Tive um carnaval cinematográfico, tentando ver os filmes concorrentes ao Oscar para ter um preferido antes dos resultados de ontem. Nada me animava - nem mesmo o vencedor e o grande favorito -, mas eu de alguma forma sabia que Histórias Cruzadas (The Help, 2011) ia mudar essa sensação. E não deu outra. Saí do filme com a certeza que tinha visto um novo A Cor Púrpura (The Color Purple, 1985). Resolvi até rever o filme para poder compará-los melhor.
O filme da magistral Whoopi Goldberg é mais visceral tanto para a violência quanto para os sentimentos mais doces. É quase impossível não ter um nó na garganta ou lágrimas escorrendo em liberdade nas cenas finais. Tudo é sentido com muita força. Também... dirigido por Steven Spielberg, produzido por Quincy Jones, com Danny Glover e Oprah no elenco... podia se esperar menos? Fora isso, A Cor Púrpura é um filme negro que fala da violência entre eles mesmos a partir da imposição social/racial da época.
Então, me lembrei de outro filme, Uma história americana (The long walk home, 1990) - também com Whoopi -, que fala da violência do preconceito racial na década de 1950 e do boicote aos transportes públicos pela comunidade negra. Neste filme, empregada e patroa se unem como forma de resistência.
É aí que vem as Históras Cruzadas. Skeeter (Emma Stone) é uma garota branca da elite de Jackson, Mississipi (em 1962), que retorna determinada a se tornar escritora. Por questões pessoais, ela decide entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram suas vidas para trabalhar na criação dos filhos das jovens madames. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a sociedade como um todo. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas adesões, como a da indomável Minny (Octavia Spencer), empregada cheia de atitude de Hilly Holbrook (Bryce Dallas Howard), a megera manda-chuva.
Este novo filme não é tão duro quanto os outros que mostram cenas de violência explícita. A violência aqui está implícita nas tramas preconceituosas, nas atitudes verbais. É mais intimista ao apresentar a luta racial por causa do uso do banheiro. É o ciclo paradoxal construído na permissão dada aos negros para criar os filhos brancos que crescem e passam a desrespeitá-los (ressalva: nem sempre existe o desrespeito). Mas isso não diminui em nada a força de seus questionamentos. Pelo contrário...é exatamente onde encontra sua grandeza.
Com belíssimas atuações (destaque total e absoluto para as coadjuvantes: a oscarizada Octavia Spencer e a indicada Jessica Chastain), o filme também aborda o sexismo da época: mulheres eram doutrinadas ao casamento e à família, independente de seus sonhos de ser alguém na vida.
É previsível e estereotipado? Até é. Falar de racismo no século XXI pode parecer antiquado quando o presidente dos EUA é negro. Mas, para mim, o objetivo do filme é mostrar a sutileza do racismo, que ele ainda está entranhado na sociedade sem precisar de estouros de violência. Que ele está nas palavras, nos gestos. O filme veio para nos fazer refletir sobre um passado que teima em não ficar distante. Alíás, a cena final de Viola Davis andando pela rua é uma bela metáfora para o longo caminho (long walk) que ainda temos que percorrer.
PS.: Em inglês, o filme se chama The Help. No filme, o livro escrito também se chama assim, mas é traduzido como A Resposta - o que seria um bom título para a película. Mas durante o filme ficamos sabendo que o significado de The Help é literal, ou seja, A Ajuda, que são os ajudantes, as empregadas domésticas.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Gols rubro-negros pela história!
Apesar da dificuldade em fazer gols que o Flamengo vem passando ultimamente (sem comentários para o lance do Deivid), não foi sempre assim para quem já teve Leônidas, Zico, Nunes, Júnior, Bebeto, Romário, Adriano, Petkovic e por aí vai. Se você está com saudade de ver esses gols, vá até o blog Fla Museu que possui uma invejável videoteca de gols do Flamengo em toda sua história!
O blog é administrado pelo carioca saudosista e entusiasta Marcelo Espíndola.
Flamengo 2 x 1 Fluminense, pelo 1º turno do Campeonato Carioca (02/06/1940), em São Januário. Gols rubro-negros de Leônidas e Sá.
