terça-feira, 6 de maio de 2014

Jesus Cristo Super-humano

Não era nascido quando Andrew Lloyd Weber e Tim Rice criaram a opera rock Jesus Cristo Superstar (1970) que causou polêmica com sua versão dos últimos dias desse personagem religioso, comparando-o a uma celebridade com gírias de gangues e intensas disputas de poder. Sua relação complicada com Judas é o que norteia essa história, que ainda conta com a presença de Maria Madalena bem próxima a Jesus e com a ausência de Maria e José.

Imagino a confusão que não deve ter sido... E não parou por aí: em 1973, saiu uma versão cinematográfica (Jesus Christ Superstar) que colocou ainda mais lenha na fogueira. Considerando que era década de 1970 cheia de paz e amor, esperava-se mais liberdade e compreensão, mas, quando se mexe com religião e seus cânones, nada é seguro.

Aqui no Brasil tivemos uma versão em 1972 com tradução de - ninguém menos - que Vinícius de Moraes! E agora, em 2014, saiu a nova versão da peça (mais rock menos hippie) causando tanta polêmica quanto antes... afinal... estamos em tempos de conservadorismos hipócritas ligados à interpretações superficiais dos Evangelhos. Falaram até em excesso de sexualidade na interpretação de Jesus só porque botaram um bonitão sarado Global no papel (também culpa da imagem de divulgação aí embaixo).


Acontece que Igor Rickli SABE CANTAR! E muito! Já o tinha visto em Hair e ele realmente dá um show (como cantor, porque sua atuação é meio over)! Todos sabemos o enredo e aonde vai parar, mas como eles vão chegar lá e com que intensidade é o que interessa. Não há sexualidade, mas um jogo de poder forte que não se costuma abordar. Mostra-se um messias bem mais mortal, mais humano. Ele tem dúvidas, sofre, briga.

O Judas de Alírio Neto é o outro personagem principal e chega a parecer mais importante que Jesus com seus contrastes (menos a peruca horrorosa). Ele carrega o rock na voz e o emprega ao espetáculo. A cantora Negra Li traz suavidade e afinação à sua Maria Madalena. Os cenários são minimalistas e as atuações fora do tom. Por ser um musical espera-se grandes músicas, mas isso não acontece. Tirando um grande momento vocal de Rickli (em Getsêmani), uma ótima surpresa de Herodes (Wellington Nogueira) e os surpreendentes graves de Caifás (Gustavo Muller), nada se destaca. Só a história em si.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Deutscher Werkbund


Fundado em 1907, o Deutscher Werkbund - uma associação de arquitetos, artistas e empresários - tinha por objetivo melhorar a qualidade dos produtos industriais e teria sido o primeiro a pensar no desenho industrial e em uma identidade corporativa. "Não existia antes a profissão de designer industrial e o Werkbund tinha a preocupação de formar esses profissionais. Além disso, foram inovadores ao propor unidade e harmonia no design corporativo, criando uma identidade, presente da logo aos produtos", explica Martin Gegner, responsável por trazer a exposição 100 anos de Arquitetura e Design na Alemanha ao Brasil, que também é professor visitante da FAU-USP e diretor do escritório do DAAD-SP.

Apesar de muito influente no design e arquitetura internacionais, nem sempre a Deutscher Werkbund é reconhecido por seu trabalho. O objetivo da exposição é tornar toda essa influência mais visível. No Brasil, a associação é famosa apenas em círculos especializados: eu, por exemplo, que estudei na (ainda?) considerada melhor faculdade de design do país, nunca havia ouvido falar. E olha que Peter Behrens, presente na minha dissertação de mestrado na mesma instituição, era fundador! Sabe quem mais fazia parte do seleto grupo? Walter Gropius, Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Max Bill (que ajudou na fundação de tal escola!)! bom... por ser uma associação, o Werkbund estava constantemente discutindo seus direcionamentos formais e políticos, diferente da Bauhaus, cujos conceitos eram bem definidos pelos mestres (hmmm... será que está aí a explicação da doutrina que me ensinaram e continuam ensinando?).

A ótima exposição traz produtos, cartazes, móveis e maquetes... me deixou com um ar de enganado e de ignorante, porém, furiosamente instigado a saber mais e melhor. Ela ainda é gratuita e fica até 18 de maio no excelente Centro Cultural São Paulo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Centro Cultural São Paulo


Conheci o Centro Cultural São Paulo e fiquei impressionado. Inaugurado em 1982, a partir da necessidade de uma extensão da Biblioteca Mário de Andrade, transformou-se em um dos primeiros espaços públicos culturais multidisciplinares do país. Além dos inúmeros espaços de convívio - onde encontramos jogos de xadrez, ensaios de peças de teatro e de dança, grupos musicais e muita gente estudando ou relaxando -, o espaço oferece uma biblioteca, uma gibiteca (!!!), uma discoteca (!!!) e uma hemeroteca (coleção de jornais e revistas periódicas!!!), um teatro de arena, cinema, diversas áreas expositivas e jardins!

Não tem nada parecido no Rio de Janeiro. Nem mesmo o clima artístico que o lugar exala. Começo a entender porque sempre ouço que as opções culturais de São Paulo estão muito acima das do Rio. Culpa da praia? Ou do carioca?

