiro de 2007. Um homem tocou violino por cerca de uma hora. Durante esse tempo, cerca de 2 mil pessoas passaram pela estação, a maioria deles no seu caminho para o trabalho.

Após três minutos, um homem de meia idade percebeu que havia um músico tocando. Ele diminuiu o passo e parou por alguns segundos e, em seguida correu para cumprir sua agenda... Quatro minutos depois, o violinista recebeu seu primeiro dólar: uma mulher jogou o dinheiro no chapéu e continuou caminhando. Pouco depois. um jovem encostou na parede para ouvi-lo, mas logo olhou para o relógio e começou a andar novamente. Dez minutos depois de ter começado a tocar, o violonista foi apreciado por um menino de 3 anos, mas sua mãe puxou-o junto às pressas. O garoto parou para olhar para o violinista novamente, mas a mãe pressionou a criança que continuou a caminhada, virando a cabeça o tempo todo. Essa ação foi repetida por vários outros filhos. Todos os pais, sem exceção, forçaram seus filhos a passar rapidamente.

O músico tocou continuamentem por uma hora. Apenas seis pessoas pararam e escutaram por algum tempo. Cerca de 20 deram dinheiro, mas continuaram andando. O homem reuniu um total de US$32. Ao terminar de tocar, o silêncio tomou conta. Ninguém notou. Ninguém aplaudiu, nem houve qualquer reconhecimento.

O violinista era Joshua Bell, um dos maiores músicos do mundo. Ele tocou uma das peças mais complexas de Bach, com um violino de US$3,5 milhões. Dois dias antes, Joshua esgotou os assentos de um teatro em Boston, com convites a partir de US$100. Esse evento foi organizado pelo Washington Post como parte de um experimento social sobre a percepção, o gosto e as prioridades das pessoas, levantando questões como: em um ambiente comum em uma hora imprópria, percebemos a beleza? Paramos para apreciá-la? Reconhecemos o talento em um contexto inesperado? Uma das conclusões foi que provavelmente estamos perdendo muito em nosso cotidiano por não termos mais tempo de apreciação.

João ainda termina o post com uma excelente frase que ele ouviu do designer americano Joshua Davis: É difícil enxergar o seu ambiente quando você está no seu ambiente. Procure o visível invisível.

Reflitamos bastante sobre isso. Mesmo.

Ps.: Valeu por compartilhar esse post, Michel!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A lenda dos guardiões

Estava sentindo falta de ir ao cinema. Mas, por causa do alto preço, só tenho ido ver filmes que valham a pena ser vistos no cinema, ou seja, que a imagem e o som sejam preponderantes para o sucesso do filme. Por isso, filmes de comédia, drama e romance ficaram para TV. Filmes de ação, ficção, fantasia e animações ficam pra telona.

Sendo assim, fui ver A Lenda dos Guardiões (Legend of the guardians - The owls of Ga'Hoole, 2010). O filme segue todas as regras mitológicas de uma aventura fantasiosa a la Joseph Campbell: arquétipos clássicos, jornada do herói que começa com uma ruptura e por aí vai, o vilão, o herói. Mas não achei um filme infantil não... afinal, existe bastante violência entre as aves, com direito a crianças (filhotes) em situações de torturas, seqüestro, lavagem cerebral, recrutamente à guerra e treinamento de combate. A sinopse diz:
Soren (Jim Sturgess) é uma corujinha que passou toda sua vida idolatrando os Guardiões de Ga´Hoole, mítico grupo de corujas guerreiras que venceram uma grande ameaça. Kludd (Ryan Kwanten) é o invejoso e ciumento irmão de Soren, que não acredita nas lendas e vive tentando atrair a atenção de seus pais a qualquer custo. Enquanto treinam seu vôo, ambos acabam capturados pelos Puros, um grupo de elite de corujas que pretende dominar toda a espécie. Enquanto Kludd é seduzido pelo poder dos Puros, Soren encontra alguns aliados para buscar a ajuda dos Guardiões e salvar o futuro das corujas.


Por ser um filme de vôo, vale a pena ser visto em 3D. Mas independente desses efeitos visuais, o filme é belo. Cenas e mais cenas que deveriam ganhar um prêmio de fotografia, se não fossem criadas por computador. Os animais estão muito bem feitos com um nível de realidade nas texturas impressionante. Por ser do mesmo estúdio do Happy Feet (Happy Feet, 2006) em vários momentos me lembrava desse bom filme. O diretor Zack Snyder mostrou que sua marca é usar câmeras em slow motion máximo - que ele usou em 300 (2006) e Watchmen (2009). Vale ver no cinema. E em 3D.




PS.: Destaco aqui o excelente curta de animação com Papa-Léguas e Coiote em 3D que vem antes do filme. Viva a evolução tecnológica!