O blog é administrado pelo carioca saudosista e entusiasta Marcelo Espíndola.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Metalinguagens cinematográficas
Seja de forma quase ingênua e documental ou de forma fantasiosa e infantil, os filmes O Artista (The Artist, 2011) e A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011) abordam nostalgicamente a história do cinema.
O Artista é ousado por natureza: um filme MUDO em preto e branco nos dias de hoje! Como fazer os espectadores do século XXI com seus filmes 3D e épicos intergalácticos pararem para ver um simples filme sem diálogos falados e sem cores?
O filme começa em 1927, exatamente quando o primeiro filme sonoro (O Cantor de Jazz) chegava aos cinemas (este tema já rendeu clássicos como Crepúsculo dos Deuses e Cantando na Chuva). Acompanhamos, então, a jornada de George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo aproveitando seu último sucesso antes de Hollywood se deslumbrar com o som. O orgulhoso ator confia em seu trabalho e se recusa a entrar na nova onda. Em paralelo à sua desgraça, vemos a garota anônima que ele ajudou a ingressar no showbiz voar alto na indústria e se tornar Peppy Miller (Bérénice Bejo), a queridinha do cinema falado.
O filme é simples... BEM simples. E com roteiro previsível. Lembre-se também que é um filme mudo feito com a tecnologia e os recursos de hoje. A edição sonora da cena que o protagonista tem pesadelos com a chegada do som merece um grande destaque. A força das atuações é o que realmente vale. Não considere as caretas exageradas nos momentos metalinguísticos do filme (ou o cachorrinho fofinho), mas a capacidade dos protagonistas em somente com os músculos do rosto expressar toda e qualquer emoção (percebam James Cromwell, o motorista).
Já Hugo é um filme família infanto-juvenil que nos conta a aventura de um órfão (Asa Butterfield) em busca de uma mensagem de seu falecido pai (Jude Law). Na verdade, ele precisa é encontrar seu lugar no mundo. Para isso, ele tem que consertar o robô deixado por seu pai com ajuda de uma menina bem sabida (Chloë Grace Moretz). De repente estamos no meio de um mistério: quem é realmente o dono da loja de brinquedos (Ben Kingsley)? Qual sua relação com o robô? Porque ele odeia tanto o cinema?
O problema é esse "de repente". O filme parece começar de um jeito e do nada termina previsivelmente. São inúmeros personagens descartáveis em um filme 3D que transforma Paris numa belíssima engrenagem de um relógio. A idéia de colocar o órfão como um diretor de cinema usando os relógios como suas lentes do mundo/estação de trem é uma boa sacada de Scorcese (diretor). Colocar atores que participaram da franquia de Harry Potter também (Narcisa Malfoy / Helen McCrory, Tio Dursley / Richard Griffiths e Madame Maxime / Frances de la Tour). Mas, apesar das ótimas relações com os sonhos e com as mágicas ilusionistas, conhecer a história do cinema nesta fábula é mais interessante, porém menos emocionante.
Diz muito sobre o Oscar o fato de ambos os filmes serem os campeões de indicações em 2012, respectivamente em 10 e 11 categorias, em um momento em que os grandes estúdios pensam em como evitar a evasão das salas e o poder da pirataria. Entre eles, não sei quem ganha. Um é "mais arte" enquanto o outro tem Martin Scorcese. Mas confesso que já vi disputas melhores.
O Artista é ousado por natureza: um filme MUDO em preto e branco nos dias de hoje! Como fazer os espectadores do século XXI com seus filmes 3D e épicos intergalácticos pararem para ver um simples filme sem diálogos falados e sem cores?
O filme começa em 1927, exatamente quando o primeiro filme sonoro (O Cantor de Jazz) chegava aos cinemas (este tema já rendeu clássicos como Crepúsculo dos Deuses e Cantando na Chuva). Acompanhamos, então, a jornada de George Valentin (Jean Dujardin), um astro do cinema mudo aproveitando seu último sucesso antes de Hollywood se deslumbrar com o som. O orgulhoso ator confia em seu trabalho e se recusa a entrar na nova onda. Em paralelo à sua desgraça, vemos a garota anônima que ele ajudou a ingressar no showbiz voar alto na indústria e se tornar Peppy Miller (Bérénice Bejo), a queridinha do cinema falado.