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Cartazes do cinema nacional

Ziraldo
Também no MAM, estava a exposição 4x3: A arte do cartaz de cinema, com alguns exemplares de cartazes do cinema nacional realizados pelos incríveis Ziraldo e Benício. O texto da exposição de Hernani Heffner, conservador da Cinemateca, é tão didático e importante que vou reproduzir aqui:
O cartaz cinematográfico é uma peça publicitária prosaica e efêmera. Tem por função divulgar o filme e atrair o espectador para a bilheteria e para a sala de exibição. Em sua linguagem particular, constituída nas primeiras décadas do século XX em meio à formação da indústria cinematográfica, antecipa o gênero e por vezes o tom da narrativa, associando-os quase sempre à imagem dos protagonistas. O cartaz cinematográfico se insere também no chamado star system, a política de estrelismo que em geral conduz a relação da produção com o público, mas de forma menos direta do que se pensa. Como elemento de apelo volta-se prioritariamente para a indicação do que será oferecido como emoção pelo produto fílmico.

A liberdade formal alcançada pelo cartaz cinematográfico em seus primeiros tempos deriva de um conjunto de restrições. Papel barato, impressão em escala e baixa definição impediam o uso da fotografia como ícone do filme, permitindo o desenho e a rotogravura como técnicas mais adequadas. Somente após a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento das tecnologias gráficas e a supremacia consolidada do filme hollywoodiano no mercado mundial, o cartaz assumiu progressivamente a foto de uma cena ou personagem como elemento visual central.

A imposição de um padrão de produção envolvendo todo o processo de realização e comercialização dos filmes encontrou resistências pela afirmação dos cinemas nacionais, entre os quais o brasileiro. Nesse sentido, o cartaz revestiu-se também de valores particulares. Ao mesmo tempo em que ressaltava a promessa de divertimento/reflexão, reenviava para determinadas tradições locais, quer fosse a da ilustração gráfica, a do modernismo pictórico ou a da iconografia pop. Contra a mesmice publicitária do império, desenvolvia o refinamento contido na cultura visual local, transformando-se em peça artística maior. Em resumo, quanto mais criativo ou “experimental” o cartaz, maior a afirmação política de uma cinematografia frente ao ocupante de seu próprio mercado.

O singular na experiência brasileira é sua extensão mesmo à produção eminentemente comercial, caso dos filmes e cartazes escolhidos para esta exposição. Produzidos entre as décadas de 1950 e 1970, os exemplares se destacam por sua consciência de traço, estilo, síntese temática e sobretudo investigação poética dos tipos humanos e seu contexto sócio-cultural. Jayme Cortez, cartazista preferido do ator-produtor–diretor Amácio Mazzaropi, põe em relevo a figura esquecida da era juscelinista. A riqueza de detalhes na composição dos diferentes trabalhadores proletários ou suburbanos, indica a tentativa de sincronia com a nova era urbano-industrial paulistana e com o público presente nas salas, antes da virada crítica proporcionada pela adesão definitiva ao caipira, consagrada na personagem Jeca Tatu. Tensão e movimento permeiam essas imagens, explorando algumas das virtudes dos quadrinhos admirados e praticados por Cortez.

A passagem aos cartazes de Ziraldo e de Benício evidencia algumas rupturas. Em sintonia com sua geração, o primeiro, ao mesmo tempo em que homenageia a tradição de ilustração e de humor que vai de Angelo Agostini a Chico Caruso, vai buscar no modernismo paulistano o traço redefinidor do ingresso em uma nova etapa histórica. O advento de uma classe média brasileira e do hedonismo utópico dos anos 1960 lhe proporcionam o material para investigar sobretudo esse novo homem citadino, que se quer boêmio e mulherengo, mesmo em tempos de ditadura militar. Rebeldes e anárquicos são moldados à imagem e semelhança de uma cultura solar, alegre e libidinosa que emerge na zona sul da cidade do Rio de Janeiro.

Benício
Benício continua e aprofunda essas referências, chegando por seu lado a um modernismo carioca, evidenciado na obra de um J. Carlos, e por outro à atualidade de uma sociedade de consumo em formação. Seus cartazes também exibem a consciência do crescente protagonismo feminino em meio a esse país que se quer fazer grande, moderno e rico. A pornochanchada lhe proporciona a moldura perfeita para o jogo de espelhos com os passantes eventuais e os voyeurs da sala escura. Suas mulheres olham diretamente, encaram, interrogam, sem deixarem a sensualidade acabada de fora, muito pelo contrário. A imagem, a sedução e a cupidez quase sempre andam juntas.

A arte dos 3 cartazistas põe em relevo um momento de transição histórica da sociedade brasileira, deslocando a figura central da era industrial, que a rigor ainda nem se instalara de fato, e fazendo emergir novas personagens, mais características de uma etapa pós-industrial, que se constituiu par e passo ao desenvolvimento econômico emanado do ABC paulista. A seleção das 4 personagens matiza as possibilidades artísticas e culturais em torno do padrão típico de composição da peça. Trabalhadores, boêmios, “gostosas” e imagens auto-referentes (do tipo, do ator/atriz, do ícone cultural), este último em salto metalingüístico, ao mesmo tempo indicador da maturidade do discurso visual do cartaz cinematográfico brasileiro e da complexidade de sentidos negociados perante o público, são uma parte da galeria de uma sociedade que procura se afirmar também pelo intrincado labirinto de construção de uma auto-imagem, onde ser “malandro”, em muitos sentidos, já não é mais um ato ingênuo ou chanchadesco.

