Ninguém decide ir ao cinema ver Dama de Ferro (The iron lady, 2012) para saber mais sobre Margareth Tatcher ou sobre a história recente da Inglaterra. Todos querem ver Meryl Streep. E vale qualquer centavo.
O filme retrata a ex-primeira ministra inglesa (hoje com 86 anos) como uma senhora semi-senil, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada (difícil não se sentir penalizado diante da interpretação de Streep) tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, discutindo com o fantasma de seu marido Denis (Jim Broadbent). O foco do enredo, então, está na humanização dessa polêmica personagem, que governou a Inglaterra entre 1979 e 1990,
notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo e entrando em guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas/Falklands.
Maggie pode ter sido a Dama de Ferro do mundo na década de 1980, mas Meryl Streep é a Dama de Ouro, Platina, Chumbo, Aço... quaquer metal que você pensar, ela é capaz de transformar em nobreza. Ela é foda como Julia Child, como Irmã Aloyisis, como tudo que faz. Ela é PHODA e ponto final. Com PH mesmo.
PS.: Vale o destaque para a maquiagem. Não só a dentadura e o cabelo, mas a personagem em idade avançada está perfeita. O movimento do rosto, das rugas... soberbo.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Uma lição a cada minuto
Invictus (2009) não é só um filme. É uma aula de vida. A sinopse diz o seguinte:
Agora esqueça toda a informação de que é um filme sobre rugby. O jogo é só pano de fundo para mostrar o imperfeito herói de uma nação. Um herói da humanidade. Capaz de perdoar seus agressores após quase três décadas de prisão. Capaz de ver a alma e não a cor. Acho que qualquer outra coisa que eu escreva aqui sobre Nelson Mandela ficaria cliché. Só sei que me sinto um felizardo por viver na mesma época que Madiba.
Sequências de cenas – como da relação entre as equipes de segurança, da empregada na casa de Pienaar, do time fazendo caridade na parte negra da cidade e do garotinho que inicialmente recusa a camisa do time, mas no fim de arrisca a ouvir a final da Copa do Mundo de Rugby com os policiais – são de uma grandeza ímpar. Tiro o chapéu para a direção de Clint Eastwood. De Morgan Freeman, não esperava menos: ele desaparece no personagem.
"Invictus" significa invencível em latim e é também o título de um poema de William Henley que pode ser traduzido da seguinte forma:
Não sei porque levei três anos para ver esse filme. Mas tenho certeza que verei outras vezes. Recomendo e OBRIGO que seja visto.
Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do Apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rugby, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião François Pienaar (Matt Damon), capitão da péssima equipe sul-africana, e o incentiva para que a selação nacional seja campeã.
Legenda em português de Portugal
Agora esqueça toda a informação de que é um filme sobre rugby. O jogo é só pano de fundo para mostrar o imperfeito herói de uma nação. Um herói da humanidade. Capaz de perdoar seus agressores após quase três décadas de prisão. Capaz de ver a alma e não a cor. Acho que qualquer outra coisa que eu escreva aqui sobre Nelson Mandela ficaria cliché. Só sei que me sinto um felizardo por viver na mesma época que Madiba.
Sequências de cenas – como da relação entre as equipes de segurança, da empregada na casa de Pienaar, do time fazendo caridade na parte negra da cidade e do garotinho que inicialmente recusa a camisa do time, mas no fim de arrisca a ouvir a final da Copa do Mundo de Rugby com os policiais – são de uma grandeza ímpar. Tiro o chapéu para a direção de Clint Eastwood. De Morgan Freeman, não esperava menos: ele desaparece no personagem.
"Invictus" significa invencível em latim e é também o título de um poema de William Henley que pode ser traduzido da seguinte forma:
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Não sei porque levei três anos para ver esse filme. Mas tenho certeza que verei outras vezes. Recomendo e OBRIGO que seja visto.
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sábado, 18 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Entre trópicos
A incrível estante "Fear", de Ivan Capote. |
A curadoria (da cubana Íbis Hernández Abascal e da brasileira Marisa Flórido Cesar) queria estabelecer pontos de contato entre artistas contemporâneos dos dois países (11 de cada) e somos presenteados com expressões de altíssima qualidade. São obras que se relacionam em diversos suportes e nos oferecem olhares distintos e interessantes sobre seus discursos, como o Hino dos Vencedores, de Cadu, e o Mundo Interpretado IV, de Glenda León. Gastem tempo na excelente parede de Lázaro Saavedra.
Tenho pouco a escrever porque acho que todos deveriam ter essa experiência. Fica até 25 de março.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Modigliani e os outros
Fui ver a exposição Modigliani - Imagens de uma vida no Museu Nacional de Belas Artes, que está sendo descrito como um dos mais importantes eventos do calendário oficial do Momento Itália-Brasil em 2012. São 54 pinturas, 5 esculturas não-originais, 55 desenhos, 2 livros e 1 litografia, além de documentos, fotos, diários e manuscritos de Modigliani e de importantes artistas da sua época, num total de 230 peças para o público ter acesso a um rico panorama da vida artística parisiense e italiana do século XX.
E é com isso em mente que você deve ir à exposição. Não vá esperando ver inúmeras obras de Modigliani. Elas estão lá no centro das salas, mas as paredes estão lotadas de outros artistas que contextualizam o pintor. Essa estratégia só se mostra válida na última sala, onde vemos a pintura da jovem Céline Howard (abaixo) feita por ele e por outro pintor. A modelo posou para os dois, mas as visões são completamente diferentes. Veja primeiro a de Modigliani e tente imaginar como seria a modelo. Depois veja a do outro pintor, que é mais anatomista e, portanto, se aproxima um pouco mais da realidade.
É interessante ver a cronologia da vida do artista que liga sua deterioração física ao seu amadurecimento artístico. Toda sala tem um bom panorama explicativo. Mas são poucas as legendas que explicam as tais fotos, diários e manuscritos. Dá vontade de saber mais. Dá vontade de entender melhor o processo que o levou conhecer e trabalhar com esculturas, pois é visível o quanto isso influenciou sua pintura.
Boa, mas me deu a impressão que poderia ter sido melhor. Tinha potencial para isso. Me deu até vontade de me fazer a la Modigliani...
Autorretrato digital a partir do retrato de Raymond Radiguet, pintado por Amedeo Modigliani |
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