O filme é simples... BEM simples. E com roteiro previsível. Lembre-se também que é um filme mudo feito com a tecnologia e os recursos de hoje. A edição sonora da cena que o protagonista tem pesadelos com a chegada do som merece um grande destaque. A força das atuações é o que realmente vale. Não considere as caretas exageradas nos momentos metalinguísticos do filme (ou o cachorrinho fofinho), mas a capacidade dos protagonistas em somente com os músculos do rosto expressar toda e qualquer emoção (percebam James Cromwell, o motorista).
Já Hugo é um filme família infanto-juvenil que nos conta a aventura de um órfão (Asa Butterfield) em busca de uma mensagem de seu falecido pai (Jude Law). Na verdade, ele precisa é encontrar seu lugar no mundo. Para isso, ele tem que consertar o robô deixado por seu pai com ajuda de uma menina bem sabida (Chloë Grace Moretz). De repente estamos no meio de um mistério: quem é realmente o dono da loja de brinquedos (Ben Kingsley)? Qual sua relação com o robô? Porque ele odeia tanto o cinema?
O problema é esse "de repente". O filme parece começar de um jeito e do nada termina previsivelmente. São inúmeros personagens descartáveis em um filme 3D que transforma Paris numa belíssima engrenagem de um relógio. A idéia de colocar o órfão como um diretor de cinema usando os relógios como suas lentes do mundo/estação de trem é uma boa sacada de Scorcese (diretor). Colocar atores que participaram da franquia de Harry Potter também (Narcisa Malfoy / Helen McCrory, Tio Dursley / Richard Griffiths e Madame Maxime / Frances de la Tour). Mas, apesar das ótimas relações com os sonhos e com as mágicas ilusionistas, conhecer a história do cinema nesta fábula é mais interessante, porém menos emocionante.
Diz muito sobre o Oscar o fato de ambos os filmes serem os campeões de indicações em 2012, respectivamente em 10 e 11 categorias, em um momento em que os grandes estúdios pensam em como evitar a evasão das salas e o poder da pirataria. Entre eles, não sei quem ganha. Um é "mais arte" enquanto o outro tem Martin Scorcese. Mas confesso que já vi disputas melhores.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Dama de todos os metais
Ninguém decide ir ao cinema ver Dama de Ferro (The iron lady, 2012) para saber mais sobre Margareth Tatcher ou sobre a história recente da Inglaterra. Todos querem ver Meryl Streep. E vale qualquer centavo.
O filme retrata a ex-primeira ministra inglesa (hoje com 86 anos) como uma senhora semi-senil, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada (difícil não se sentir penalizado diante da interpretação de Streep) tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, discutindo com o fantasma de seu marido Denis (Jim Broadbent). O foco do enredo, então, está na humanização dessa polêmica personagem, que governou a Inglaterra entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo e entrando em guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas/Falklands.
Maggie pode ter sido a Dama de Ferro do mundo na década de 1980, mas Meryl Streep é a Dama de Ouro, Platina, Chumbo, Aço... quaquer metal que você pensar, ela é capaz de transformar em nobreza. Ela é foda como Julia Child, como Irmã Aloyisis, como tudo que faz. Ela é PHODA e ponto final. Com PH mesmo.
PS.: Vale o destaque para a maquiagem. Não só a dentadura e o cabelo, mas a personagem em idade avançada está perfeita. O movimento do rosto, das rugas... soberbo.
O filme retrata a ex-primeira ministra inglesa (hoje com 86 anos) como uma senhora semi-senil, solitária e cercada de auxiliares mais empenhados em vigiá-la do que acolhê-la. Despojada de sua glória, esta senhora fragilizada (difícil não se sentir penalizado diante da interpretação de Streep) tem pouco mais a fazer do que recordar o passado, discutindo com o fantasma de seu marido Denis (Jim Broadbent). O foco do enredo, então, está na humanização dessa polêmica personagem, que governou a Inglaterra entre 1979 e 1990, notabilizando-se por uma defesa estrita do monetarismo, da privatização, da flexibilização do mercado de trabalho e cortes de benefícios sociais, eliminando até o salário mínimo e entrando em guerra com a Argentina pelas Ilhas Malvinas/Falklands.