O cartaz do Ziraldo para o filme A mulata que queria pecar (1977), pra mim, beira à perfeição. Fiquei com gosto de quero mais, principalmente ao ver livros e dissertações sobre o assunto também expostos e ter, como a última peça da exposição, uma pequena reprodução quase escondida e mal iluminada de uma capa de J. Carlos para a revista Para Todos.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Perfeccionismo monumental

As obras do artista australiano Ron Mueck são impressionantes. Dedos, unhas, barba, cabelos nas pernas, dobras, rugas... a riqueza de detalhes causa muita estranheza, porque achamos que as estátuas vão sair andando! Michelangelo com certeza teria medo de repetir o seu famoso Parla! porque seriam grandes as chances de alguma delas realmente falar! O Facebook, por exemplo, reconhece as estátuas como gente e pergunta se você quer marcá-las!

Couple under an umbrella

Mueck começou a carreira trabalhando com cenários e marionetes de TV e propaganda e agora faz do hiperrealismo sua forma de expressão e de entendimento da vida. Relembra os escultores clássicos que buscavam o perfeccionismo em seus mármores (veja as mãos de Hades na cintura de Perséfone na escultura O rapto de Proserpina, de Bernini) e está causando inveja em muito carnavalesco!

Mask II
Woman with shopping
Young couple

Nesta mostra - que fica até 1º de junho no MAM-Rio - temos nove obras, sendo que três delas são bem recentes e pouco vistas no mundo: o casal de idosos na praia, o casal de adolescentes e a mulher voltando das compras com seu bebê (todos ilustram essa postagem em fotos de Andréa Azpilicueta). Claro que se realmente pensarmos nas obras clássicas iremos diminuir um pouco a arte de Mueck: afinal trabalhar mármore sem erro é bem mais complicado do que trabalhar com resina. Mas é preciso sair do computador cheio de imagens das obras para ver a exposição ao vivo, porque o tamanho - seja enorme ou miniaturizado - interfere na sua percepção e na qualidade do resultado.

Sobre a exposição, fiquei pensando que a iluminação poderia ter sido melhor. Em alguns pontos, o brilho nas obras tira a sensação hiperrealista e nos coloca novamente no plano do objeto.

Fora isso, gostaria de ressaltar a situação paradoxal das filas intermináveis. Paradoxal porque, ao mesmo tempo que acho o máximo e louvo essa busca pela cultura, fico impressionado com a falta de educação e de respeito. Às vezes, me dava a impressão que ninguém estava lá para ver a obra em si e conhecer mais sobre o artista: querem mesmo é fazer selfies! A quantidade de cara feia que recebi porque estava apreciando uma obra e atrapalhando uma foto foi incontável! E dá pra ver pela cara dos monitores que está sendo difícil controlar essa multidão mau educada e egocêntrica.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Espião América

O primeiro filme do Capitão América (Captain America: The first Avenger, 2011) foi considerado por muitos o mais fraco da Primeira Fase cinematográfica da Marvel que culminou no filme dos Vingadores (The Avengers, 2012). No entanto, foi importante para estabelecer o início da S.H.I.E.L.D., que apareceu como coadjuvante em todos os outros filmes e foi uma das protagonista no filme da equipe.

Comecei dessa forma minha crítica ao Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America 2: The Winter Soldier, 2014) porque a S.H.I.E.L.D. é a verdadeira protagonista do filme e, sendo assim, acabamos com mais espionagem e conspirações do que ação. Mas calma: a ação está lá garantida (o escudo vai ser a segunda melhor arma que você já viu na vida, depois do Mjolnir de Thor, é claro)! Até porque (SPOILERS a partir daqui!) com o comprometimento da instituição pela Hidra, nunca se sabe em quem confiar. Com isso, Nick Fury (Samuel L. Jackson) e Viúva Negra (Scarlett Johansson) ganham papéis equivalentes ao do Capitão América. Vale aqui a ressalva que Chris Evans já eliminou quaisquer dúvidas existentes sobre sua capacidade de fazer o herói (que vai da ação frenética no elevador ao drama de rever Peggy).


Sempre bem amarrado e com espaço pra todos, o filme insere personagens importantes da história quadrinística do herói: trouxe um Arnim Zola (Toby Jones) em sua versão computadorizada que ainda deve ter continuidade; Falcão/Sam Wilson (Anthony Mackie em ótima presença que faz você esquecer onde está o Gavião Arqueiro nisso tudo) foi um dos maiores parceiros dele e chegou a se tornar um vingador; a vizinha/enfermeira/agente Sharon Carter (Emily vanCamp, chamada de Kate no filme) é neta de seu antigo amor Peggy e virou seu mais importante interesse amoroso; Alexander Pierce (Robert Redford) chegou a se tornar um Caveira Vermelha; o mercenário Batroc (Georges Saint Pierre) é um dos clássicos inimigos do bandeiroso; e Brock Rumlow (Frank Grillo), líder da Strike, vai se tornar Ossos Cruzados, uma antítese do herói.

Paralela à trama de conspiração, temos a inserção do Soldado Invernal. Não sei se chega ser uma grande revelação dizer que estamos falando do retorno de Bucky Barnes (Sebastian Stan) - dado como morto no primeiro filme após cair de um trem - porque os quadrinhos já contaram isso. A dinâmica entre os dois é sempre muito boa, mas confesso que fiquei esperando a resolução desse imbróglio ainda neste filme.


