Caraca...
Bom... nem sei por onde começar... talvez pelos trocentos anúncios que foram colocados. A cada cena, um anúncio... e isso não fez o menor sentido na TV brasileira. Na TV americana, até vai, pois o valor dos comerciais foi caríssimo (até U$950 mil!). Mas aqui, a AXN ficava passando sua programação. Será que o canal não poderia ter reduzido as horas ininterruptas de comerciais para reduzir o tempo de espera do fim? Com certeza... Isso pra mim detonou um pouco... quando eu estava engrenando na emoção... PÁ... anúncio... quando eu estava começando a criar uma teoria... PÁ... um anúncio. Péssimo. Provavelmente essa foi uma outra razão para os baixos índices de audiência na TV americana.
Agora... todo mundo morto é sacanagem. É muito Caverna do Dragão! É muito Sexto Sentido! Já falavam sobre isso no fim da primeira temporada! Ouvi uma teoria que a ilha seria o purgatório e que todos precisavam expiar seus pecados por lá. Por isso a gente ficava sabendo do passado dos personagens. As mortes na ilha seriam a passagem para o Paraíso, como se eles tivesse sido perdoados. Mas aí eles saíram da ilha... e aí? Como ficou essa teoria? Furada! E pior... eles voltaram pra ilha! Aí surgiu a teoria de que eles estaria numa experiência científica da Dharma Iniciative que os deixavam em coma (como o filme A Cela) para estudar o consciente coletivo. Aceitei essa teoria. Levei adiante... até que chegaram Jacob e o Homem de Preto. E toda a espiritualidade que afastou o mundo da ciência... O eterno embate entre Jack e Locke, o homem da ciência e o homem da fé. Isso estava acontecendo dentro de mim... a história do coração da ilha, dos irmãos imortais, tudo sobre a fumaça negra, do Bem vs. Mal... não comprei nada disso. Fiquei até meio incomodado. Por isso, continuei buscando um final científico pra tudo. O penúltimo episódio ainda me mantinha no rumo.
Mas tá... eles estavam mortos... desde quando? Quando o avião caiu ou quando a bomba explodiu? Eu acho que foi quando a bomba explodiu. Ou então vou ter que considerar que tudo que eles viveram foi em vão! NÃO! NÃO!
E é aqui que me dei conta que o principal da série não era decifrar os mistérios absurdos, mas saber o que iria acontecer com os personagens. Eles são os verdadeiros mistérios... saber como eles chegaram até ali, como eles vão reagir aos extremos da ilha e como eles vão acabar (ou poderiam acabar). O programa de recapitulação foi incrível. Toda hora eu me arrepiava ao lembrar das três primeiras temporadas. Excelentes! Ficou visível que eles decidiram pelo final só a partir daí, porque a série muda a partir da quarta temporada. Os depoimentos dos personagens foram muito bons:
- JACK: O herói. E o melhor: o herói falho. Essas falhas o tornavam verossímel. Sua passagem da ciência para a fé beirou a loucura. O quarteto amoroso entre ele, Kate, Sawyer e Juliet sustentou até o fim, com a divisão correta no final. Tinha que terminar em sacrifício. Era o fim de justo, o fim do herói, do mártir. Aliás, começou com ele acordando no bambuzal e terminou com ele morrendo no mesmo bambuzal. Épico.
- KATE: A heroína também falha. Mesmo que a gente concorde com seus motivos, ela é uma criminosa. Mas é a personificação da força da mulher, capaz de amar, sofrer, ser mãe, atirar, matar e - até mesmo - ser a melhor rastreadora de todos! Seu despertar com Claire e Charlie foi ótimo.
- SAWYER: O anti-herói. Pra mim, o melhor. O personagem em constante busca da redenção. Sua falhas são óbvias, mas a gente queria ver ele se consertando. E seu amor com Juliet foi o que todos pedimos. E com a morte de Juliet, Sawyer passou a ser o nosso injustiçado. Até que, no "universo paralelo", ambos se encontraram e tiveram um dos momentos mais emocionantes da série. O despertar dos dois me arrepia até agora!