Maggie pode ter sido a Dama de Ferro do mundo na década de 1980, mas Meryl Streep é a Dama de Ouro, Platina, Chumbo, Aço... quaquer metal que você pensar, ela é capaz de transformar em nobreza. Ela é foda como Julia Child, como Irmã Aloyisis, como tudo que faz. Ela é PHODA e ponto final. Com PH mesmo.
PS.: Vale o destaque para a maquiagem. Não só a dentadura e o cabelo, mas a personagem em idade avançada está perfeita. O movimento do rosto, das rugas... soberbo.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Uma lição a cada minuto
Invictus (2009) não é só um filme. É uma aula de vida. A sinopse diz o seguinte:
Agora esqueça toda a informação de que é um filme sobre rugby. O jogo é só pano de fundo para mostrar o imperfeito herói de uma nação. Um herói da humanidade. Capaz de perdoar seus agressores após quase três décadas de prisão. Capaz de ver a alma e não a cor. Acho que qualquer outra coisa que eu escreva aqui sobre Nelson Mandela ficaria cliché. Só sei que me sinto um felizardo por viver na mesma época que Madiba.
Sequências de cenas – como da relação entre as equipes de segurança, da empregada na casa de Pienaar, do time fazendo caridade na parte negra da cidade e do garotinho que inicialmente recusa a camisa do time, mas no fim de arrisca a ouvir a final da Copa do Mundo de Rugby com os policiais – são de uma grandeza ímpar. Tiro o chapéu para a direção de Clint Eastwood. De Morgan Freeman, não esperava menos: ele desaparece no personagem.
"Invictus" significa invencível em latim e é também o título de um poema de William Henley que pode ser traduzido da seguinte forma:
Não sei porque levei três anos para ver esse filme. Mas tenho certeza que verei outras vezes. Recomendo e OBRIGO que seja visto.
Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do Apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rugby, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população. Para tanto chama para uma reunião François Pienaar (Matt Damon), capitão da péssima equipe sul-africana, e o incentiva para que a selação nacional seja campeã.
Legenda em português de Portugal
Agora esqueça toda a informação de que é um filme sobre rugby. O jogo é só pano de fundo para mostrar o imperfeito herói de uma nação. Um herói da humanidade. Capaz de perdoar seus agressores após quase três décadas de prisão. Capaz de ver a alma e não a cor. Acho que qualquer outra coisa que eu escreva aqui sobre Nelson Mandela ficaria cliché. Só sei que me sinto um felizardo por viver na mesma época que Madiba.
Sequências de cenas – como da relação entre as equipes de segurança, da empregada na casa de Pienaar, do time fazendo caridade na parte negra da cidade e do garotinho que inicialmente recusa a camisa do time, mas no fim de arrisca a ouvir a final da Copa do Mundo de Rugby com os policiais – são de uma grandeza ímpar. Tiro o chapéu para a direção de Clint Eastwood. De Morgan Freeman, não esperava menos: ele desaparece no personagem.
"Invictus" significa invencível em latim e é também o título de um poema de William Henley que pode ser traduzido da seguinte forma:
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.
Não sei porque levei três anos para ver esse filme. Mas tenho certeza que verei outras vezes. Recomendo e OBRIGO que seja visto.
Marcadores:
cor,
filme,
humanidade,
preconceito,
solidariedade
sábado, 18 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Entre trópicos
A incrível estante "Fear", de Ivan Capote. |
A curadoria (da cubana Íbis Hernández Abascal e da brasileira Marisa Flórido Cesar) queria estabelecer pontos de contato entre artistas contemporâneos dos dois países (11 de cada) e somos presenteados com expressões de altíssima qualidade. São obras que se relacionam em diversos suportes e nos oferecem olhares distintos e interessantes sobre seus discursos, como o Hino dos Vencedores, de Cadu, e o Mundo Interpretado IV, de Glenda León. Gastem tempo na excelente parede de Lázaro Saavedra.