Cartaz da Mondo
Aliás, acho que esse é o primeiro filme da Marvel que não tem um final totalmente fechado: ele foi feito para ter uma continuidade (o terceiro já está programado), não só pelas cenas finais, mas também pela segunda cena pós-crédito (isso mesmo: são duas cenas, ou você ainda não sabia que a Marvel sempre faz isso?). A primeira cena pós-crédito, além de inserir mais um personagem clássico (o Barão Strucker) ainda liga o filme ao primeiro filme dos Vingadores e, provavelmente, ao segundo filme da equipe.

Quem gosta do Capitão América ou do universo cinematográfico da Marvel, vai ver um filmaço (melhor que o terceiro do Homem de Ferro e até faz entender algumas coisas nele). Quem gosta de filme de super-herói, pode sentir falta de poderes e vilões mirabolantes. Quem não gosta de filme de super-herói, mas se interessa pela trilogia Bourne, por exemplo, vai ver um excelente filme. Ou seja... VEJA (e dá pra ser tranquilamente em 2D)!

E se você já virou fã, aconselho a seguir a série Agents of S.H.I.E.L.D. que passa no canal Sony. Além de outros personagens, ele está diretamente ligado a esse filme... afinal... como ficará o nome do seriado se não existe mais a instituição? Fora isso, o início do S.H.I.E.L.D. deve virar seriado também com direito ao retorno de Peggy Carter (Hayley Atwell) como agente e Howard Stark (Dominic Cooper), pai de Tony. Aguardem!

domingo, 20 de abril de 2014

Não é Noé, né?

Aproveito o feriado bíblico para fazer minha crítica (pesada) a Noé (Noah, 2014). Bom... já aviso que se você acha que vai ver bichinhos lindos sendo salvos pelo santo Noé, está enganado. Você verá um sociopata com uma fé cega que recebe ajuda de monstros aracnóides de pedra. Impossível não odiá-lo do meio para o final do filme.

Parece que os roteiristas seguiram uma versão que está no Livro de Enoque e, com isso, trouxeram novos elementos à história que todos sabem o fim, mas não sabem como ocorreu exatamente. Um desses novos elementos são os guardiões angelicais que decidiram seguir Adão e Eva após sua expulsão do Paraíso e acabaram se tornando os tais monstros. E que tal as pedrinhas brilhantes?

É importante dizer que o filme fala sobre a dualidade do homem (bom e mau). A fé divina do bondoso Noé (Russell Crowe) confronta a necessidade humana de poder do maligno Tubalcaim (Ray Winstone), e esse confronto se espalha entre os filhos de Noé. Percy Jackson e Hermione Granger... oops... Cam e Ila podiam ser atores desconhecidos como foi Shem (Douglas Booth), porque estão fracos e clichés. E Anthony Hopkins já está ficando Matusalém mesmo!

Sorte deles (e nossa!) que existe o talento e a beleza (magra demais) de Jennifer Connelly. Ela interpreta magistralmente a esposa de Noé e transforma um personagem bíblico sem nome e sem importância* na figura que nos representa. Ela é a personificação do amor humano e, no fundo, é ela que vence tanto a fé cega quanto o poder insano, e não o livre arbítrio de Noé. É ela que perdoa, mesmo quando nós não somos capazes de fazê-lo.

Sobre os animais do filme... eles estão lá, são parte importante e até trazem questões contemporâneas sobre o desgaste do planeta, mas não são o foco. Achei bem interessante a forma como os animais ficaram na Arca: dormindo, é claro! Ou você nunca teve dúvidas de como um leão e uma ovelha ficaram juntinhos? Ou de como se limpava a sujeira dos pássaros? Ou de como alguém ficaria lá dentro com mosquitos e aranhas? Interessante também mostrar que os animais que morrem no filme eram criaturas que não existem hoje, tentando provar que só se salvaram as espécies na Arca. Fiquei só com um questionamento: matar para comer é natural, e não um pecado. Predadores carnívoros fazem isso (sorry vegans...). A crueldade e as más intenções é que devem ser vilanizadas.

No geral, achei o filme chato, mas fiquei pensando: como eu gostaria que fosse esse filme? Mais religioso ou espiritual, nem pensar! Até porque Aventuras de Pi foi bem mais relevante nesse sentido pra mim. Mais épico? Impossível, senão teríamos discursos gladiadores de Crowe novamente. Refleti muito e não sei o que faria pra mudá-lo, mas acho que ele poderia ter sido um filme pra TV ou curta-metragem...

* A esposa de Noé raramente aparece em textos bíblicos. Segundo a tradição judaica, ela seria uma mulher cananita chamada de Noéma ou Naamá (Na'amah, cheia de beleza). Há quem a identifique como proveniente da descendência de Caim, sendo irmã de Tubalcaim que era filho de Lameque. Se isso tivesse sido colocado no filme ia dar um nó genealógico! Por ter sido considerada de menor importância, o seu nome não vem mencionado no Pentateuco ou no Torá. No livro dos Jubileus, o seu nome é conhecido por Enzara e seria sobrinha do Patriarca. Detalhe: o diretor, Darren Aronofsky é judeu.

sábado, 19 de abril de 2014

Os últimos frames de Pompéia

Nem vou me alongar... mas deixo a pergunta: para quê fizeram o filme Pompéia (Pompeii, 2014)?

