quarta-feira, 15 de julho de 2009

Virada Russa 2!

Não falei que era imperdível? Até resolvi ir de novo para relembrar algumas coisas! De cara, decidi entender melhor a história do fascinante Quadrado Negro:
No final de 1913, em São Petesburgo, estreou a ópera bufa "Vitória sobre o sol" (que já teve versão brasileira, sabia?), com música de Mikhail Matiúchin, libreto de Aleksei Krutchonikh e figurinos e cenários de Maliévitch. Resumindo, era a batalha dos budetliáni (homens do futuro) contra o sol. No fim, usando roupas estranhas parecendo alienígenas, os budetliáni vencem o sol ao rasgar a cortina que o representa em forma de um quadrado negro. Essa foi a primeira vez que Maliévitch empregou o quadrado negro como uma imagem artística e um símbolo. No fim de 1914, o artista organizou a exposição "0,10 – Última Exposição Futurista", com cinquenta obras suas e dezenas de obras de outros artistas. Foi o início do Suprematismo (do latim "supremus", "o mais elevado", foi um movimento artístico russo baseado em formas geométricas simples). O Quadrado Negro ficou pendurado em um canto separado com iluminação própria, colocando-se em posição de ícone, com um sentido sagrado.
Muito bom, não? E não podia deixar de citar algumas obras que me deixaram surpreso: logo na primeira sala já nos deparamos com Acácias na Primavera de Larionov e, na sua frente, Inverno de Natalia Gontcharova. Ambos contextualizam a arte russa e não são obras primas, mas são belas. Destaque para o quadro da artista russa.Filonov – aquele que é impressionante – ainda tem um quadro chamado A guerra alemã (1914/1915) que une sua técnica incrível ao cubismo. Os dedos dos soldados fazem a gente se perguntar como alguém é capaz de pensar e fazer aquilo.E na última sala, tem A condutora de Aleksander Samokhvalov. O impressionante dessa obra é sua força. Todo mundo que passava por ele, parava e dizia: "Nossa... essa mulher é forte!". Se era esse o objetivo do artista, ele acertou em cheio no tom.Infelizmente, a obra que considerei a – talvez – mais bela de todas da exposição não possui imagem boa na internet, apenas esse "arremedo pixelado" que coloco aqui com pesar, pois tira totalmente sua beleza. A capacidade Aleksander Labás teve de pintar O trem vai (1929) com movimento é lindíssima. Também não consegui imagens do belo cartaz Primeiro de Maio de Iakov Guminer, que mostra um resultado com design.

Preciso dizer que vocês precisam ir? E que é de graça?

PS.: Todos os nomes russos e histórias foram escritos de acordo com as legendas e textos da exposição. Na internet, é possível encontrar outras versões.

2 comentários:

Graça disse...

Seu entusiasmo é absolutamente contagiante e isso só faz confirmar a minha velha máxima de que "a roda da História não para de girar". Há 10 anos jamais poderia imaginar que estaria lendo o que você escreveu sobre essa exposição, não porque você não fosse capaz, mas porque você ainda não sabia do que era capaz.
O senso estético, a sensibilidade para o belo, a percepção para nuances sempre estiveram em você e disso nunca tive dúvidas.
Parabéns.
Obs. Na próxima semana vou marcar presença e conferir de perto.

Graça disse...

Fui e adorei.
O quadro "O trem vai" me deixou com uma sensação estranha: vazio? solidão? nostalgia? Não sei.

É interessante também observar as mudanças nas pinturas do início dos anos 30, já na Era Stalinista: a famosa exaltação da força do povo.

Os posters de propaganda também me chamaram a atenção. Não conhecia nenhum da época.

Grande recomendação.