Tenho pouco a escrever porque acho que todos deveriam ter essa experiência. Fica até 25 de março.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Modigliani e os outros
Fui ver a exposição Modigliani - Imagens de uma vida no Museu Nacional de Belas Artes, que está sendo descrito como um dos mais importantes eventos do calendário oficial do Momento Itália-Brasil em 2012. São 54 pinturas, 5 esculturas não-originais, 55 desenhos, 2 livros e 1 litografia, além de documentos, fotos, diários e manuscritos de Modigliani e de importantes artistas da sua época, num total de 230 peças para o público ter acesso a um rico panorama da vida artística parisiense e italiana do século XX.
E é com isso em mente que você deve ir à exposição. Não vá esperando ver inúmeras obras de Modigliani. Elas estão lá no centro das salas, mas as paredes estão lotadas de outros artistas que contextualizam o pintor. Essa estratégia só se mostra válida na última sala, onde vemos a pintura da jovem Céline Howard (abaixo) feita por ele e por outro pintor. A modelo posou para os dois, mas as visões são completamente diferentes. Veja primeiro a de Modigliani e tente imaginar como seria a modelo. Depois veja a do outro pintor, que é mais anatomista e, portanto, se aproxima um pouco mais da realidade.
É interessante ver a cronologia da vida do artista que liga sua deterioração física ao seu amadurecimento artístico. Toda sala tem um bom panorama explicativo. Mas são poucas as legendas que explicam as tais fotos, diários e manuscritos. Dá vontade de saber mais. Dá vontade de entender melhor o processo que o levou conhecer e trabalhar com esculturas, pois é visível o quanto isso influenciou sua pintura.
Boa, mas me deu a impressão que poderia ter sido melhor. Tinha potencial para isso. Me deu até vontade de me fazer a la Modigliani...
Autorretrato digital a partir do retrato de Raymond Radiguet, pintado por Amedeo Modigliani |
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
As mulheres que não amavam os homens
Já vi o filme faz mais de uma semana. Demorei pra escrever para poder digeri-lo. Antes de mais nada digo o seguinte: não li o livro. Portanto, não me importa se o livro é melhor do que o filme. Também não vi a versão sueca. O que quero dizer é que vou falar exclusivamente das impressões que tive da versão hollywodiana de Millennium - Os homens que não amavam as mulheres (The girl with the dragon tattoo, 2011).
Resumindo (muito) a história que eu vi: Mikael Blomkvist (Daniel Craig) é um jornalista que perde a credibilidade por não ter provas para desmascarar um esquema de corrupção. Ele aceita o trabalho de investigar a morte da jovem herdeira de um império industrial há mais de 40 anos. Para isso ele conta com a ajuda da desajustada Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma hacker fora de série que enfrenta suas próprias dificuldades sociais.
Cara... a melhor coisa que fiz foi ter iso ver esse filme sem qualquer premissa, preconceito ou expectativa. O impacto foi gigante! Eu costumo desenvolver teorias na minha cabeça em filmes com algum tipo de mistério e sempre tenho um suspeito, mas dessa vez não deu. Até cheguei a aventar o que acontece no fim, mas a trama me prendeu. Lisbeth me prendeu.
Pelo que entendi, o diretor David Fincher queria isso mesmo: ver a história através de Lisbeth. Então, ponto pra ele e pra interpretação de Mara (que foi obviamente indicada ao Oscar e outros vários prêmios). Eu não curti muito a edição picotada do filme. Antes das histórias de Mikael e Lisbeth finalmente se encontrarem, vemos pedacinhos curtos de ambos e ficamos ansiosos por mais e mais. Até porque os dramas de Lisbeth são terríveis. Uma porrada! E as reações delas são ainda mais terríveis. São várias porradas! A agressividade de suas respostas parece desenterrar algo de dentro da gente. Por isso, inverti o título neste post.
Apesar do intrigante mistério com vários bons atores (como Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Wright, Joely Richardson etc), o que a gente quer saber mesmo é se Lisbeth vai ter um final feliz no meio da aridez gélida da Suécia. Em uma parte do filme, Lisbeth parece querer se tornar um homem para assumir a responsabilidade e o poder de si mesmo. Mas queremos enxergar a doce menina por trás das esquisitices da sofrida cyber punk e dos frios relacionamentos que vemos por todos os lados.
E aí temos o fim do filme. O choque. Um filme sem final feliz. Aquele que mantém a integridade da excelente personagem. Corações despedaçados na telona e nas poltronas.