Para mostrar efeitos especiais não deve ter sido.

Para lançar o Kit Harington não deve ter sido, porque ele é personagem importante e constante de Game of Thrones.

Para falar da fúria da natureza vulcânica não deve ter sido, porque já tem outro filme quase didático sobre isso (Inferno de Dante / Dante's Peak, 1997).

Para falar de Pompéia não deve ter sido, porque já tem outros trilhões de filme sobre isso com um clássico de 1935 entre eles (Os últimos dias de Pompéia / The last days of Pompeeii).

Para mostrar a trágica vida dos gladiadores romanos não deve ter sido, porque já tem outro filme oscarizado sobre isso (Gladiador / Gladiator, 2000).

Para mostrar um romance proibido entre ricos e pobres... nossa... acho que 70% dos filmes são sobre isso, não?

Repito, então, a pergunta: pra quê?

Um equívoco.

PS.: Como estamos no Ano chinês do Cavalo, gostaria de aproveitar e fazer uma ressalva ao incrível cavalo desse filme que enfrenta lava vulcânica e meteoros de fogo com uma coragem ímpar. Lembro também que ontem falei da sequência do filme 300, que também possui um incrível cavalo que mergulha no mar furioso e salta barcos em chamas! Agora já sei que preciso de um cavalo para enfrentar o trânsito do Rio de Janeiro...

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Só 300 já está de bom tamanho

Vi 300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, 2014) mês passado, mas não sabia nem como começar a escrever por aqui. Procurei no blog se havia falado do anterior e vi que também não o fiz. Então tentei resumir tudo no título: 300 (2006) é bom e não precisava da continuação.


Entendamos logo de cara que ambos os filmes são adaptações de quadrinhos de Frank Miller. O primeiro foi uma obra prima original e o filme seguiu a estética criada por Miller em cada quadro do filme. Sério, é impressionante. Como se cada gota de sangue que voa na nossa cara estivesse exatamente no mesmo lugar da página. Com isso, criou-se uma estética única que começou a ser copiada ad nauseaum e momentos já clássicos (como o This is Sparta ou o Tonight we dine in hell).


Já o segundo álbum de quadrinhos (ainda não o li) foi feito exclusivamente para ser transformado em continuação cinematográfica. A ideia era expandir a primeira história, contando sobre uma batalha paralela à de Leônidas e seus 300 em Termópilas: a batalha marítima de Salamina. Mas enquanto temos um excesso de testosterona no rei do primeiro filme, nesse temos a política, a estratégia e a polidez de Temístocles. Pra mim não funcionou, porque deixou o filme devagar. Nem mesmo a crueldade de Eva Green como a arqueira Artemísia me prendeu. Rodrigo Santoro ainda é um coadjuvante, mesmo quando deveria não ser.

Optem pelo primeiro e tentem ver a arte de Miller.

sábado, 12 de abril de 2014

Elos humanos

Já está rolando por toda a semana essa informação e, se você não viu, TEM QUE VER. Se você já viu, VEJA DE NOVO E COMPARTILHE porque todo o mundo deveria ver isso!

O Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (São Paulo), desenvolveu junto a designers da FOM (fabricante de travesseiros, brinquedos e almofadas com material antialérgico) um ursinho que traz mais felicidade às crianças com câncer, que estão internadas em isolamento total. Unido à tecnologia dos dias de hoje, o brinquedo (chamado perfeitamente de Elo) leva mensagens de áudio de familiares e amigos às crianças do hospital.

Uma iniciativa linda e simples que, certamente, fará você se emocionar e acreditar que nós, seres humanos, temos saída. Assista ao vídeo até o final, pois a última cena é especial.



Pouco a falar e muito para refletir e fazer.

Como funciona a tecnologia: os ursinhos foram adaptados especialmente para comportarem um dispositivo com tecnologia semelhante a um aparelho celular que recebe mensagens. Caixas de som específicas foram desenhadas para funcionarem no interior dos ursinhos. Um mecanismo liga a mão dos “Elos” ao dispositivo, liberando mensagens armazenadas. As mensagens são enviadas para uma central e gerenciadas por um profissional do hospital, que as envia, então, para os ursinhos. As mensagens podem ser atualizadas a todo momento e ficam à disposição da criança para a próxima vez que decidir apertar a mão do seu ursinho para ouvi-las.

domingo, 30 de março de 2014

Clube de compras paliativas

Ron Woodroof tenta montar em um touro em Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, 2013), mas não é o touro que você está pensando. O filme foi vendido da seguinte forma: um cowboy heterossexual e homofóbico descobre que contraiu o vírus HIV e resolve contrabandear os medicamentos para sua sobrevivência. E isso com direito aos bonitões Matthew McConaughey e Jared Leto desfigurados pela magreza que a doença proporciona.

Preste atenção: o filme não é sobre a AIDS e muito menos sobre homossexuais. Entenda: o filme é sobre a crueldade da indústria farmacêutica. Quem não quer ver o filme porque é sobre gays ou doenças, está sendo pré-conceituoso (aceite o termo aqui como "um conceito que precede outro"). Vá ver o filme pra você entender o que acontece no mundo que a gente vive. Vá ver o filme para entender que nunca haverá uma cura para as doenças mais brabas que vier na sua cabeça agora. Vá ver o filme para entender que tudo na vida é um negócio (frase, aliás, falada no filme), até mesmo sua saúde.

