sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Como criar um mundo fantástico real

Eu gosto de comprar DVDs duplos dos filmes porque eu realmente vejo os extras. E essa semana eu tive uma surpresa bem agradável ao assistir os extras do filme Hellboy II: O Exército Dourado (Hellboy II: The Golden Army, 2008). E aconselho a designers verem todo o trabalho de produção. Desde o início, Guillermo del Toro (diretor) e Mike Mignola (criador do personagem) definem toda a identidade do filme. Toda. Não escapa nenhum detalhe e isso vai sendo visto ao longo do documentário. Roupas, cenário, criaturas... tudo vai do sketchbook do diretor para a equipe de produção.

Aliás, criaturas são um capítulo a parte. Para del Toro, o segundo filme de Hellboy veio após outro filmão, O Labirinto do Fauno (El Labirinto del Fauno, 2006) e isso significava avançar na questão criaturas... que vão além do bizarro, mas são absolutamente incríveis! O Anjo da Morte, os elfos, o Mercado dos Trolls... ver o trabalho de criação de seres fantásticos desde o desenho até a conclusão é muito legal. Detalhe importante: grande parte das criaturas são atores com roupas, maquiagens e um pouco de robótica! Seres de computação gráfica - como o próprio del Toro diz - são para criaturas de proporções muito distintas das humanas, como animais quadrúpedes, gigantes ou seres pequeninos, por exemplo.

E aqui, vale um destaque para Doug Jones. Seu trabalho gestual e corporal - meio mímico - é tão forte que seus personagens ganham realidade. Ele é Abe Sapien, o Chamberlain e o Anjo da Morte. Ele também já foi o Fauno, o Homem Pálido e o Surfista Prateado entre outros inúmeros personagens.Me lembrei que, quando vi o primeiro filme da nova trilogia de Guerra Nas Estrelas - A Ameaça Fantasma (Star Wars: The Phantom Menace, 1999) -, não me senti confortável ao ver personagens e cenas inteiras feitas em computador. Só ficava me lembrando da primeira trilogia feita com maquetes e maquiagens que tinha uma força muito maior. E del Toro expressa algo semelhante. Para ele, ter um ator presente nas cenas vestido e agindo como o personagem/criatura dá mais realidade do que atores trabalhando com fundo verde. E eu assino embaixo.

Ele e Tim Burton (que venha o novo filme de Alice no País das Maravilhas!) são demais. Os mundos que eles criam possuem uma assinatura visual incrível, expressa em todos os cantos. Sejam bons ou não, os filmes desses dois visionários valem a pena ser vistos, revistos e analisados. E meu lado criança agradece a ambos.

Um comentário:

Graça disse...

Se não estou enganada, o programa What' On, da Universal, já apresentou e reapresentou um especial sobre as caracterizaçôes do Doug Jones (acho que é ele pois reconheci algumas imagens da postagem)inclusive com entrevistas. O interessante é que a matéria é sobre atores, que fazem tudo para aparecer, enquanto ele se esconde atrás de verdadeiras obras de arte em figurino e maquiagem e está ficando cada vez mais famoso.
Ele conta que adora esse tipo de papel e procura aperfeiçoá-los, apesar do enorme trabalho e do tempo gasto de preparação