Gostei muito do filme. A cena do estupro vai ficar gravada na minha cabeça. A resposta de Lisbeth também.
Resumindo (muito) a história que eu vi: Mikael Blomkvist (Daniel Craig) é um jornalista que perde a credibilidade por não ter provas para desmascarar um esquema de corrupção. Ele aceita o trabalho de investigar a morte da jovem herdeira de um império industrial há mais de 40 anos. Para isso ele conta com a ajuda da desajustada Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma hacker fora de série que enfrenta suas próprias dificuldades sociais.
Cara... a melhor coisa que fiz foi ter iso ver esse filme sem qualquer premissa, preconceito ou expectativa. O impacto foi gigante! Eu costumo desenvolver teorias na minha cabeça em filmes com algum tipo de mistério e sempre tenho um suspeito, mas dessa vez não deu. Até cheguei a aventar o que acontece no fim, mas a trama me prendeu. Lisbeth me prendeu.
Pelo que entendi, o diretor David Fincher queria isso mesmo: ver a história através de Lisbeth. Então, ponto pra ele e pra interpretação de Mara (que foi obviamente indicada ao Oscar e outros vários prêmios). Eu não curti muito a edição picotada do filme. Antes das histórias de Mikael e Lisbeth finalmente se encontrarem, vemos pedacinhos curtos de ambos e ficamos ansiosos por mais e mais. Até porque os dramas de Lisbeth são terríveis. Uma porrada! E as reações delas são ainda mais terríveis. São várias porradas! A agressividade de suas respostas parece desenterrar algo de dentro da gente. Por isso, inverti o título neste post.
Apesar do intrigante mistério com vários bons atores (como Christopher Plummer, Stellan Skarsgard, Robin Wright, Joely Richardson etc), o que a gente quer saber mesmo é se Lisbeth vai ter um final feliz no meio da aridez gélida da Suécia. Em uma parte do filme, Lisbeth parece querer se tornar um homem para assumir a responsabilidade e o poder de si mesmo. Mas queremos enxergar a doce menina por trás das esquisitices da sofrida cyber punk e dos frios relacionamentos que vemos por todos os lados.
E aí temos o fim do filme. O choque. Um filme sem final feliz. Aquele que mantém a integridade da excelente personagem. Corações despedaçados na telona e nas poltronas.
Gostei muito do filme. A cena do estupro vai ficar gravada na minha cabeça. A resposta de Lisbeth também.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
O que é um churrasco afinal?
Na minha pelada, churrasco é chamado de "coice de porco" (nome dado pelo Chicão graças a quantidade diminuta de carnes). Mas como funciona um churrasco afinal...
Escrito por uma mulher
O churrasco é a única coisa que um homem sabe cozinhar, e quando um homem se propõe a realizá-lo, ocorre a seguinte cadeia de acontecimentos:
- A mulher vai ao supermercado comprar o que é necessário.
- A mulher prepara a salada, arroz, farofa, vinagrete e a sobremesa.
- A mulher tempera a carne e a coloca numa bandeja com os talheres necessários, enquanto o homem está deitado próximo à churrasqueira, bebendo uma cerveja.
- O homem coloca a carne no fogo.
- A mulher vai para dentro de casa para preparar a mesa e verificar o cozimento dos legumes.
- A mulher diz ao marido que a carne está queimando.
- O homem tira a carne do fogo.
- A mulher arranja os pratos e os põe na mesa.
- Após a refeição, a mulher traz a sobremesa e lava a louça.
- O homem pergunta à mulher se ela apreciou não ter que cozinhar e, diante do ar aborrecido da mulher, conclui que elas nunca estão satisfeitas...
Direito de resposta masculino
- Nenhum churrasqueiro, em sã consciência, iria pedir à mulher para fazer as compras para um churrasco, pois ela iria trazer cerveja Kaiser, um monte de bifes, asas de frango e uma peça de picanha de 4,8 Kg que o açougueiro disse ser "ótima", pois não conseguiu empurrar para nenhum homem.
- Salada, arroz, farofa, vinagrete e a sobremesa, ela prepara só para as mulheres comerem. Homem só come carne e toma cerveja.
- Bandeja com talheres? Só se for para elas. Homem que é homem come churrasco como tira-gosto e belisca com a mão, oras!