Se você quer ver um filme sobre a doença, veja o sensacional/excelente/foda Filadélfia (Philadelphia, 1993), que mostra as terríveis consequências sociais na época. Tente ver logo depois de ir ao cinema, porque Tom Hanks foi ao glorioso (porque levou o Oscar) inferno da AIDS utilizando AZT, a maldita droga tóxica, que Matthew (que também levou o Oscar) tenta impedir. E isso vai te fazer pensar que, em 1993, alguém proibiu comentários sobre os Clubes de Compras que rolavam em vários estados americanos.

Sobre o assunto da indústria farmacêutica, veja Missão Impossível 2 (Mission: Impossible II, 2000) e Splice - Uma nova espécie (Splice, 2009). Parecem filmes desconectados com o assunto, mas, no primeiro, Tom Cruise tenta impedir a disseminação de uma doença que fará o antídoto virar uma preciosidade; e, no segundo, a engenharia genética cria uma forma de vida somente para fins científicos e tem um final pesado. Também posso indicar Epidemia (Outbreak, 1995) sobre o vírus Ebola e, até mesmo, a franquia de zumbis Resident evil: O hóspede maldito (Resident evil, 2002).

Dito isso, volto ao filme em questão pra dizer que ele é bom. Não é maravilhoso porque se alonga no meio e o deixa cansativo. Matthew está bem e merecia o Oscar? Tirando Christian Bale no Trapaça não vi os outros para julgar, mas a Academia adora essas transformações físicas. Por isso, já seria fácil dizer que o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante iria para Jared Leto, que, além de emagrecer, fez o papel de um travesti e levou todos os prêmios possíveis. Mas deixa eu te falar: ele rouba o filme. Na sua primeira cena, você já sabe que vai ser um show.


Impossível sair do filme sem se perguntar um monte de coisa, principalmente, em relação aos remédios que você anda tomando. Então, vá ver o filme e, no mínimo, se pergunte: qual touro você monta?

quarta-feira, 5 de março de 2014

Arte popular brasileira nem tão perto de você

Acredita-se que o Museu Casa do Pontal seja o mais significativo museu de arte popular do país com uma exposição permanente que apresenta mais de 5 mil obras de 200 artistas oriundos de todos os estados do Brasil. O acervo - tombado desde 1991 - está todo classificado e separado por assuntos num circuito longo porém interessante.


Aproveitei o Carnaval para conhecer o belo espaço e o tal incrível acervo. Destaco as engenhocas de Adalton (não deixe de apertar todos os botões, principalmente o da Sapucaí no fim), a delicadeza de Noemisa, o "Ciclo da vida" de Antônio Oliveira, as famosas garrafinhas de areia colorida e - como não podia deixar de ser - as obras de Mestre Vitalino por sua estética inconfundível que padronizou todos os outros artistas populares.


Mas é uma pena que o museu fique tão escondido nas longínquas estradas do Recreio dos Bandeirantes. Até porque fui muito bem recebido pelos funcionários do lugar e ainda curti demais a exposição temporária Criaturas Imaginárias, promovendo o encontro dos monstros de cerâmica do poeta Manoel Galdino com os artistas contemporâneos Angelo Venosa, Cristina Salgado, Eliane Duarte e Zé Carlos Garcia.


Essa fica até 30 de março, mas o espaço deveria ser mais frequentado / divulgado. Sua distância é realmente um infortúnio.
(Imagens retiradas do site do museu)

domingo, 2 de março de 2014

Trapaça

O Oscar já está rolando e esse ano eu só vi dois filmes dos indicados ao melhor: Gravidade (falei aqui) e Trapaça (American Hustle, 2013).

Vou dar um chute: Trapaça não vai levar Oscar nenhum, porque seus concorrentes oferecem algo a mais. No entanto, Jennifer Lawrence é a única que merece, porque rouba todas as cenas que aparece. TODAS. Nem mesmo o interessante roteiro original - que traz reviravoltas dentro de reviravoltas dentro de reviravoltas, porém com obviedades e uma enorme barriga que deixa o filme meio looooongoooo - ou o figurino da década de 70 conseguirá algo.

É um filme bom afinal? É bem legal e merece todas as indicações. E só. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Cinefilia