- LOCKE: A esperança, o mistério. Desde o início, Locke era o personagem que nos trazia os mistérios da ilha e que fazia a gente acreditar que tinha alguma coisa diferente ali. Seu passado sofrido, fazia com que tivéssemos pena do personagem, permitindo que ele fizesse suas estripulias insanas pela ilha. É responsável por número infinito de cenas incríveis ao longo da temporada: da escotilha a sua morte. Terry O'Quinn se mostrou um ator de altíssimo nível no papel da vida dele. ATENÇÃO: não estou falando do Dark Locke... pra mim, esse é outro personagem.
- BEN: O verdadeiro vilão. Talvez um dos melhores dos últimos tempos. Rever suas primeiras participações na série e toda sua transformação é bárbaro! Ele é FODA! O que dizer do assassinato de Locke ou de suas manipulações quando era refém? Absolutamente sensacional! E vocês sabiam que ele só ia ficar por seis episódios? HA! Ele tinha que ser despertado na surra mesmo! E vai dizer que, mesmo sendo manipulador até o fim, você não gostou da família louca formada por Ben, Rousseau e Alex? FODA!
- HURLEY: Todos amam o Hugo. O alívio de toda a série e de todos os personagens. Carisma puro. Todos torciam por ele e, por causa disso, Libby ganhou uma força fora das telas que a fez retornar para o fim. Assumir o manto de guardião foi emoção pura. Eu achava que seria o Jack (afinal, Shephard é parecido com shepherd, pastor em inglês) e estava certo até essa cena incrível onde tudo ficou certo. Quem seria melhor para defender o coração da ilha senão aquele que tem o maior coração de todos? E ao lado daquele que melhor conhece a ilha... ainda melhor!
- KWON: O casal coreano foi ganhando força aos poucos, porque era uma cultura diferente, uma língua diferente, tradições diferentes... americanos não gostam disso. Até que a gente fica sabendo do passado complicado dos dois. A série faz de tudo para separá-los... acho que eles ficam totalmente juntos por poucos episódios. Mas eles sempre se juntam... mesmo depois de duas temporadas inteiras separados pelo tempo e pelo espaço. Aí... no episódio seguinte... a morte mais emocionante de todas. Quem não queria o despertar deles?
- SAYID: O soldado, o guerreiro. Era o pau pra toda obra. A violência que marcava sua vida não gelava seu coração. Até que ele morreu e pirou. Mesmo assim, teve forças pra se sacrificar por todos. Ouvi dizer que seu personagem perdeu força, porque o ator andava fora dos eixos. Mas eu gostava dele.
- DESMOND: A constante. Enigmático do início ao fim. Entrou como o "melhor amigo do herói" que iria ficar alguns episódios e acabou como "a arma". Até hoje não entendo metade das coisas que aconteceram com ele na ilha, fora da ilha, no reotrno a ilha, como arma, como experimento eletromagnético, como guia do despertar... Mas o carisma do ator e do personagem e as histórias ao redor do "Penny's Boat" já são ícones da TV.
E ainda tinha Claire, Charlie, Rose e Bernard, Michael, Walt, Mr. Eko, Ana Lucia, Penny, Widmore, Miles, Faraday, Charlotte, Richard... Fiquei com a impressão que o "universo paralelo" era realmente o "final feliz", aquele que todos os fãs de novelas da Globo pedem. Enquanto isso, na ilha, acontecia o "verdadeiro final": o sacrifício de Jack, Hurley e Ben como guardiões da ilha e Lapidus tirando Miles, Richard, Claire, Kate e Sawyer de lá, para um mundo onde o acidente aconteceu.
Pra mim, Lost ainda não acabou. Tenho muito o que refletir e pensar sobre isso e - provavelmente - ver toda a série de novo. Ainda não estou pronto para o meu despertar da série... para moving on como disse Christian Shephard (aliás, vocês perceberam que esse nome significa "pastor cristão"?). Vou ter que aguardar o DVD com 20 minutos a mais pra saber:
- Walt? Michael? Mr. Eko? Ana Lucia? Charlotte? Miles? Dr. Chang? Não estavam prontos para o despertar? São especiais?
- Que cachorro é esse, gente? Vincent some, aparece, some, aparece e termina deitado docemente ao lado do héroi rasgando uns "óóóóó que fofo" de todo mundo! Só falta alguém me dizer que ele é um anjo...
- Os números malditos existiam antes do avião, certo? Então, os candidatos de Jacob já estavam definidos antes também. Então, pra quê o avião caiu e sobreviveu tanta gente? Por que Jacob levou mais de 120 capítulos pra explicar isso tudo?