- Colocar a carne no fogo??? Tá louca??? A carne tem que ir para grelha ou para um espeto que, a propósito, tem que ser virado a toda hora.
- Legumes??? Como eu já disse, só as mulheres comem isso num churrasco.
- Carne queimando??? O homem só deixa a carne queimar quando a mulherada reclama: "não gosto de carne sangrando"; "isto está muito cru"; "tá viva?". Após a décima vez que você oferece o mesmo pedaço que estava ao ponto uma hora antes, elas acabam comendo a carne tão macia quanto o espeto e tão suculenta quanto um pedaço de carvão.
- Pratos? Só se for para elas mesmas!
- Sobremesa? Só se for mais uma Skol.
- Lavar louça? Só usei meus dedos!!! (e limpei na bermuda).
Realmente, as mulheres nunca vão entender o que é um churrasco...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Portfolio de terror
The Horror Portfolio (by hatinhand) é um vídeo que compacta décadas de horror em apenas cinco minutos. A montagem é dividida em três partes contendo 64 filmes: “Casas Assombradas e Histórias de Fantasmas”, “Anjos e Demônios” e “Psicopatas e Assassinos”. Trilha sonora caprichada e altamente sincronizada com as imagens exibidas.
Os filmes são:
Gostcho muito!!!
Os filmes são:
Casas Mal-Assombradas e Histórias de Fantasmas
11-11-11 — 1408 — Horror em Amityville — O Despertar — Amanhecer dos Mortos — Não Tenha Medo do Escuro — O Olho do Mal — Fragile — A Casa Maldita — Evocando Espíritos — Sobrenatural — Espelhos do Medo — O Orfanato — Atividade Paranormal 2 — Poltergeist — O Iluminado — Ilha do Medo — Silent Hill — Triângulo do Medo — O Mistério das Duas Irmãs — Aterrorizada — Vozes do Além — A Mulher de Preto
Anjos e Demônios
Constantine — Demônio — Arraste-me para o Inferno — Fim dos Tempos — O Exorcismo de Emily Rose — O Exorcista — Legião — Estrada Perdida — O Último Portal — A Profecia — Anjos Rebeldes — O Rito — A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça — Stigmata — Suspiria
Psicopatas e Assassinos
30 Dias de Noite — A Hora do Pesadelo (2010) — A Epidemia — Gritos Mortais — Inverno de Sangue em Veneza — Sexta-Feira 13 (1980) — Sexta-Feira 13 (2009) — Halloween (1978) — Halloween (2007) — Hannibal: A Origem do Mal — A Morte pede Carona — Pontypool — Psicose (1960) — Dragão Vermelho — Vôo Noturno — The Reeds — The Ring — Jogos Mortais — Pânico 4 — Se7en — Ilha do Medo — Silêncio dos Inocentes — Os Estranhos — O Massacre da Serra Elétrica (2003) — Quando Um Estranho Chama (2006) — Zodíaco
Gostcho muito!!!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Barbie também é arte
E quem disse que a Barbie não poderia virar objeto de arte? Não estou falando de vestidos de moda, não... estou falando disso:
A francesa Jocelyne Grivaud fez essa peças em 2009 em virtude dos 50 anos da famosa boneca da Mattel. Show!
Moça com brinco de pérola, de Johannes Vermeer |
Busto de Nefertiti |
Marilyn Monroe, por Andy Warhol |
Vênus de Milo |
Revista Vogue (1950) com foto de Erwin Blumenfeld |
Monalisa, de Leonardo da Vinci |
Retrato de Dora Maar, de Picasso |
Fotografia de Man Ray |
Olympia, de Edouard Manet |
Capa do disco de Bob Dylan, por Milton Glaser |
Retrato da jornalista Sylvia von Harden, de Otto Dix |
Eterna evidência, de René Magritte |
Fotografia de Guy Bourdin |
Fotografia de Henriette Allais por Helmut Newton |
A Estátua da Liberdade |
Imagem para o filme Yellow Submarine do The Beatles |
Cena do filme O Desprezo, de Jean-Luc Godard |
Neytiri de Avatar |
A francesa Jocelyne Grivaud fez essa peças em 2009 em virtude dos 50 anos da famosa boneca da Mattel. Show!
sábado, 4 de fevereiro de 2012
As agruras de um peladeiro
Transcrevo a coluna de Beto Silva (um dos Casseta) para a Revista de Domingo do jornal O Globo de domingo, dia 27 de março de 2011:
Eu adoro jogar pelada. Gosto tanto que não resisti e ambientei numa pelada o início do livro que estou lançando, "Cinco contra um". O livro não é especificamente sobre peladas nem sobre futebol, mas o personagem principal desse romance adora bater uma peladinha, assim como eu.Então, galera, usem esse texto para peitar suas esposas, namoradas, agregadas e afins!