Tinha prometido a mim mesmo que ia ver um monte de filmes durante meu período de férias... independente da qualidade... Aí vai a lista dos inéditos (pra mim):
  1. Alvo duplo (Bullet to the head, 2012): Um filme com Stalone sendo chamado de Bobo? Ruim do início ao fim.
  2. Como agarrar meu ex-namorado (One for the money, 2012): Katherine Hegel fez um rápido sucesso cinematográfico após sua saída do seriado Grey's Anatomy e está se entregando a filmecos de última categoria.
  3. Confusões em família (City Island, 2009): Divertidinho para uma Sessão da Tarde, cheio de obviedades. E é incrível como os segredos são a base da televisão (cinema) americana.
  4. Detona Ralph (Wreck-it Ralph, 2012): Uma animação da Disney com referências aos games tinha tudo pra ser sensacional, mas ficou muuuuuito infantil. Preso num universo de doces, valerá para encher os bolsos do Mickey.
  5. Grande beleza, A (La grande bellezza, 2013): Típico filme europeu que te faz sentir ignorante porque todo mundo acha o filme foda e você acha um saco. Nem a beleza de Roma ou o questionamento sobre a vida/morte valem. Cinco pessoas saíram da minha sessão.
  6. Hitchcock (2012): Muito interessante ver os bastidores de uma obra cinematográfica e conhecer mais sobre o intrigante Mestre do Suspense. Sim, Anthony Hopkins está muito bem graças à maquiagem, mas é Helen Mirren quem rouba as cenas.
  7. Mais um besteirol ao extremo (Extreme movie, 2008): Nem sei porque eu ainda perco tempo tentando ver comédias escrachadas americanas...
  8. Por amor (Personal effects, 2009): Drama que mostra duas famílias convivendo com o fato de terem familiares assassinados e com a raiva da impotência. Pesado com um final questionável. Só não se questiona o talento e a beleza de Michelle Pfeiffer.
  9. Professor Peso Pesado (Here comes the boom, 2012): O que não faz uma madrugada de insônia, né? Filmezinho ruim... e olha que sou professor, mas não me senti nem um pouco inspirado.
  10. Último desafio, O (The last stand, 2013): E o Exterminador do Futuro virou um xerife do velho oeste para impedir um traficante de cruzar a fronteira mexicana. Aquele filminho ruim, mas bom para um domingo morto.

Fora as reprises:
  1. Trilogia Matrix (vejo sempre)
  2. Trilogia Senhor dos Anéis (ainda vou ver essa trilogia um atrás do outro)
  3. Código da Vinci
  4. Mudança de Hábito 2 (que eu verei quantas vezes forem possíveis nessa vida, assim como o primeiro)
  5. Mamma mia! (as músicas me fazem parar pra ver)
  6. Capitão América
  7. Thor
  8. Tróia
  9.  Kill Bill vols. 1 e 2 (filmaços!)
  10. Django Livre

Acho que vi poucos... e de qualidade questionável...

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A temporada da perseverança

No que parecia ser apenas mais um dia de escalada na Urca, Waldo se depara com um desafio que logo se transforma em sua grande obsessão. Durante toda a temporada, ele trabalha em busca do que acredita ser sua maior conquista. Pelo menos até encontrar um novo projeto de vida...

A Temporada from Erick Grigorovski on Vimeo.

E esse é o projeto de Erick Grigorovski: A Temporada (que deveria se chamar A perseverança!). Vejam até o fim!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Um leão por dia...

"Se você espera que o mundo seja justo com você porque você é justo, você está se enganando.
É como esperar que um leão não te coma porque você não comeu ele."

sábado, 18 de janeiro de 2014

Você não vai tirar o olho (e o ouvido?)

É dito que Michael Jackson inovou a indústria da música com seus videoclipes. Acho que agora é a vez da banda estadunidense de rock alternativo (indieOk Go. Sério... você nem vai ligar pra música deles. Se não tiver tempo de ver todos, veja pelo menos os três primeiros.

Here it goes again: O primeiro clipe conhecido da banda, virou febre em academias e apareceu no Fantástico.


Needing/Getting: Parceria com a Chevrolet com mais de 1000 instrumentos em mais de 3 km de percurso! Levou 4 meses de preparação e 4 meses de gravação.


This too shall pass (Rube Goldberg Machine version): Parceria com a Syyn Labs para criar a "máquina" do video. Imperdível. Tem também a versão da bandinha.

All is not Lost: Parceria com o grupo de dança Pilobolus.


Last Leaf: 215 pães de forma foram usados neste stop motion.


F-O-D-A. Não dá pra tirar o olho.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Gravidade

Tinha prometido pra mim mesmo que só escreveria sobre o filme Gravidade (Gravity, 2013) depois que eu o visse novamente em 3D, mas não consegui. Talvez tenha sido a primeira vez que me arrependi de ter visto um filme da forma convencional. Claro que não reduziu em nada a grandeza da obra, mas ser visto em 3D deve dar um tom especial a esse filme. E vou te dizer: um dos filmes mais incríveis, simples e tensos que vi nos últimos tempos.

O drama espacial – dirigido por Alfonso Cuarón e estrelado por Sandra Bullock e George Clooney – retrata de maneira extremamente verossímil o pânico que assola os protagonistas ao se verem à deriva no espaço. Imaginem o filme Mar aberto (Open water, 2003)... no espaço! Excelente!

O site Shortlist convidou alguns artistas para criar cartazes alternativos dessa superprodução, que você confere abaixo:

Tom Muller
Paul Evan Jeffrey
Ben Whitesell
Nizam Ali
Rachael Sinclair
Matt Needle
Chris Thornley
Janée Meadows
Peter Stults
Tem coisa boa. Não é o caso deste filme – que escolheu um cartaz interessante (vide o primeiro acima) –, mas vendo estas alternativas me pergunto sempre porque Hollywood insiste em cartazes convencionais com a carinha dos artistas. Eu sei que eles são o chamariz, mas já eles já estão no filme, nos trailers e nos eventos... A refletir.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Luzes de arte

Para comemorar o aniversário do blog ontem, dei uma passada na Casa Daros para ver as exposições Le Parc Lumière, com obras cinéticas de Julio Le Parc (até 2 de fevereiro), e Artoons, com charges de Pablo Helguera (até 9 de março).