- Charles Widmore já estava morto há muito tempo também? E aquele povo todo do cargueiro? E o povo todo da Dharma Iniciative? E os outros??? MEODEOS! Quanto morto!
- Eloise Hawkins é médium? O pêndulo é uma tábua de Ouija?
- Por que Jacob e o Homem de Preto eram imortais?
- O que tem a ver viagem no tempo com isso tudo?
- A Penny estava na igreja por quê? Ela morreu?
- Como Ben saiu debaixo do enorme tronco de árvore que o prendeu durante a tempestade na ilha? Só porque ele sabia onde estava o barco de Locke, ele conseguiu se teletransportar?
- O confronto final Jack/Locke começa e termina na chuva. Depois dos comerciais... cadê a chuva??? MEODEOS! (pra mim... essa foi de amador! E não me venha com a desculpa que foi uma chuvinha de verão, porque eles passaram o tempo todo dizendo que estava vindo uma tempestade fortíssima. Caído.)
- Como fica então: Hurley, Ben, Desmond, Claire, Kate e Sawyer estão na igreja, mas também estão na ilha. Eles despertaram ou não? Morreram ou não? Lapidus, Richard e Miles não aparecem na igreja, então, dane-se...?
- O que era o coração da ilha, afinal? Ficou com cara de ET, não?
- O que era a fumaça preta afinal??? Tinha consciência, queria sair da ilha, podia se transformar nos mortos, foi criada a partir do Homem de Preto no coração da ilha... e aí?
- Aliás... quando a ilha sumiu... sumiu qual? A maior, a da Hidra ou ambas?
- Cadê o Rodrigo Santoro, vulgo Paulo, gente?
- ...
3 comentários:
Essas são apenas algumas considerações de uma pessoa que não é uma expert em Lost, longe disso. Vi as 4 primeiras séries em DVD e depois ora via uma ou duas semanas, ora passava quase um mês sem ver. Entretanto, lamento o seu desapontamento mas já tinha me passado de leve pela cabeça a hipótese de estarem todos mortos.
Apesar de minha formação católica não acredito em Céu, Inferno e muito menos Purgatório. Via a ilha como uma espécie de limbo para "almas" que ainda não tinham encontrado seu verdadeiro destino (isso está ficando meio Espírita!).
Essa idéia se fortaleceu em mim quando se acentuaram os flashacks e os flashwards, um permanente ir e vir como se aquelas pessoas buscassem solucionar pendências do passado para poder realmente encerrar suas vidas. Houve momentos que lembrei de uma técnica psi que andou muito em moda, sobretudo, é claro, nos EUA, chamada Terapia de Vidas Passadas e que andei lendo, não sei quando, numa revista já não muito recente.
Procure me relembrar uma personagem que não tivesse lá para trás algo complicado, mal resolvido, mal amado (o próprio Hurley, aparentemente tão amado, várias vezes demonstrou não se sentir assim) no meio de tantas explosões de bombas, navios, aviões, ataques dos "outros", etc, etc?
Quanto à "fumaça negra", que passava tão rápida, que tal pensar na fluidez e na efemeridade da vida? (muito rebuscado? Talvez, mas por que não?)
De qualquer forma concordo que eles se perderam para fechar a história, que o excesso de anúncios foi insuportável, que as explicações dadas durante as entrevistas deixaram muito mais dúvidas, que a cena do cachorro foi over e, quanto ao Rodrigo Santoro, não quiseram ele nem como morto.
Obs: a chuva que sumiu é digna de ser enviada para aquele programa What's On onde eles apresentam os erros dos continuístas. Foi brabeira.
acabo de ler que a ilha era real (como christian shephard fala). lembrem que hurley e ben falam na porta da igreja que eles FORAM excelentes guardiões, ou seja, eles realmente estiveram lá.
após a bomba, o consciente coletivo dos personagens cria um mundo paralelo psíquico onde eles estão juntos. christian também fala que uns morreram antes dele e outros um bom tempo depois, ou seja, o mundo paralelo tem um tempo próprio.
mesmo mortos na vida real, os personagens ficam presos nesse mundo psíquico e aí se liga à teoria do progatório das almas.
entenderam? será isso? mas se a ilha era a real... a fumaça era real? ai... ai...
Você já pensou na Ilha, como uma imagem simbólica?
Cercada por todos os lados, dela não se sai, da mesma forma que não há saída para a morte?
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