Muita gente não entende, mas, para nós, peladeiros, o futebolzinho semanal é um momento quase sagrado de nossas vidas. Nós esperamos ansiosos por aquelas duas ou três horinhas em que vamos chutar uma bola e ingar os amigos numa quadra de futebol. Muito peladeiro é capaz de desmarcar reuniões importantes, adiar compromissos marcados há semanas, dar desculpas esfarrapadas para não ir ao jantar de família e alguns chegam até a desmarcar o cinema com a namorada, com todas as consequências que isso pode acarretar, só para não perder a pelada com os amigos.
A pelada é tão importante na vida de alguns caras que muda até alguns de seus hábitos. Normalmente, o homem quando vai fazer compras não se comporta como as mulheres que meem em tudo na loja, viram e reviram as roupas epostas. O homem não é assim, ele fica grilado de tirar as roupas das pilhas porque acha que depois vai ser obrigado a dobrá-las de novo. E homem não sabe dobrar roupa. Ele fica com medo de bagunçar a loja e tomar uma bronca da vendedora. Mas quando o cara vai comprar material esportivo para jogar a sua pelada sagrada ele se transforma, parece uma moça, não se preocupa com nada, calça todas as chuteiras, tira tudo do lugar, não descansa até conseguir se decidir pelo uniforme ideal. Tudo bem, depois de se transformar numa perua deslumbrada ao comprar o uniforme da pelada, ele volta ao normal e tão cedo não vai entrar numa loja por vontade própria. O peladeiro se apega à sua chuteira, não a troca por nada, não deia nem que seja lavada, para quê? Afinal, ela vai sujar de novo na próxima pelada! Ele só vai comprar outra chuteira cinco anos depois, quando o barco que se abriu na sola atrapalhar a perfeição do chute de trivela.
Aliás a pelada é tão importante para alguns homens que é o único lugar em que ele repara na roupa de outro:
— Que camisa maneira!
— É a camisa retrô do segundo título brasileiro do Flu. Lembra? Aquele do gol do Romerito... E a sua?
— Uniforme que o Inter de Milão ganhou o mundial! Oficial! Custou uma fortuna!
E muitos homens casados acabam discutindo com as suas mulheres por causa da pelada. Os peladeiros tem quase certeza de que, quando chegam em casa felizes e imundos da pelada, suas mulheres entram em estado de alerta. E então um pequeno detalhe pode desncadear uma feroz discussão. Esse detalhe é a quantidade de gemidos do homem. Porque homem que chega da pelada, principalmente a partir de uma certa idade, sente várias dores musculares e geme por dois dias seguidos E quando as mulheres escutam os gemidos do peladeiro, uma transformação acontece, e elas resolvem que aquele é o momento para discutir a relação. Como o homem nessa hora não quer conversa, está naquele estado de burrice pós-pelada, em que só consegue falar do golaço que fez, do drible maravilhoso que deu ou no máimo do passe de letra que quase conseguiu executar, então a discussão é inevitável.
Mas, se você é um peladeiro inveterado, haja o que houver, nunca faça como um amigo meu, que no auge da discussão, quando a mulher lhe perguntou "afinal, a pelada é mais importante que a sua mulher?", ele respondeu: "Depende das condições do campo e da qualidade dos jogadores." Fim do casamento.
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
No giro do bambolê
Fique tonto:
Então... a lorinha inglesa resolveu usar uma câmera especial para filmagens em movimento em seu bambolê e fez essa doideira. Enjoou?
Então... a lorinha inglesa resolveu usar uma câmera especial para filmagens em movimento em seu bambolê e fez essa doideira. Enjoou?
Assinar:
Postagens (Atom)