Na primeira, somos imersos num mundo de luz e movimento, criado por mais de 30 objetos simples porém com resultados surpreendentes e belos. Para o artista, “o que importa é o que as pessoas veem, não o que alguém diz”. E vemos isso em cada obra, em cada forma luminosa, cada constelação, cada caleidoscópio.

Na segunda, o humor das mais de 40 charges espalhadas por espaços de circulação da Casa faz uma crítica ácida ao universo contemporâneo da arte. Ao questionar ironicamente, nos leva para o seu lado, concordamos imediatamente com o seu pensamento.


Ótimos! Recomendo muito!

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Seis graus de separação

Você já ouviu falar na Teoria dos Seis Graus de Separação? Ela diz que são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas no mundo.

O estudo que gerou essa teoria foi realizado nos Estados Unidos através de cartas. Cada pessoa recebia uma carta identificando a pessoa alvo e deveria enviar uma nova carta para a pessoa identificada, caso a conhecesse, ou para uma pessoa qualquer de suas relações que tivesse maior chance de conhecer a pessoa alvo. A pessoa alvo, ao receber a carta, deveria enviar uma carta para os responsáveis pelo estudo e , assim, sucessivamente. Um resultado interessante pode ser visto num jogo para a Internet denominado Oráculo de Bacon (The Oracle of Bacon), que mostra como o ator Kevin Bacon se relaciona com os demais artistas, sejam de filmes americanos ou não. Para exemplificar, a atriz Fernanda Montenegro tem um número Bacon 2, obtido da seguinte forma: ela atuou em O amor nos tempos do cólera (Love in the time of cholera, 2007) com Benjamin Bratt que atuou com Kevin Bacon em O Lenhador (The woodsman, 2004). Os estudos sobre grau de separação incluem-se entre os modernos estudos de análise de redes sociais, como Orkut e Facebook.

Não é à toa que eu digo que o mundo não é mais um ovo e sim um amendoim! Mas isso tudo era pra dizer que hoje o blog completa SEIS anos! Será que você que está lendo isto me conhece?

Pelo menos, uma utilidade para o guarda-chuva

Vocês devem estar achando que sou louco de estar falando em guarda-chuvas com o calor desértico que anda fazendo no Rio de Janeiro. Mas como as chuvas de verão são sempre destruidoras e eu não falo sobre meu ódio mortal faz muito tempo (na última vez, eu tinha feito as pazes com arte), resolvi apresentar um pequeno acessório do guarda-chuva que reduz o efeito "arma branca" e ainda adiciona uma utilidade a este objeto detestável.


Pode não parecer, porém, um gancho duplo com rotação 180º e uma ponta rombuda fazem toda a diferença.


Confesso que já utilizava o gancho do guarda-chuva para essas funções acima descritas, mas o design fala mais alto e pontua este objeto.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Abracadabra-se!

Sejamos sinceros: 2013 foi horrível! Como havia dito, era o ano do novo, porém nem sempre novidades são positivas, pois mexem com os nossos hábitos – principalmente aqueles que ficaram na era passada, aquela que acabou no 2012 maia.

Tudo leva a crer que 2014 será o oposto. A astrologia diz que é ano de Júpiter, o maior dos planetas do Sistema Solar. Seu brilho prosperidade e autoafirmação serão necessários para nos recarregarmos de energia positiva e otimismo. A numerologia diz que é ano 7 de amplitude de conhecimento e sabedoria.

De acordo com o calendário chinês, em 31 de janeiro de 2014 terá início o ano do Cavalo de Madeira, cheio de descobertas e invenções, cooperações e amizades. É um tempo de colher o que plantamos, de renovação e de mudanças. O ano é oportuno para quem quer alcançar o sucesso e transformar a própria realidade superando questões de trabalho com determinação e coragem. Bom para quem quer abrir um negócio, sem medo de se arriscar e de lutar pelo que se deseja, pois a tendência é conseguir solucionar problemas com rapidez e eficiência. Será um ano decisivo para quem estiver disposto a tirar projetos da gaveta e para aqueles que procuram um bem maior: grandes causas são favorecidas com a força do incansável cavalo. As comunicações serão favorecidas e profissões que lidam com o público estarão em alta: comércio, atividades artísticas e intelectuais ficarão em evidência. No campo pessoal, as pessoas estarão mais românticas e carinhosas, porém novos relacionamentos e trocas de parceiros acontecerão em grande número.

Tudo lindo, mas será um ano movimentado e extenuante. A Primeira Guerra Mundial (1918), a Grande Depressão (1930), a Segunda Guerra Mundial (1942) e a Revolução Cultural Chinesa (1966) aconteceram em anos regidos pelo Cavalo. Não à toa, 2014 é ano do casal Xangô e Iansã... justiça e política em choque, pois será um ano de força ética.

A Pantone decretou que a cor do ano é a Orquídea Radiante (mesmo que o horóscopo chinês diga que é o verde, mais próximo da escolha da Coral, o Lagoa Particular).


Eu estou animado: sou Cavalo no Horóscopo chinês, tem Copa do Mundo no Brasil e depois da tempestade (2013) tem que vir a bonança, né? Por isso... ABRACADABRA-SE!


PS.: Quer saber mais sobre a palavra "abracadabra"? Clique aqui.